Emicida critica seus críticos na nova música "Inácio da Catingueira"
A nova música de Emicida, "Inácio da Catingueira", lançada nesta terça-feira (18), relembra a história de um negro escravizado na Paraíba que ganhou a sua liberdade após debater suas ideias durante oito dias com o proprietário rural Romano Caluete. Ninguém sabe se a história, ocorrida por volta de 1870, é verdade mas Emicida decidiu compará-la com a sua própria história.
Por meio das rinhas de MCs, Emicida venceu discussões usando apenas a palavra, também responsável por libertá-lo. Emicida, no entanto, se questiona se o Brasil está realmente pronto para ver os negros livres.
Na letra, Lobão é um dos alvos dos versos de Emicida. Em um dos versos, ele canta: "Com um Nike pra cada merda que o Lobão diz / E eles diz que sou comunista / Cês num precisa de palco, precisa de analista" (sic).
"O frustrante quando você luta contra essas estruturas é que por mais que você alcance sua liberdade individual, no coletivo seus irmãos estão todos acorrentados. E a maior coisa que você pode ter, que é a sua liberdade, acaba se tornando uma coisa menor porque quando você olha no entorno as correntes estão em todo mundo menos em você. Aí você se sente mal por isso também, tá ligado?", escreveu Emicida em um comunicado divulgado à imprensa.
A faixa tem instrumental de seu parceiro de longa data, o DJ Duh. A faixa ganhou ainda um lyric vídeo dirigido por André Maciel, artista plástico, ilustrador e fundador do estúdio Black Madre Atelier.
Confira a letra da faixa a seguir:
Eles vão fazer de tudo para que você reaja.
Se você responder a um palavrão com outro palavrão, eles só vão ouvir o seu.
Ouse responder a um soco com outro, eles vão dizer: "Ó lá, o neguinho perdeu a cabeça, eu disse que ele não servia para isso."
O inimigo e seus lacáio vem com tudo, joga sujo, e você não pode simplesmente reagir com a mesma baixeza.
A gente ganha mostrando em campo, correndo, marcando, nosso povo precisa de gol, de virar o jogo, não de polêmica.
E alcançamos a vitória fazendo isso em campo, não batendo boca fora dele.
Ganhamos se o mundo se convencer de duas coisas: Que você é um bom cavalheiro e um ótimo jogador.
Zica, vai lá!
Laboratório Fantasma 2018
Atraio câmeras, takes, tipo tragédias
Efêmera fama era fake e esses comédias
Focado num padrão, tipo o DEIC, com inveja
De quem vem sem patrão, sem padrinho, sem média
Vim classe, black tie, check tio
Adubo e o rap sai no finesse igual Black Rio
No impasse, as track vai, muleque viu
Tudo que um black faz dá estresse – compete frio
De rima epidêmica à tese acadêmica
Nome da década, cada passo, uma polêmica
Dos cabeça de escravo, até a militância anêmica
Minha trajetória é real, a de vocês é cênica
Cínica, cômica, qué alvoroço
Precisa dos preto fudido com grilhão no pescoço
Pois o gueto só é real se tiver roendo osso
Cadê os neguim que devia tá no fundo do poço?
E eu, sô patente alta, bigode grosso
A favela no peito e o condomínio no bolso
Excelência em pauta, longe do fosso (entendeu)
As mente incauta num digere o caroço
Mas foda-se, desci pra pista
Com um Nike pra cada merda que o Lobão diz
E eles diz que sou comunista
Cês num precisa de palco, precisa de analista
Eu vim da Rinha e sem talco, berço dos terrorista
Mandando bronca, tô pra destronca
Tombei tantos que quase viro Emicida Conká!
Se eles arma bloqueio a gente saca, pra desmontar
Por que eu num respondi os otários? Digo agora, bom, tá:
Num país onde os politico diz o que diz
Essas porra de diss, pra mim é igual Bee Gees
Fofinho, querendo confete
No fim das conta é a mema merda
Só o sistema brincando de marionete
Baguio não tá manso
Nóiz contra nóiz, num é nada mais
Que adiantar o trabalho dos ganso
Que mete alerta vermelho se o gueto tem avanço
Ternos de 15 mil? É sério tio? Já pego ranço
Debates no Face? Eu num faço questão
Com uma mixtape, fiz minha primeira revolução
Nas cabeça igual lace, prestenção
Só no Fashion Week nóiz empregou uma preta pra cada textão
Verdade por si só repele
Dom meus drama vira som, saca? Tipo Adele
Cês vem com estilo da Veja, ideia MBL
Se sua banca se vale disso, foda-se ela e eles
Eu jogo na calma, a vida apruma
Camuflado na noite igual puma
Passando a visão graúna
Quem diz que eu vendi minha alma
Descende de quem dizia que eu nem tinha uma
Me chama de arrogante
Porque a vitória de um semelhante pus verme
É um barato humilhante
Quer dar minha cabeça pro seu senhor pôr na estante?
Esqueça! Cês vai morrer coadjuvante
Que aqui é "Ready to Rumble", fi
Gentil, mas com uma metranca na manga
Tipo Bumblebee
Vivendo confortável e pã
Pensando: qual capitão do mato vai caçar like com meu nome amanhã?
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