O último ano de Stan Lee: Caos, processos e alegações de abuso
A notícia da morte de Stan Lee nesta segunda-feira (12), aos 95 anos, veio no final de um ano conturbado para o cocriador da Marvel. Os problemas para o quadrinista começaram com a morte de sua mulher, Joan, em julho de 2017.
Desde então, como relata o "The Hollywood Reporter", Lee se viu em meio a um frenesi alimentado pelos tabloides. Membros do seu círculo íntimo começaram a se acusar mutuamente de roubo, fraude e assédio, enquanto disputavam quem cuidaria do frágil quadrinista em sua idade avançada.
O primeiro a assumir controle foi Jerry Olivarez, um ex-florista que se tornou empresário da filha de Lee, J.C., e assumiu a posição de "conselheiro" da família após a morte de Joan. O novo "cargo", que lhe deu o controle dos problemas médicos e legais de Lee, fez com que ele se tornasse alvo de outras duas figuras influentes que eram próximas ao quadrinista: Max Anderson, seu empresário de longa data; e o vendedor de relíquias Keya Morgan.
No fim de 2017, Olivarez foi afastado do convívio de Lee, acusado de tomar para si grandes quantias de dinheiro -- além de, bizarramente, extrair sangue do quadrinista a fim de vende-lo para uma tinta especial com o seu DNA. Olivarez nega todas as acusações até hoje: "Keya e Max me queriam fora de lá, porque quando eu estou presente eles não podem fazer o que bem entenderem com Stan".
Anderson foi o próximo a assumir a liderança do patrimônio de Lee, mas ele mesmo foi alvo de acusações da mídia, pertinentes a sua condenação passada por violência doméstica. Também foi alegado que Anderson estava presente quando Lee supostamente assediou uma massagista em Chicago.
Para Anderson, Morgan era o responsável pelo "vazamento" destas histórias para imprensa. De fato, o vendedor de relíquias foi o próximo a assumir o comando dos cuidados a Lee. Morgan mudou o telefone do quadrinista, monitorou o seu e-mail, substituiu os funcionários da casa, e diminuiu as visitas de amigos e colegas de Lee à mansão onde ele morava.
Na liderança, Morgan também levou Lee até a Silicon Valley Comic-Con, em abril, apesar do quadrinista estar lutando contra uma pneumonia. O estado de saúde frágil dele chamou a atenção dos fãs, mas Morgan alegou que Lee é quem havia insistido em fazer a viagem: "Ele se divertiu muito".
O vendedor de relíquias também processou a POW! Entertainment, parceira de longa data do quadrinista, por usar a imagem de Lee sem permissão. O processo, que pedia mais de US$ 1 bilhão em compensação financeira, foi suspenso quando Morgan foi preso, em junho, por fazer várias chamadas de emergência falsas da mansão de Lee. Meses mais tarde, os advogados de Lee conseguiram uma ordem de restrição contra ele.
Embora declarações diretas da lenda dos quadrinhos sobre toda essa situação sejam praticamente inexistentes, Lee falou mais abertamente sobre sua relação difícil com a filha, J.C., de 67 anos. Ela foi acusada de abusar fisicamente de ambos os pais, e Lee chegou a dizer que J.C. "gritava com ele caso ele não lhe desse dinheiro".
O documento de uma ação contra J.C., mais tarde retirada pelos advogados de Lee, descrevia como três homens "mal-intencionados" (Olivarez, Morgan e o advogado Kirk Schenck) se aproximaram de J.C. a fim de ter acesso ao patrimônio de seu pai.
No fim das contas, foi a filha quem ficou no comando do patrimônio de Lee. Em outubro, ela arranjou uma entrevista com o site The Daily Beast, em que o quadrinista disse que sua vida não era tão caótica quanto os tabloides sugeriam.
"Não temos tanto drama. No que me diz respeito, eu tenho uma ótima vida. Sou muito sortudo", comentou Lee.
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