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Morte de Roseanne foi "respeitosa", diz criador da série para explicar saída de atriz

Cena da sitcom "Roseanne" - Divulgação
Cena da sitcom "Roseanne" Imagem: Divulgação

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

17/10/2018 10h39

Em artigo para o "The Hollywood Reporter", o showrunner Bruce Helford revelou como escolheu a forma mais "respeitosa" para matar a personagem de Roseanne Barr em "The Conners", série que dá sequência ao clássico "Roseanne" sem a protagonista.

Como os fãs descobriram com a estreia, a família Conner começa a série em luto pela matriarca, que morre devido a um suposto ataque cardíaco. Até o fim do episódio, no entanto, eles descobrem que o infarto foi na verdade causado pelo abuso de remédios opiáceos, nos quais Roseanne estava viciada.

"A essa altura, tenho certeza que há pessoas em vilas remotas do Brasil e em bases de pesquisa no Polo Norte que sabem porque Roseanne Barr foi afastada da ABC", começa Helford. "Eu apoiei a decisão de cancelar 'Roseanne', embora tenha sido doloroso e difícil para cada um de nós que tínhamos relacionamentos positivos com ela".

Como Helford menciona, a demissão de Barr teve ampla repercussão na mídia. Tudo aconteceu graças a um tweet enviado pela atriz, que ofendia Valerie Jarrett, uma ex-assessora de Barack Obama, com termos racistas.

"Apesar do cancelamento, sabíamos que havia muito o que explorar nos personagens incríveis, resolutos, engraçados e falhos da série. Nenhum dos roteiristas e ninguém do elenco queria acabar o legado da série nesta nota trágica, especialmente porque o público nos abraçou com tanto entusiasmo quando voltamos para o ar neste ano", escreve o showrunner.

"Roseanne" ficou originalmente no ar entre 1988 e 1997, se tornando uma das sitcoms mais amadas de sua época. O retorno da série em 2018 foi um fenômeno de audiência, enquanto os personagens discutiam questões políticas e sociais urgentes dos EUA.

"Quando todo o escândalo e o cancelamento aconteceram, nós estávamos nos preparando para voltar ao trabalho e fazer a segunda temporada da nova 'Roseanne'. Estávamos muito animados, mas tivemos que mandar todo mundo para casa", lamenta Helford.

"Alguns de nós, no entanto, pensamos: 'Talvez haja um futuro aqui'. Tínhamos a infraestrutura, o cenário, um elenco com contratos firmados, uma equipe sólida e um público leal. Algumas semanas depois, a ABC nos deu a luz verde para fazer 'The Conners', e o dilema se tornou: Como vamos explicar o desaparecimento de Roseanne na série de uma forma que os personagens possam continuar suas histórias sem ela?", continua.

"Pensamos em muitas possibilidades: Um ataque cardíaco, um problema psicológico, ou um final feliz em que ela não morria? Na mesa de roteiristas, ficou claro que precisava ser algo que não parecesse covarde ou improvável, que não transformasse a matriarca dos Conner em uma personagem patética ou indigna", diz ainda.

"Decidimos que sua saída tinha que ser permanente, mas respeitosa da mulher que todos os outros personagens amavam. Em uma nota pessoal, Roseanne Barr foi quem deu minha primeira chance na carreira - e, embora tenhamos discordado em muita coisa desde então, eu queria um final respeitoso para ela. A morte dela precisava ser relevante e inspirar uma discussão entre nossos fãs", comenta.

Halford se refere à epidemia de vício em opiáceos que tem acometido os EUA, especialmente uma parte mais pobre da população. "Os problemas da classe trabalhadora são constantemente ignorados na TV, e achei que a morte de Roseanne poderia nos dar uma oportunidade de discutir um deles. Espero que, ao assistir ao primeiro episódio, você possa concordar que fizemos isso", completa.

Enquanto o showrunner se mostra satisfeito com a forma como lidou com a transição de "Roseanne" para "The Conners", a própria Barr parece discordar. No Twitter, a atriz mandou um recado para a produção: "Eu não estou morta, vadias!".