Bruno Fagundes recebe mensagens até do Sri Lanka após "3%" e fala da saída da Globo
O crescimento das plataformas de streaming mudou o consumo de filmes e séries, e os brasileiros já sentem isso. É o caso de Bruno Fagundes, uma das estrelas da série nacional “3%”, da Netflix, que permitiu a ele duas coisas: adaptar seu método de trabalho de forma a poder se dedicar tanto às telas quanto ao teatro – algo que complicou sua vida na TV Globo – e ter um retorno de críticas e de público de lugares do planeta que nunca imaginou.
Bruno atualmente está em gravação com “3%”, já completando metade do trabalho previsto para a terceira temporada do seriado, que vai ao ar em 2019.
“A gente já está na metade da filmagem e estou muito feliz, porque a renovação para a terceira temporada veio em menos de um mês que a segunda estava no ar. É sinal de que deu certo”, comemora Fagundes, que vive o personagem André – considerado morto na 1ª temporada, mas que aparece na 2ª, preso em Maralto, o local onde só 3% da população pode viver.
O ator diz que os resultados finais são um mistério, já que a Netflix não os abre, mas que soube que em países como Austrália, Nova Zelândia e alguns países na Europa, a série brasileira figurou no top 5 das mais vistas, atrás só de pesos pesados, como “13 Reasons Why” e “Stranger Things”.
E, para um ator acostumado a se apresentar em teatros brasileiros e novelas, outra novidade foi passar a receber mensagens de carinho de fãs inesperados. “O retorno é muito legal. Como [a Netflix] é uma empresa de internet, então imediatamente já vem gente me seguindo, escrevendo. Eu fiz aquela brincadeira de perguntar no stories do Instagram, e instiguei o pessoal para falar de onde eram. E apareceu gente da Bélgica, França, Porto Rico, Itália, Coreia... Até de Sri Lanka. São pessoas que nunca imaginei que teriam acesso ao meu trabalho.”
Novela global x Netflix
Bruno Fagundes teve uma incursão pelo mundo das novelas, mas o futuro acabou afastando o ator deste caminho. O paulistano de 29 anos faz elogios à importância da Globo, mas vê um novo momento.
“A Globo tem realmente uma conquista de território muito grande. A gente cresce habituado a assistir, vendo as melhores novelas do mundo. Isso formou nosso gosto, nosso caráter, praticamente, e ainda é importante estar numa novela. Mas a questão do streaming vem aí pra abrir o campo de atuação, é uma coisa saudável”, opina.
Com um ambiente mais competitivo e uma nova realidade para a produção e a transmissão, abriu-se um leque maior de oportunidades.
“A Globo vai ter de criar novas formas e é isso saudável. Eu nunca imaginei fazer uma série 100% brasileira, que pudesse ser vista no Sri Lanka. Isso é uma vantagem. É incrível estar em 190 países. Quanto mais o ator rodar, melhor para ele. Acho inteligente e é bom para todo mundo. Não ficamos presos”, comemora ele.
“Agora, roteiristas, atores e diretores estão sendo vistos em outros lugares. Acho que finalmente o Brasil vai abrir portas, fazer produções internacionais aqui, isso é importante. Não temos apoio do governo, não temos subsídios, então são novas iniciativas acontecendo para ter oportunidade de emprego pra todos”, acrescentou o ator.
Divergências com a Globo
Quando fez a novela “Meu Pedacinho de Chão”, Fagundes conseguiu um acordo para se manter no teatro, sem precisar paralisar suas peças para ficar na TV. Hoje, ele acha que essa sua condição fundamental, de não interromper seus trabalhos no palco, podem ter contribuído para ele não ter sido mais chamado na emissora. Por outro lado, na Netflix ele tem liberdade de tocar projetos paralelamente à série.
“Fiz a novela na Globo e depois não fiz nem mais teste. Nunca deixei de fazer teatro, faço ininterruptamente. Mas eu impus como condição de que não ia deixar para fazer novela. Fui chamado para uma novela das 21h e neguei porque não abri mão da minha peça, que tinha produção minha. Lembro que o diretor me chamou de louco, falou que eu estava fazendo a coisa errada”, relembra o ator, que depois acabou em “Meu Pedacinho de Chão”, das 18h.
Bruno diz que é um workaholic incorrigível, e hoje segue em atividade não só gravando “3%” mas no teatro com “Baixa Terapia”. A peça já passou pelas principais capitais do país nos últimos cinco meses. E agora vai para Portugal.
“Não vejo a hora de chegar, os portugueses gostam do teatro e dos atores brasileiro, meu pai faz muito sucesso lá”, diz, citando o consagrado Antônio Fagundes.
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