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As fake news que dominavam a música antes de você começar a usar internet

Paul McCartney, Elvis Presley e Mama Cass - Reprodução/Montagem
Paul McCartney, Elvis Presley e Mama Cass Imagem: Reprodução/Montagem

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

06/10/2018 04h00

Anos antes das fake news tomarem as redes sociais e o seu grupo de família no Whatsapp, as notícias falsas já se espalhavam de forma endêmica no munso e em diversas frentes, ludibriando inclusive quem se liga no universo da música.

Puxe pela memória e você provavelmente se lembrará de pelo menos algumas delas: Paul McCartney foi substituído por um sósia? Elvis está vivo? Mama Cass morreu comendo um sanduíche? Falso, falso e falso.

Seja por pendência a teorias conspiratórias ou mera ingenuidade, muitas pessoas ainda hoje acreditam piamente em histórias como essas. Em tempos de desinformação e mídias pouco confiáveis, O UOL recomenda: consulte as fontes e "diga não ao achismo" e isso vale para informações de todas as épocas.

Paul McCartney versão 1963 e Paul McCartney versão 1967; notou alguma diferença? - Reprodução - Reprodução
Paul McCartney versão 1963 e Paul McCartney versão 1967; notou alguma diferença?
Imagem: Reprodução

Paul McCartney e o sósia

O boato começou em 1969, quando o radialista  Russ Gibb deu o “furo” após receber uma ligação misteriosa: o beatle teria morrido em um acidente de moto três anos antes, sendo substituído por um sósia. As pistas teriam sido espalhadas em vários discos da banda. Exemplo: a placa do fusca estacionado na capa de “Abbey Road” tem a placa "LMW 281F". “LMW seria as iniciais de "Linda McCartney Widow" ("Linda McCartney Viúva") e 281F, uma adaptação de “If 28” idade que supostamente Paul teria se estivesse vivo na época (na verdade, ele tinha 27 quando o disco foi lançado). A brincadeira ganhou repercussão aos poucos até ganhar status de lenda, chegando a ser adaptada para a cantora Avril Lavigne. O fato: a teoria é tão divertida como fantasiosa.

O cantor Elvis Presley  - Getty - Getty
Imagem: Getty

Elvis morreu?

Este talvez seja o maior mito da figura mais mítica do rock. A lenda urbana diz que Elvis Presley, que morreu aos 42 anos, inventou a própria morte para fugir da fama e da perseguição implacável da imprensa. Ele estaria farto das turnês, entrevistas e dos contratos de gravação. Já em 1977, ano de sua morte, o boato começou a circular. Ganhou tabloides, inspirou livros e apareceu em programas de TV. Desde então, há quem jure de pé junto que viu o cantor andando disfarçado por aí. Sim, Elvis morreu, mas a frase dizendo o contrário se espalhou na cultura pop e acabou virando bordão para fãs e milhares de sósias no mundo.

O cantor Jim Morrison - Getty - Getty
Imagem: Getty

Jim Morrison, agente da CIA

A falta de informação sobre a morte de Jim Morrison, encontrado morto na banheira de seu apartamento em Paris, após um ataque cardíaco, motivou uma série de teorias criadas por fãs. Uma delas afirma que ele fora assassinado por agentes do governo Nixon. Outra diz que o vocalista dos Doors era um agente da CIA infiltrado entre os roqueiros que, depois de cumprir missão, precisou sumir do mapa. Ou seja, assim como Elvis, Morrison teria forjado a própria morte, comprando túmulo no cemitério Père-Lachaise e atestado de óbito. O dia escolhido para a morte: 3 de julho de 1971, exatos dois anos depois de Brian Jones, dos Rolling Stones, também aos 27, não teria sido por acaso.

Cass Elliot, a Mama Cass - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Mama Cass e o fatídico sanduíche

Cass Elliot, vocalista do The Mamas & The Papas, morreu no dia 29 de julho de 1974 após se engasgar com um sanduíche de presunto. Você já ouviu essa história mentirosa? Cass morreu, na verdade, de ataque cardíaco repentino relacionado à obesidade. Mas como então essa bizarrice gordofóbica surgiu? Logo que o corpo foi descoberto, um médico aventou a possibilidade, já que polícia havia encontrado um pedaço de sanduíche no apartamento em que estava em Londres. O problema é que a informação foi repassada a repórteres, mas exames posteriores não constatarem nenhuma presença de comida na traqueia.

"The Dark Side of The Moon" vs "O Mágico de Oz" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

“The Dark Side of the Oz”

Muitos fãs de Pink Floyd não têm nenhuma dúvida: a banda compôs “The Dark Side of the Moon”, um dos discos mais vendidos de todos os tempos, baseada nas cenas de “O Mágico de Oz”, de 1939. Essa loucura começou a se espalhar em 1995, quando o “The Journal Gazette”, de Indiana, publicou que um grupo de discussão havia descoberto a suposta sincronia. Admiradores de mistérios e obscurecências, os integrantes teriam bolado a sincronia para durar mesmo após o fim do disco. Bastava começar dar play no álbum durante o último rugido do leão da MGM e programar seu som para repetir tudo de novo. Irônicos, os integrantes sempre trataram como piada a suposta sincronia, que de fato acontece em alguns momentos do filme. Nada além de coincidência.

O ex-ator Josh Saviano e o cantor Marilyn Manson - Reprodução/Montagem - Reprodução/Montagem
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Imagem: Reprodução/Montagem

Paul de “Anos Incríveis” vs. Marilyn Manson

Uma das primeiras a se propagar na web, esta lenda urbana se tornou tão famosa que rapidamente chegou a Marilyn Manson e Josh Saviano. O ator, melhor amigo do protagonista Kevin na série "Anos Incríveis", teve de desmentir a história, enquanto o músico brincou dizendo que, se realmente tivesse atuado ali, teria interpretado Winnie Cooper, a namorada do personagem. Atualmente, Marilyn Manson continua lançando discos e promovendo shows. Já Saviano abandonou o showbusiness ainda na adolescência para se tornar um advogado de sucesso nos Estados Unidos. Recentemente, ele chegou a fazer uma ponta na série “Law & Order”. Obviamente são duas pessoas diferentes.

Gene Simmons, do Kiss - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Gene Simmons e a língua implantada

A desproporcional língua do baixista e vocalista do Kiss é quase tão mítica quanto a própria banda. Quando o grupo começou a fazer sucesso nos anos 1970, houve quem sugerisse que o órgão, de cerca de 10 cm, seria resultado de um implante cirúrgico de uma língua de bovina. A ideia de Simmons seria satisfazer sexualmente as fãs e se exibir durante as shows. Por mais absurdo que possa parecer, em tempos pré-internet, o rumor ganhou força na base do boca a boca. Esclarecemos: tal procedimento jamais foi realizado. “Eu tenho uma língua muito comprida, e isso é tudo”, já respondeu Simmons em entrevista.

O blueseiro Robert Johnson - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

O pacto de Robert Johnson com o demônio

Mito do blues, o cantor e violonista morreu jovem em 1938, aos 27 anos, vítima de um suposto envenenamento, embora outras fontes apontem para complicações decorrentes de sífilis. Segundo a lenda, Johnson, então um músico sem talento, vendeu a alma ao diabo na encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarksdale, Mississippi, para conseguir êxito na carreira. O demônio em pessoa teria pegado seu violão, afinado um tom abaixo e o devolvido para utilizar nas gravações. A lenda foi difundida primeiramente pelo bluesman Son House, antes de entrar para o imaginário pop e inspirar músicas e o filme “Encruzilhada”.

Led Zeppelin - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Mensagens ao contrário do Led Zeppelin

Por causa de sua popularidade, o grupo britânico sempre se viu envolto em boatos. De que os integrantes teriam introduzido um tubarão em uma groupie o que é parcialmente verdade a uma suposta maldição de Aleister Crowley lançada sobre o guitarrista Jimmy Page. O caso mais emblemático, no entanto, é o das mensagens ocultas em “Stairway to Heaven”. Em 1982, o pastor evangélico Paul Crouch mostrou na TV que o trecho da música que inicia em "Bustle in your hedgerow", quando executado ao contrário, reproduzia uma mensagem de louvor ao demônio. "Ele dará para mim seu 666", canta o Plant do mundo dos mortos, entre outros impropérios demoníacos. Ali começara a infundada fama de que o Led Zeppelin era adepto do satanismo. Acredite, nada disso é real.