Red Dead Redemption 2: Atores comparam trabalho em jogo com peça de teatro
Foram mais de 500 mil frases e mais de mil atores usados para transformar o mundo aberto de "Red Dead Redemption 2" mais parecido com uma temporada de "Westworld" do que um jogo de videogame. E o trabalho foi tão árduo fora do estúdio quanto dentro dele. O jogo da Rockstar demorou cinco anos para ser concluído e praticamente nada foi vazado antes de seu lançamento. Neste meio tempo, atores como Roger Clark (Arthur Morgan), Benjamin Byron Davis (Dutch van der Linde) e Rob Wiethoof (John Marston) tiveram quer ser tão ligeiros quanto seus personagens para manter suas falas e roteiro em segredo.
"Meu primeiro dia no projeto foi em agosto de 2013", contou Roger Clark ao site Hollywood Reporter. Mais do que um trabalho tecnológico, o processo usado em "Red Dead Redemption 2" exigiu muito da atuação do elenco. "Eu acho que fizemos tudo juntos na maior parte das cenas. Eu acho que uma peça de teatro é o mais próximo do que vivi com esse trabalho que fizemos", afirmou Byron Davis.
A única diferença de uma peça, explica Alex McKenna, que vive Sadie Adler, é o figurino. "É um híbrido interessante. Estamos todos em um palco juntos, mas vestidos com as roupas de captura de movimentos que nos faz parecer como super-heróis mergulhadores com câmeras nas nossas caras", brincou. "Eles capturam todos os ângulos, mas a cena que acontece é algo real como se fosse uma peça ou filme. Uma performance verdadeira onde todos podem interagir".
Atuando com imaginação
A captura do movimento dos personagens em um jogo é muito parecida com uma animação ou um filme de Hollywood com muita computação gráfica. O personagen está em um ambiente totalmente diferente de onde a cena deveria se passar. Cabe ali aos roteiristas, animadores e produtores a traduzir para os atores o que se passa ali, em vez de um fundo verde ou azul.
"O trabalho deles é inestimável para os atores. Eles nos explicavam exatamente como seria o nosso ambiente, dia ou noite, tanto faz. Eles podiam nos mostrar algumas prévias, então conseguíamos visualizar onde estávamos", continuou o responsável por viver o protagonista Arthur Morgan.
Todo esse processo de captura de movimentos foi dirigido por Rod Edge, que também explicou as diferenças e similaridades do game com filmes e o teatro.
"Quando você vê uma série de TV ou filme, você imagina o ator chegando no set, fazendo maquiagem, colocando sua fantasia de caubói, sujando seu rosto com lama, sendo apresentado a seu cavalo. Tudo para se sentir no Velho Oeste. Nós não temos nada disso. Estamos literalmente em um estúdio todo branco com atores vestidos de uma maneira não muito confortável. Todos os atores precisam ser muito criativos. Eles precisam construir seu próprio mundo. Acho que eles conseguiram conquistar um feito incrível".
O fato de ser um trabalho tão longo, desenvolvido desde 2013, fez com que o relacionamento do grupo principal de atores crescesse, ajudando todos nesse processo. "Foram vários dias, acho que no terceiro ou quarto ano, que o elenco já se conhecia tão bem que nós brincávamos como se fossemos uma família", afirmou Rob Wietfhoff.
O retorno ao Velho Oeste
No caso de Benjamin Byron Davis e Rob Wiethoof, "Red Dead Redemption 2" resgatou personagens vividos por eles no primeiro jogo nesta prequela. O desafio para eles foi diferente, já que deveriam contar uma história já vivida de personalidades que já conheciam.
"Eu quero deixar claro que não 'trouxe' nada do primeiro jogo. Ele foi ótimo e eu fico feliz de participar dele de novo, agora como um John mais jovem", disse, Rob.
"Eu sou um cara mais velho do que quando fiz o primeiro. Eu disse par a Rob no primeiro dia: 'Tudo de novo'. Lembrei com ele que o outro jogo foi muito bom e estava com medo de errar agora. Senti uma responsabilidade de ir bem", completou Davis.
Criando Arthur Morgan
Sendo uma prequela, "Red Dead Redemption 2" tinha com tarefa não só contar uma outra história, mas também apresentar um outro protagonista. A missão de Roger Clark, que já era fã do jogo, para interpretar Arthur Morgan, veio de vários lugares. "Minha inspiração veio de Toshiro Mifune ("Os Sete Samurais"), John Wayne, e não tanto de Clint Eastwood porque sabia que Arthur teria ser um pouco mais falante que o personagem dele".
Parte de um projeto tão ambicioso, Clark disse que se viu "lapidando uma rocha enorme" quando começou a produção do jogo. "Se você olhar a história, é como se fosse uma série de TV com cinco ou seis temporadas. O que fez eu me interessar foi a complexidade do espírito humano e como nossos personagens poderiam se contradizer do início ao fim da história. Ele pode até não fazer certa coisa no primeiro capítulo, mas encontra uma maneira de realizá-la no quinto e manter sua integridade".
Para tentar resumir a complexidade de um projeto como "Red Dead Redemption 2", que extrapola o mundo dos games e se torna uma obra tão exigente para os atores, Benjamin Byron Davis define: "É como atuar dentro de um quadro que ainda está sendo pintado".
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