Documentário abusa de cenas chocantes para mostrar como Pistorius matou namorada
Dono de seis medalhas de ouro paralímpicas, o ex-atleta sul-africano Oscar Pistorius cumpre pena de mais de 13 anos de prisão pelo assassinato de sua namorada Reeva Steenkamp. Ele nunca se declarou culpado pelo crime. Agora, a série documental "Pistorius" tenta esclarecer o que aconteceu naquela madrugada do dia 14 de fevereiro de 2013.
O que se sabe, com certeza, é que a ex-modelo Reeva Steenkamp estava trancada dentro do banheiro quando Pistorius atirou quatro vezes contra a porta fechada. As balas atravessaram a porta atingindo fatalmente Reeva. O ex-atleta alegou que atirou porque pensou que um bandido estava escondido no banheiro, mas a versão não colou.
A série "Pistorius" é dividida em quatro episódios de 50 minutos e está disponível no serviço de streaming Amazon Prime Video. Antes de assisti-la, é melhor preparar o estômago, pois ela apresenta muitas fotos chocantes da cena do crime e do corpo de Reeve completamente ensanguentado.
Após três anos de investigação, o diretor da série Vaughan Sivell concluiu que o crime foi passional, mesmo entendimento que a Justiça da África do Sul teve ao condenar o ex-atleta.
Pistorius ainda mantinha contato com a sua ex-namorada e minutos antes de cometer o crime enviou uma mensagem para ela. Reeva teria pegado o aparelho e se trancado no banheiro. Pistorius foi atrás e após discutir com a namorada (gritos foram ouvidos pelos vizinhos) atirou contra a porta.
A história do crime bárbaro é contada em paralelo com a vitoriosa carreira de Pistorius nas pistas. O velocista se tornou o primeiro atleta paralímpico a ficar milionário, a se tornar uma celebridade mundial e a assinar contrato com grandes marcas de materiais esportivos. Conhecido como Blade Runner (por causa de suas próteses nas pernas em formato de lâminas) ele foi o único atleta a competir nas Paralimpíadas e nas Olimpíadas tradicionais em igualdade de condições (em Londres-2012).
A série aponta o brasileiro Alan Fonteles como o grande rival de Pistorius nas pistas. O brasileiro venceu o sul-africano em Londres, na prova de 200 metros, quebrando o recorde mundial que era de Pistorius. Após a prova, o sul-africano não aceitou a derrota e criticou a prótese do brasileiro, alegando que ela o deixava mais alto e mais rápido. A derrota é mostrada como um fator que desestabilizou emocionalmente Pistorius, refletindo, inclusive, em seu relacionamento com Reeva.
Farto material de apoio
O diretor Vaughan Sivell apresenta um rico material de apoio. São documentos, reconstituições em 3D, fotografias, vídeos do julgamento e imagens da infância de Pistorius e fotos da cena do crime e do corpo de Reeve completamente ensanguentado. A cobertura mundial da imprensa também é destacada, com diversas reportagens repercutindo o crime e tentando entender qual foi a motivação de Pistorius.
A série contextualiza ainda a situação social da África do Sul, lembrando que Pistorius cresceu em uma família repleta de privilégios durante o Apartheid e que o ex-atleta personificava o estereótipo de homem sul-africano branco e machista. Entre os entrevistados, há amigos de Pistorius que contavam sua predileção por armas de fogo e que ele chegou a atirar com uma pistola em um restaurante lotado e a apontá-la para um policial. Nas duas situações, os casos foram abafados.
O documentário "Pistorius" não deixa dúvidas da culpa do ex-atleta, porém reforça o mórbido interesse que as pessoas têm em histórias que envolvam crimes e pessoas famosas, inclusive por parte da imprensa que acompanhou o caso ávida por detalhes escabrosos. A conclusão é a de que Pistorius foi do posto de maior atleta da África do Sul, admirado até por Nelson Mandela, para se transformar em um de seus maiores vilões.
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