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Parte 2 de filme sobre Lava Jato pode receber até R$ 13,7 mi em leis de incentivo

Atores posam para a divulgação de "Polícia Federal - A Lei É para Todos" - Ique Esteves/Divulgação
Atores posam para a divulgação de "Polícia Federal - A Lei É para Todos" Imagem: Ique Esteves/Divulgação

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

14/11/2018 04h00

A continuação do filme "Polícia Federal - A Lei é Para Todos", que conta a história da operação Lava Jato, foi autorizada a captar R$ 13,7 milhões por meio da Lei do Audiovisual. Os detalhes do projeto foram publicados no site da Ancine (Agência Nacional do Cinema).

A inscrição deste novo longa-metragem nas leis de incentivo do governo, no entanto, vai na contramão do ocorrido no primeiro filme, quando os produtores abriram mão do financiamento público após receberem várias críticas. Na época, o diretor do filme, Marcelo Antunez, disse ser favorável às leis de incentivo, mas queria evitar conflito de interesses. "Usar dinheiro público para falar mal do uso de dinheiro público nos deixaria presos e alvo de críticas", disse ele na ocasião.

Ao UOL, o produtor do longa Tomislav Blazic adiantou que, desta vez, não vai desistir de financiar o filme usando a Lei do Audiovisual. "E digo mais: já captamos boa parte deste valor [dos R$ 13,7 milhões], porém não posso divulgar os nomes das empresas ainda. Falta assinar os contratos", afirmou. Vale lembrar que, por ser dinheiro público, os nomes dos patrocinadores obrigatoriamente terão que ser revelados antes do lançamento.

Para Blazic, as pessoas que criticavam o uso do dinheiro público no filme achavam que ele iria fazer um filme com viés partidário contra a esquerda. "Depois de lançado, o público percebeu que falávamos da corrupção. Mas além do PT tem também o PMDB, o PSDB", explicou. "Agora, ninguém poderá questionar as nossas questões partidárias. Na verdade, quem berra sobre as leis de incentivo são os acusados".

Para o produtor, a Lei do Audiovisual é importante para a área. "Sem ela, não se faz filmes. No primeiro filme, quando tomamos a decisão de não usar a lei, fiquei com medo de não conseguir bancar. O filme foi muito criticado. A gente sabia que iria sofrer ataques, mas hoje sabemos que estamos no caminho certo", contou. O longa foi um dos títulos brasileiros mais vistos em 2017, com 1,3 milhões de espectadores, segundo dados da empresa Filme B.

Cenas reais da prisão de Lula

A história de "Polícia Federal - A Lei é Para Todos 2" mostrará os eventos ocorridos logo depois do final do primeiro filme. Dentre os fatos encenados estarão o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, a prisão do ex-presidente Lula, além de acompanhar as investigações e prisões do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. A morte do Ministro do Supremo Teori Zavascki e a gravação da conversa entre Joesley Batista e Michel Temer também serão mostradas, além das acusações contra o senador Aécio Neves.

"Quando o Lula foi preso, nós estávamos na porta da Polícia Federal, em Curitiba, e gravamos, do lado de fora, a chegada do ex-presidente. Possivelmente usaremos essas cenas no final do filme", adiantou Tomislav Blazic.

De acordo com o produtor, a preparação de elenco e pré-produção deverá começar em janeiro de 2019. As filmagens deverão começar em março e o lançamento poderá ocorrer ainda no segundo semestre do ano que vem. O diretor e o roteirista deverão ser os mesmos, Marcelo Antunes e Gustavo Lipsztein. Dos atores já confirmados estão Bruce Gomlevsky e Rainer Cadete. "Sobre o restante do elenco, ainda precisamos conciliar as agendas".