Diretor diz concordar com críticos que massacraram filme com Amber Heard
Aí está uma coisa que você não vê todos os dias: um diretor que concorda com os críticos que massacraram o seu próprio filme. É o caso do cineasta Matthew Cullen, que viu o seu suspense "London Fields" se tornar uma fracasso de proporções históricas, e agora até pensa em se aposentar.
A história de "London Fields", que tem Billy Bob Thornton e Amber Heard nos papéis principais, é única. Filmado em 2015, o longa deveria estrear no Festival de Toronto daquele ano, mas acabou engavetado pelo estúdio após uma série de processos relacionados a ele serem iniciados na justiça americana.
Um dos processos, aliás, era do próprio Cullen, que acusava o produtor Christopher Hanley de "sequestrar a sua visão criativa". Enquanto isso, a estrela Heard iniciou outro processo que denunciava a produção por violar cláusulas do contrato que especificavam quanto de sua nudez o filme poderia mostrar.
Inspirado no elogiado livro de Martin Amis, "London Fields" foi projetado como uma espécie de paródia dos filmes noir, trazendo a figura da femme fatale (Heard) que é capaz de prever o futuro e, por isso, acha que um dos três homens com quem se envolve sexualmente será o seu assassino.
"Eu li as críticas do filme. Eu concordo com elas", comenta Cullen ao "Hollywood Reporter". "Há um motivo pelo qual as pessoas diziam que o livro de Amis era impossível de adaptar. O tema, e o tom, são muito difíceis".
Cullen argumenta que o produtor Hanley não quis lançar o seu corte do filme, com medo que as entrelinhas irônicas e metalinguísticas fossem pedidas pelo grande público. Foi o envolvimento de Peter Hoffman, da produtora Blazepoint, que fez com que "London Fields" visse a luz do dia.
O problema é que Hoffman não é exatamente uma figura confiável. Pelo contrário, ele foi preso em 2015 por fraudar os seus impostos, e deve passar pelo menos quinze anos na cadeia após a condenação.
Há até um processo tramitando na justiça que alega que Amber Heard ajudou o produtor a perpetuar esse esquema de fraude na Blazepoint, algo que os advogados da atriz chamam de "absurdo conspiratório".
Cullen e Hoffman conseguiram chegar a um acordo sobre o lançamento do filme no começo de outubro: a maioria dos cinemas ao redor dos EUA vai passar a versão editada pelo produtor, que foi também aquela vista e massacrada pelos críticos. Algumas salas, no entanto, exibem o corte do cineasta, que ele promete ser "consideravelmente melhor".
"Eu espero que um dia descubram a minha versão. Eu poderia ter tirado meu nome do filme", comenta, lembrando uma regra do sindicato dos diretores de Hollywood que garante o direito a um pseudônimo caso o cineasta sinta que sua versão foi corrompida pelo estúdio. "Mas eu nunca poderia falar sobre ele se tivesse feito isso".
Cullen, que vem do mundo dos videoclipes e já dirigiu vídeos para Katy Perry, Green Day e Adele, não tem planos de dirigir um longa-metragem novamente. Enquanto isso, "London Fields" não tem previsão de estreia no Brasil.
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