"Tragam a Maconha": História surreal ajuda a entender a legalização da erva
"Nós somos do Uruguai, o primeiro país a legalizar a maconha. 1 grama, 1 dólar".
É assim que os representantes da Câmara Uruguaia da Maconha Legalizada se apresentam cada vez que encontram um especialista da erva nos Estados Unidos, para onde vão em busca de conhecimento e uma improvável parceria no filme "Tragam a Maconha", em cartaz na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
A trama surreal mostra mãe e filho donos de uma farmácia pioneira no comércio de maconha no Uruguai em uma jornada ao país de Barack Obama (que na época ainda era o presidente) para troca de experiências e uma missão secreta. Parte é realidade; a outra, pura fantasia. Em tempos de fake news, é bom entender um pouco da história do nosso país vizinho para não sair da sala de cinema falando besteira.
O farmacêutico Alfredo Rodriguez é, na verdade, Denny Brechner, diretor e protagonista do falso documentário. Sua mãe é a atriz Talma Friedler. E o ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica é... José Pepe Mujica. O político embarcou no bom humor da produção e faz várias cenas com os atores, além de aparecer em imagens reais de arquivo, como o encontro dele com Barack Obama na Casa Branca, em 2014.
O enredo, inclusive, se passa 20 dias antes da visita do então presidente uruguaio aos Estados Unidos. Apesar de ser pura ficção, ele faz sentido e ajuda a entender o mercado de maconha legalizada e também como funciona o mercado negro na América do Norte.
Com a legalização anunciada e sem produção, as farmácias do Uruguai não conseguem atender a demanda do público pela erva. Após ter problemas com a polícia ao distribuir gratuitamente brownies de maconha em sua loja, e sem ter onde conseguir mais erva, Alfredo decide ir ao Colorado --primeiro Estado dos EUA a vender maconha para fins recreativos-- para tomar algumas lições.
No Colorado, mãe e filho participam de eventos como o Mile High 420 Festival e a Cannabis Cup. Essa é a parte real. Na pele dos farmacêuticos, os atores exploram o mercado da maconha legalizada e conversam com representantes de marcas e feiras do negócio, sempre se apresentando como representantes da tal câmara do Uruguai que nunca existiu. Alfredo cogita até mesmo abrir uma filial da Green Faith, a igreja da maconha, em seu país.
Com contatos garantidos, mas sem um grama sequer para levar ao Uruguai, começa a segunda parte da "missão secreta". Mãe e filho embarcam para Nova York e lá contam com o reforço de um policial uruguaio, interpretado pelo ator Gustavo Olmos. O oficial desajeitado tem a função de dar mais credibilidade à dupla, que passa então a ter contato com autoridades e consegue até uma reunião com o embaixador uruguaio nos Estados Unidos.
O objetivo é levar um carregamento de maconha americana para atender a demanda uruguaia. São quatro caminhões da erva que, por motivos óbvios, não poderiam sair do país, o que configuraria tráfico internacional de drogas. A negociação precisa ser concluída até o dia da volta de Mujica para o Uruguai, já que a droga deve viajar como carga diplomática no avião do presidente.
Depois de tentarem por diversos meios legais, o trio triunfa na missão com um contato nada tradicional. Disfarçada de mate uruguaio, a maconha viaja no avião do presidente. Em uma das cenas mais cômicas do filme com ares de comédia, os atores brindam a missão bebendo espumante dentro do avião com Pepe Mujica. Para deixar ainda mais claro que aquilo é fantasia, os créditos finais agradecem ao "bom humor" do ex-presidente e mostram cenas de bastidores dele com o elenco.
Ainda sem previsão de estreia em circuito comercial no Brasil, "Tragam a Maconha" tem mais três sessões na Mostra de SP. Uma delas acontece neste sábado (20), às 15h, no MIS (Museu da Imagem e do Som). No domingo o filme será exibido às 13h30 na sala 5 do Espaço Itaú de Cinema do Shopping Frei Caneca. A última sessão acontece na segunda-feira (29) às 19h15 no anexo 4 do Espaço Itaú de Cinema da rua Augusta.
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