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As sagas que a Netflix deveria salvar depois de "Nárnia" e "Desventuras"

Cena do filme "As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" - Reuters
Cena do filme "As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" Imagem: Reuters

Caio Coletti

Colaboração

21/10/2018 04h00

No último dia 3, a Netflix anunciou que vai desenvolver novas séries e filmes inspirados na saga "As Crônicas de Nárnia". Clássicos do autor C.S. Lewis, os livros foram recentemente transportados para o cinema, com "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" (2005), "Príncipe Caspian" (2008) e "A Viagem do Peregrino da Alvorada" (2010).

Não é a primeira vez que a Netflix salva uma saga literária do limbo cinematográfico. A caminho de sua terceira e última temporada, "Desventuras em Série" é inspirada na série de 13 livros de Daniel Handler, que escreve sob o pseudônimo Lemony Snicket. Em 2004, Hollywood tentou capturar a magia das obras em um filme estrelado por Jim Carrey.

Essa reincidência da Netflix no hábito de salvar franquias nos faz pensar: qual pode ser a próxima? Opções não faltam.

"Percy Jackson e os Olimpianos"

Fãs da obra de Rick Riordan sempre dizem que os dois filmes produzidos por Hollywood, em 2010 e 2013, não representam bem a qualidade da saga. A franquia compreende cinco livros principais, além de uma série de volumes suplementares e sagas derivadas, passadas no mesmo universo.

Riordan certamente criou uma mitologia rica para combinar com os deuses gregos, romanos, egípcios e nórdicos que fazem aparições nas histórias. Se a Netflix quisesse mergulhar nesse universo, material não faltaria, e a dimensão épica das tramas se prestaria a uma produção de luxo que saltaria aos olhos dos assinantes.

"Coração de Tinta"

A encantadora trilogia literária de Cornelia Funke merece um público maior. Lançado em 2008, o filme de "Coração de Tinta" foi uma adaptação envolvente e com boas ideias de escalação (o personagem principal da saga, Mo, foi mesmo escrito com Brendan Fraser em mente), mas não vingou comercialmente.

A trilogia, que é completada por "Sangue de Tinta" e "Morte de Tinta", acompanha a jornada de Mo e sua filha, Meggie. Os dois têm a habilidade de, ao ler livros em voz alta, trazer personagens da ficção para a realidade, e vice-versa. É uma premissa criativa que conquistaria o público facilmente com uma plataforma como a Netflix.

"Dezesseis Luas"

A fábula romântica de "Dezesseis Luas" merece um destino melhor do que o inepto filme dirigido por Richard LaGravenese em 2013. Lançada em quatro volumes pela dupla de autoras Kami Garcia e Margaret Stohl, a história tem o potencial de encantar adolescentes e adultos com sua mistura de romance e feitiçaria.

A trama é contada pelo ponto de vista de Ethan Wate (no filme, Alden Ehrenreich), um rapaz normal que se aproxima da misteriosa Lena Duchannes (Alice Englert), herdeira de uma família de feiticeiros, que em breve completará dezesseis anos e terá que escolher entre a magia negra e a magia branca.

"Cirque du Freak"

Assim como aconteceu com "Desventuras em Série", a série "Cirque du Freak" tinha um estilo muito excêntrico para se conformar ao que o público espera de um grande filme hollywoodiano. "O Aprendiz de Vampiro", dirigido por Paul Weitz em 2009, atingiu um público muito limitado e eliminou planos de adaptações posteriores.

A saga literária tem 12 livros, todos detalhando as aventuras do protagonista Darren Shan após ser transformado em um híbrido de vampiro e humano pelo misterioso Sr. Crepsley. Uma subsequente saga derivada, de quatro livros, mostra a vida de Crepsley antes de conhecer Shan.

"Cidade das Sombras"

Mesmo com os futuros astros Saoirse Ronan e Harry Treadaway no elenco, além de coadjuvantes como Bill Murray e Tim Robbins, "Cidade das Sombras" decepcionou nas bilheterias. Assim, Hollywood nunca terminou de adaptar a saga de quatro livros criada por Jeanne DuPrau para este universo.

Na trama, somos apresentados a uma humanidade que vive por séculos em uma enorme cidade subterrânea alimentada por lâmpadas, e não pela luz do Sol. A série de DuPrau esconde ideias inteligentes e sutis sobre a convivência social e a corrupção em sua história. Com uma boa adaptação em forma de série, seria sucesso na certa.

"Ender's Game"

A impressionante adaptação de "Ender’s Game" dirigida por Gavin Hood em 2013 não se conectou bem com o público --as ideias complexas sobre poder, culpabilidade e militarismo do livro de Orson Scott Card não se traduziram bem para o cinema. Até o momento, 16 livros baseados no universo de Ender foram escritos, e mais alguns estão por vir.

O rico universo de Card começou mostrando a trajetória do personagem título, Ender, que é treinado por um Estado militarizado para exterminar uma raça alienígena que busca acabar com a civilização humana. O protagonista, é claro, descobre que nem tudo é como os governantes o disseram.

Vale frisar também as controvérsias em que Card se envolveu ao defender publicamente que "leis contra a prática homossexual deveriam continuar na Constituição". O autor também se posicionou decisivamente contra a legalização do casamento LGBTQ+ nos Estados Unnidos, e grupos ativistas montaram boicotes ao filme de 2013 como resultado.

"Eragon"

Uma das maiores apostas de Hollywood em 2006, "Eragon" não vingou na bilheteria da forma como fez nas prateleiras, onde virou fenômeno editorial e alavancou Christopher Paolini, então com apenas 19 anos, ao estrelato. Desde o fim da tetralogia que saiu de "Eragon", muitos reavaliaram o valor literário da saga, mas ninguém nega o seu apelo popular.

A trama, típica das grandes sagas de fantasia, mostra o personagem título Eragon (no filme, Ed Speelers) descobrindo que é herdeiro de uma tradição de "Cavaleiros de Dragões". Após se juntar à sua fiel dragoa Saphira, Eragon luta para destronar o cruel rei Galbatorix. É uma história épica que exigiria um investimento gigantesco da Netflix, de forma que é provavelmente o menos provável da nossa lista.

"O Doador de Memórias"

Hollywood demorou para decidir adaptar o livro de Lois Lowry, lançado em 1993 e considerado um dos novos clássicos da literatura para jovens adultos. Lançado em 2014, "O Doador de Memórias" não foge dos elementos mais excêntricos do livro de Lowry, de forma que nem um elenco com pesos pesados como Jeff Bridges e Meryl Streep, além de uma participação especial de Taylor Swift, o alavancaram na bilheteria.

Na trama, acompanhamos Jonas (no filme, Brenton Thwaites), escolhido para se tornar o "recebedor de memórias" da sua sociedade futurística, em que nada tem cor e as pessoas escolhem não sentir emoções profundas. Ele então recebe do seu predecessor no cargo (Bridges) memórias de como o mundo era antes de a humanidade fazer essa escolha.

"As Crônicas de Spiderwick"

Antes de "Bates Motel" e "The Good Doctor", Freddie Highmore mostrou o seu talento ao encarnar o protagonista duplo de "As Crônicas de Spiderwick", os irmãos gêmeos Jared e Simon Grace. A série de oito livros escrita por Tony DiTerlizzi e Holly Black tem bem mais para oferecer do que o mostrado no filme, no entanto.

A trama mostra não só Jared e Simon, como também sua irmã mais velha Mallory, explorando um mundo mágico de fadas e outras criaturas mágicas que vivem na casa do seu parente Arthur Spiderwick. Caso surja outra adaptação, vale trazer o diretor Mark Waters de volta, que fez um bom trabalho no filme.

"O Lar das Crianças Peculiares"

Da nossa lista, a saga do autor Ransom Riggs é a que ganhou adaptação mais recentemente, em 2016. O filme dirigido por Tim Burton, no entanto, foi criticado pelos fãs da saga por incorporar demais do estilo do cineasta, e de menos da série de livros que virou fenômeno ao redor do mundo.

Riggs lançou o quarto livro da franquia, "A Map of Days", recentemente. Na trama, acompanhamos a jornada do jovem Jacob (no filme, Asa Butterfield), que descobre um orfanato para crianças com superpoderes comandado por Miss Alma Peregrine (Eva Green).