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Não gostou de "Segundo Sol"? Veja "As Telefonistas", um tradicional novelão

Nadia de Santiago, Ana Fernández, Maggie Civantos, Blanca Suárez são telefonistas em "Las Chicas Del Cable", série espanhola da Netflix - Manuel Fernandez-Valdes/Netflix
Nadia de Santiago, Ana Fernández, Maggie Civantos, Blanca Suárez são telefonistas em "Las Chicas Del Cable", série espanhola da Netflix
Imagem: Manuel Fernandez-Valdes/Netflix

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

10/11/2018 04h00

"Segundo Sol" acabou na última sexta-feira (9) sem deixar saudades. A novela de João Emanuel Carneiro trouxe protagonistas insossos, reviravoltas que não faziam sentido e finais decepcionantes – um suplício para os fãs do bom e velho novelão tradicional. Mas se você quer desintoxicar da trama das 21h com um folhetim dos bons, é fácil: vá conferir “As Telefonistas”, a primeira série espanhola da Netflix.

Intitulada originalmente “Las Chicas del Cable”, a produção se passa na Espanha dos anos 1920 e acompanha quatro jovens mulheres que começam a trabalhar como telefonistas na primeira central telefônica do país, em Madri. A história é recheada dos mais conhecidos clichês folhetinescos – triângulo amoroso, troca de identidade, desaparecimento de bebês... Mas eles vêm embalados em uma trama ágil e bem produzida, o que a torna irresistível até para quem não é muito chegado em novelas. 

Listamos abaixo os motivos para você dar uma chance à série e se divertir sem culpa:

As protagonistas são cativantes

“As Telefonistas” tem quatro protagonistas: Lidia (Blanca Suarez), uma jovem com um passado misterioso; Ángeles (Maggie Civante), que tem um marido abusivo; Carlota (Ana Fernández), filha de uma família tradicional que tem ideias muito avançadas para a época; e Marga (Nadia de Santiago), uma moça ingênua que sai do interior e se vê pela primeira vez na cidade grande. Com personalidades bem diferentes entre si e dilemas próprios, as mocinhas são complexas e vão evoluindo conforme a trama avança, o que faz com que elas consigam cativar até quando têm seus deslizes. Ajuda muito que todas sejam bem defendidas por suas atrizes.

O lado dos coadjuvantes também está bem representado com os mocinhos Francisco (Yon González) e Carlos (Martiño Rivas) e a interessante Sara (Ana Polvorosa). 

O drama vicia

Não vamos revelar demais aqui, mas basta dizer que a série mostra a que veio desde o seu início. Conflitos familiares, segredos do passado, problemas no escritório, crimes... A trama é a todo tempo bem movimentada e te deixa ansioso para saber o que vai acontecer no próximo episódio. Mas fique tranquilo, o clima não é pesado: há muito romance e alívio cômico para equilibrar as coisas.

É de época, mas atual

Na Madri dos anos 1920 (e no resto do mundo), as mulheres tinham pouca voz – e o casamento era, para muitas, a única opção de vida possível. Mas o momento também era de libertação: foi nessa época que vários países começaram a ter movimentos pelo voto feminino. É nesse cenário em que as quatro protagonistas se veem lutando por vidas mais livres e lidando com temas ainda atuais, como igualdade no trabalho, liberdade sexual e violência doméstica. “As Telefonistas” faz um ótimo trabalho ao mostrar como essas e outras questões afetavam a vida das mulheres da época e seguem relevantes. Pontos para a produção, também, por mostrar a força da amizade feminina, sem cair no clichê da rivalidade.

Cena da série "As Telefonistas" ("As Chicas del Cable"), da Netflix - Manuel Fernandez-Valdes/Netflix - Manuel Fernandez-Valdes/Netflix
Os figurinos roubam a cena na serie
Imagem: Manuel Fernandez-Valdes/Netflix

Os cenários e os figurinos são lindos

“As Telefonistas” também é linda de se assistir. A série traz um belo retrato da Madri dos anos 1920, recriando ambientes como a Companhia Telefónica e os bares da época. Os figurinos são um show à parte, e parte das vestimentas é original da época. “Alguns vieram de museus, principalmente os de festa. Tinha que tomar cuidado para não estragar”, contou a atriz Ana Polvorosa ao UOL antes da estreia da série, em 2017.

É bem mais curta do que uma novela

Uma novela das 21h da Globo costuma ter quase 200 capítulos, exibidos de segunda a sábado. Com tantas séries e filmes para ver, é uma missão impossível acompanhar um folhetim de ponta a ponta. Mas esse não é um problema de “As Telefonistas”. A série tem três temporadas de oito episódios cada, na medida certa para ser maratonada – e é difícil parar depois que você começa. O melhor? A curta duração evita o maior problema das novelas, a famosa “barriga” – quando pouca coisa acontece e a trama fica arrastada. A produção deve retornar para uma quarta temporada, ainda sem data.