Não gostou de "Segundo Sol"? Veja "As Telefonistas", um tradicional novelão
"Segundo Sol" acabou na última sexta-feira (9) sem deixar saudades. A novela de João Emanuel Carneiro trouxe protagonistas insossos, reviravoltas que não faziam sentido e finais decepcionantes – um suplício para os fãs do bom e velho novelão tradicional. Mas se você quer desintoxicar da trama das 21h com um folhetim dos bons, é fácil: vá conferir “As Telefonistas”, a primeira série espanhola da Netflix.
Intitulada originalmente “Las Chicas del Cable”, a produção se passa na Espanha dos anos 1920 e acompanha quatro jovens mulheres que começam a trabalhar como telefonistas na primeira central telefônica do país, em Madri. A história é recheada dos mais conhecidos clichês folhetinescos – triângulo amoroso, troca de identidade, desaparecimento de bebês... Mas eles vêm embalados em uma trama ágil e bem produzida, o que a torna irresistível até para quem não é muito chegado em novelas.
Listamos abaixo os motivos para você dar uma chance à série e se divertir sem culpa:
As protagonistas são cativantes
“As Telefonistas” tem quatro protagonistas: Lidia (Blanca Suarez), uma jovem com um passado misterioso; Ángeles (Maggie Civante), que tem um marido abusivo; Carlota (Ana Fernández), filha de uma família tradicional que tem ideias muito avançadas para a época; e Marga (Nadia de Santiago), uma moça ingênua que sai do interior e se vê pela primeira vez na cidade grande. Com personalidades bem diferentes entre si e dilemas próprios, as mocinhas são complexas e vão evoluindo conforme a trama avança, o que faz com que elas consigam cativar até quando têm seus deslizes. Ajuda muito que todas sejam bem defendidas por suas atrizes.
O lado dos coadjuvantes também está bem representado com os mocinhos Francisco (Yon González) e Carlos (Martiño Rivas) e a interessante Sara (Ana Polvorosa).
O drama vicia
Não vamos revelar demais aqui, mas basta dizer que a série mostra a que veio desde o seu início. Conflitos familiares, segredos do passado, problemas no escritório, crimes... A trama é a todo tempo bem movimentada e te deixa ansioso para saber o que vai acontecer no próximo episódio. Mas fique tranquilo, o clima não é pesado: há muito romance e alívio cômico para equilibrar as coisas.
É de época, mas atual
Na Madri dos anos 1920 (e no resto do mundo), as mulheres tinham pouca voz – e o casamento era, para muitas, a única opção de vida possível. Mas o momento também era de libertação: foi nessa época que vários países começaram a ter movimentos pelo voto feminino. É nesse cenário em que as quatro protagonistas se veem lutando por vidas mais livres e lidando com temas ainda atuais, como igualdade no trabalho, liberdade sexual e violência doméstica. “As Telefonistas” faz um ótimo trabalho ao mostrar como essas e outras questões afetavam a vida das mulheres da época e seguem relevantes. Pontos para a produção, também, por mostrar a força da amizade feminina, sem cair no clichê da rivalidade.
Os cenários e os figurinos são lindos
“As Telefonistas” também é linda de se assistir. A série traz um belo retrato da Madri dos anos 1920, recriando ambientes como a Companhia Telefónica e os bares da época. Os figurinos são um show à parte, e parte das vestimentas é original da época. “Alguns vieram de museus, principalmente os de festa. Tinha que tomar cuidado para não estragar”, contou a atriz Ana Polvorosa ao UOL antes da estreia da série, em 2017.
É bem mais curta do que uma novela
Uma novela das 21h da Globo costuma ter quase 200 capítulos, exibidos de segunda a sábado. Com tantas séries e filmes para ver, é uma missão impossível acompanhar um folhetim de ponta a ponta. Mas esse não é um problema de “As Telefonistas”. A série tem três temporadas de oito episódios cada, na medida certa para ser maratonada – e é difícil parar depois que você começa. O melhor? A curta duração evita o maior problema das novelas, a famosa “barriga” – quando pouca coisa acontece e a trama fica arrastada. A produção deve retornar para uma quarta temporada, ainda sem data.
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