Quem é Brockhampton, a boy band de hip-hop que canta sobre o amor entre gays
Uma boy band que canta sobre o amor. O grupo Brockhampton poderia ser apenas mais um grupo com essa definição, não fosse um detalhe: suas canções muitas vezes versam sobre o amor na comunidade LGBT. Mais que isso, o coletivo norte-americano de hip hop causou impacto por quebrar uma barreira e chegar ao topo das paradas musicais, liderando o ranking da Billboard, espaço mais nobre da música. Durou pouco, apenas uma semana, mas a conquista foi considerada uma vitória e tanto para um público que precisa deste espaço.
O álbum "Iridescence" foi o responsável pelo feito, no início de outubro, ao ser lançado com 101 mil unidades vendidas em sua primeira semana no mercado. Este é o quarto disco do grupo criado em San Marcos, no Texas, que se define como uma boy band, mas redefine o conceito, como um coletivo de rappers, produtores e designers, com 14 integrantes trabalhando juntos.
Kevin Abstract é o líder do conjunto, que começou quando ele foi procurar parceiros para esta empreitada em um fórum online, em 2010. O Brockhampton começou a lançar singles em 2015, soltou a mixtape "All-American Trash" e liberou nada menos que três álbuns em 2017, "Saturation", "Saturation 2" e "Saturation 3", este último já chegando ao 15º lugar nas paradas musicais.
Mais do que ser um coletivo com mais de uma dezena de integrantes, o que acabou chamando a atenção foi a mensagem passada nas letras. Em uma cena hip-hop ainda muito cheia de preconceitos, homofobia e machismo, em que as mulheres são frequentemente objetificadas e os gays atacados, as letras de Abstract e companhia trouxeram um cenário bem diferente.
Além de ter integrantes gays, eles falam sobre a comunidade LGBT em suas canções, contando casos de romances e sexo entre pessoas do mesmo sexo. "Weight", do disco "Iridescence", por exemplo, traz Abstract cantando sobre como se viu na adolescência namorando uma garota, sem amá-la e sem satisfazer os próprios desejos.
"E ela ficava brava por que eu não queria exibí-la / E a cada vez que ela tirava seu sutiã, eu não conseguia ter uma ereção", diz a letra (em tradução livre).
A homofobia ainda é um tema recorrente no hip-hop, como no lançamento de "Kamikaze", de Eminem, em que a canção "Fall" traz ataques a Tyler, the Creator com termos homofóbicos. Tyler nunca se assumiu gay, mas fãs desconfiam que ele seja, por conta de algumas letras de canções. Ainda assim, o disco de Eminem liderou as paradas.
"Nós somos o que a América é. Nós falamos para as pessoas de cor que tiveram dificuldades de se expressar publicamente. As pessoas diziam por muitos anos que o que eu tinha a dizer não importava. Então, tive que quebrar padrões e falar alto para me identificar com isso. Então, você vira um herói", disse Kevin Abstract ao jornal inglês "The Guardian".
"Eu contar minha história ajuda outros jovens. Por que nunca se falou disso em canções, e eu me identifico com isso. Eu poder estar no palco, à frente deles e trazer essa identificação, é como se eles vissem um herói que é como eles", acrescentou o vocalista, que passa um recado reto em seus shows: "Ninguém está aqui para julgar vocês".
Apesar de serem desconhecidos de boa parte do público até liderarem as paradas, o Brockhampton conquistou seu espaço com um forte trabalho nas redes sociais. Todos os integrantes são ativos e se empenham em fazer os fãs carregarem suas mensagens. Parte das vendas de disco foi aliada à comercialização de ingressos para os shows.
Após liderar a Billboard 200, "Iridescence" caiu rapidamente nas paradas e hoje aparece apenas na 88ª posição. Apesar disso, a mensagem passada pela boy band do hip-hop não deve ser esquecida por muitos jovens que precisavam ouvir o que o Brockhampton levou para eles em forma de música.
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