TSO, o projeto natalino de metal que lucra mais que muita banda grande
Todo ano, em outubro, a história se repete: uma banda de metal megalomaníaca, que passa o ano sem fazer shows, volta a dar as caras para uma turnê curta, agenda cheia e lucro garantido. A Trans-Siberian Orchestra, ou TSO, é um projeto criado em 1993 e que cresceu tanto ao longo dos anos, que eles conseguem ter mais lucro em dois meses de apresentações do que muita banda ao longo de uma carreira.
O público norte-americano é tradicionalmente fã de Natal e de rock de arena, e o que começou como um projeto do compositor e produtor Paul O'Neil (que morreu em 2017), com dois membros da banda Savatage --John Oliva e Al Pitreli-- acabou se tornando uma tradição no inverno dos Estados Unidos.
Só neste ano serão mais de cem apresentações entre os dias 14 de novembro e 30 de dezembro. Como eles fazem isso? Simples. Hoje em dia, há duas bandas oficiais e uma reserva, só para dar conta de qualquer contratempo que possa ocorrer. Enquanto uma formação oficial se apresenta na Costa Leste, a outra vai para a Costa Oeste. Além disso, há dias com múltiplos shows.
O esforço tem resultado. Em 2017, a TSO fechou com a 11ª colocação nas turnês mais lucrativas dos Estados Unidos. No topo ficaram U2 e Guns N' Roses, cada um com cerca de 2,7 milhões de ingressos vendidos. A TSO apareceu nesta lista com 1 milhão de ingressos vendidos e arrecadação de US$ 60 milhões, à frente de Green Day (13º, com cerca de 950 mil) e Paul McCartney (16º, 900 mil), e nomes pop como Ariana Grande (19ª, 860 mil) e Lady Gaga (28ª, 737 mil), de acordo com a Poolstar.
Os totais da banda têm mais de 1.850 shows feitos para 15 milhões de fãs, com arrecadação de US$ 675 milhões. Além disso, o grupo já vendeu mais de 12 milhões de álbuns e DVDs.
Para 2018, um chamariz é o fato de a turnê ser comemorativa, de 20 anos desde que se estabeleceu a turnê de inverno do projeto. Eles darão ênfase ao filme Ghosts of Christmas Eve, feito em 1999. "Esse ano teremos um novo desenho de palco e vamos incorporar pedaços do filme, que conta a história de uma garota fugitiva que busca abrigo em um teatro abandonado na véspera do Natal", explicou um comunicado da banda.
Um brasileiro na família
O tema natalino e o som roqueiro permitem à TSO usar de toda a teatralidade e a pirotecnia que o público gosta. Há muito fogo, neve artificial, performances cheias de dramaticidade, plataformas para os músicos ficarem em destaque, além de orquestra e coral, dando grandeza ao espetáculo.
Musicalmente, o que se tem é uma mistura de rock e música clássica, tudo bem acessível, até por se tratar da temática de Natal. Resumindo: é um show de rock que as famílias podem se reunir para assistirem juntos.
E o grupo conta até com um brasileiro no plantel. Bill Hudson, que já tocou com o Savatage, Circle II Circle e hoje está no I Am Morbid, é um dos guitarristas da TSO, desde 2015. Quando Joel Hoekstra foi chamado para tocar no Whitesnake, Hudson foi escalado --na época, ele tocava no Jon Oliva’s Pain e conhecia um dos líderes da TSO. Hoje, o brasileiro segue na família, participando de ensaios e ficando de "stand-by" em apresentações.
O brasileiro é fã de Savatage desde 1998, quando assistiu ao show no Monsters of Rock do Brasil, e conta que vê a banda, hoje extinta, tendo uma continuação por meio da Trans-Siberian Orchestra. "O Savatage nunca acabou de fato, ele só mudou de nome, como diria o Jon [Oliva]. Eu sabia da TSO e sempre lia sobre o projeto, mas não fui entender a grandiosidade até mudar para os Estados Unidos, em 2004. Foi o primeiro show a que assisti, como um espectador com ingresso e tudo mais. Me apaixonei instantaneamente", disse ao UOL Hudson, que estreou com o grupo no festival Wacken Open Air, o maior do metal mundial. "Eles me disseram que aquele foi meu teste de fato".
O nível de exigência e perfeição nos shows da TSO é grande. São seis semanas de ensaios diários, com as duas bandas em ação. Mas, segundo o guitarrista, não é tão duro quanto parece. "Na verdade, é tudo muito na boa. A equipe é a melhor do mundo, não temos muito com o que nos preocupar. Mas são dois shows por dia, o que fica puxado. Eles não dão instruções especiais, além de: 'Esteja do lado do palco, vestido, a tal hora'".
Sobre as explicações para tanto sucesso, ele diz que o fato de não ser apenas um show comum faz a diferença. "Eu imagino que seja pelo fato de ter se tornado uma tradição natalina, muito além de 'banda de rock'. Acho que a TSO vai durar muitos e muitos anos, mesmo quando todos nós morrermos. Acho que é ela mais próxima de algo como 'O Quebra-Nozes' do que do Iron Maiden."
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