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Peter Dinklage prefere trabalhar em escritório a fazer papéis estereotipados

"Meu Jantar com Hervé": Peter Dinklage mostra vida caótica de ator de "Ilha da Fantasia" - Divulgação/HBO
"Meu Jantar com Hervé": Peter Dinklage mostra vida caótica de ator de "Ilha da Fantasia"
Imagem: Divulgação/HBO

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

24/11/2018 16h47

Peter Dinklage, o Tyrion de “Game of Thrones”, não tem certeza é a estrela de um novo filme da HBO: “Meu Jantar com Hervé”, que estreia neste sábado (24), às 22h. O longa acompanha os últimos dias do ator Hervé Villechaize, que se suicidou em 1993, aos 50 anos.

Dinklage se identificou com as experiências do ator de “Ilha da Fantasia” e “007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro” – e não acredita que Hollywood tenha mudado muito nos últimos anos.

“Não sei se é tão diferente agora”, diz o ator em uma entrevista divulgada com exclusividade pela HBO ao UOL. “Acho que é diferente quando você pega um roteirista que está disposto a escrever uma história mais complexa para alguém do meu tamanho. Mas sabe, se você liga a TV no Natal, é diferente?”

“Mas eu entendo, não estou julgando. As pessoas têm que trabalhar. As pessoas têm que pagar as contas. Mas isso é uma coisa que nunca me interessou. Eu prefiro um emprego de merda em um escritório em vez disso. Eu acho que nunca conseguiria nada fazendo isso, além de vergonha. E isso é uma coisa que eu não quero sentir”.

Hervé, nota o ator, tinha uma opinião diferente sobre o assunto. “Acho que ele tinha uma filosofia mais aberta, porque para ele estava tudo bem em interpretar Nick Nack [de ‘007’] e todos esses papéis que eram feitos para o tamanho dele. Tyrion foi escrito para alguém com o meu tamanho, mas ele quebrou as barreiras disso e se tornou uma pessoa muito mais complexa, como eu sou, como qualquer pessoa real”.

Enquanto filmava “Meu Jantar Com Hervé”, porém, Dinklage se questionou se realmente o retratado estava feliz com os papéis que tinha à disposição para desempenhar. “Eu tive um momento no set, em que o cara fazendo Roger Moore estava me enfiando em uma mala, que é uma cena de ‘Pistola Dourada’... E eu pensei, dentro daquela grande mala, se Hervé estava bem com isso. Porque até fazendo aquela cena senti um pouco de humilhação. Ele realmente estava bem com isso? Eu não tenho tanta certeza”.

Para o artista, Hervé tinha um grande senso de humor, mas também emoções mais sombrias. “Tem um pouco de raiva lá e, obviamente, pela forma como Hervé acabou com sua vida, há muita dor. Não posso deixar de pensar que muito disso [dos preconceitos] contribuiu para um certo nível de angústia espiritual”.

Fama e Hollywood

Sobre a trajetória de Hervé Villechaize ao fim de sua vida, Peter Dinklage acredita que ele sucumbiu por conta da fama. “Ele era um cavalheiro muito inteligente, muito guiado pela arte. Ele era um pintor incrível, e sei que ele continuou a fazer isso, mas a fama levou a melhor sobre ele”.

Segundo o ator, a vida em Hollywood pode ser brutal se você não toma o controle de sua vida. “Se você tem segurança e faz suas próprias escolhas, não é tão brutal. Conheço muitos atores que fazem isso desde jovens e são as pessoas mais lindas e pé-no-chão que eu conheço. Mas acho que com muitos atores, quando eles são jovens, eles não têm controle. E isso é perigoso, é quando muitos desses jovens saem do caminho”.

Em Los Angeles, isso pode ser ainda mais difícil – e o ator fez a escolha de viver em Nova York, do outro lado dos Estados Unidos. “[Em Nova York] você não é importante. É por isso que me mudei para cá anos atrás, para ser anônimo e não-importante”.