Como Jefferson Schroeder foi de rejeitado no "Faustão" a nova aposta da comédia
Jefferson Schroeder, 31, há anos belisca papéis na TV, no teatro e no cinema, mas jamais passou por algo parecido com o que está vivendo. Praticamente sem tempo para dar entrevistas, o ator virou queridinho da publicidade, entrou para o elenco do Porta dos Fundos e hoje desponta como um dos nomes mais promissores da comédia nacional.
Tudo mudou radicalmente este ano, após um trecho do making of de sua primeira participação no Porta dos Fundos circular nas redes sociais. Nele, Jefferson introduz a personagem Kate, do impagável bordão "Oh, meu Deus" (#ohmeudeux), uma dubladora libidinosa e sem cerimônias para falar de tragédias.
Em questão de semanas, os 30 mil seguidores que ele tinha no Instagram viraram 350 mil, e os convites para trabalhar em diversas plataformas começaram a chover. Todos queriam saber: quem é Jefferson Schroeder?
"Percebi aos poucos que o vídeo tinha viralizado. Amigos me mandavam mensagem falando que tinham visto no grupo do trabalho. O Fábio Porchat postou na página dele, e quando vi tinha uma galera comentando no post, Xuxa, Fafá de Belém. Foi aí que começaram a se ligar no meu trabalho de vozes, que já faço há uns quatro anos", contou Jefferson ao UOL.
Apesar de ser um rosto novo, Schroeder está longe de ser novato. Catarinense de Canoinhas, ele vem ralando há mais de uma década no humor e, neste ano, três meses antes de o vídeo viralizar, foi destaque na segunda edição do Prêmio do Humor, vencendo nas categorias de melhor peça, texto e performance, pelo monólogo "A Produtora e a Gaivota", que desenvolveu inspirado na obra de Anton Chekhov.
O início não foi fácil. Segundo ele, o trauma da eliminação na segunda fase no quadro "Quem Chega lá?" do "Domingão do Faustão", em 2010, quando surgiu pela primeira vez para o grande público fazendo stand-up comedy, virou um fardo que só agora ele parece conseguir se livrar.
Para o "padrinho" Fábio Porchat e seus milhares de seguidores, Jefferson Schroeder é um dos maiores talentos da nova geração, capaz de dublar vozes tão diferentes que fica difícil acreditar que são feitas pela mesma pessoa.
O portfólio dele é a própria conta do Instagram, onde convivem em harmonia --embora nem sempre-- Kate, sua voz mais popular, o bombeiro Brian, a extraterrestre Etela, o playboy Roger, a fumante Rosana, e a musa fitness Roberta, entre outros cerca de dez personagens. Ao todo, ele já criou mais de 30, com um humor descrito como inofensivo e de censura livre, o que explica, em parte, seu sucesso.
"Hoje eu tento entender esse espaço que eu cultivei para ter criatividade e continuar fazendo o que faço. Sempre sonhei em ter esse reconhecimento, e estou com a cabeça a mil. O contato com os seguidores é muito forte. Na pré-estreia do filme 'Crô', uma menina me abraçou e começou a chorar. Outra ficou grudada em mim o tempo todo por onde eu andava. No inbox, ficam me mandando mensagens o dia inteiro. Pessoas preocupadas comigo, pedindo para eu ir dormir. É um pouco louco lidar com tudo isso", disse.
A criação dos personagens
Observador, Jefferson cultivava já na infância o hábito de imitar pessoas. No início, reproduzia a fala dos professores na escola e, inspirado em uma amiga que reproduzia vozes, começou a canalizar o talento para criar personagens. A inspiração vem de figuras do dia a dia, como a tia-avó, além de filmes estilo "Sessão da Tarde" e episódios da série "Os Vídeos Mais Incríveis do Mundo".
"Nos meus vídeos, eu parto primeiro da voz. Depois, vou tentando descobrir que tipo de personalidade aquela voz tem. A construção varia muito e costuma seguir o ritmo de cada fala, do que cada texto pede. Quando me chamam para um trabalho como o 'Crô', por exemplo, eu preciso mudar a voz. Seleciono algo das vozes que faço, adapto ou tento criar uma nova."
O ritmo dublado das falas dos personagens, em que as vogais são alongadas para casar com as de um inglês inexistente, semelhante ao de filmes da TV aberta, é um show à parte e já ganhou elogios de dubladores. Ironicamente, Jefferson nunca fez oficialmente trabalhos de dublagem. Com o sucesso crescente, algumas propostas já chegaram.
Planos
"Eu quero muito fazer dublagem. Mas, como estou fazendo várias coisas agora, quero fazer na hora certa, para poder me lançar como um ator convidado que dubla. Seria incrível se eu fizesse um filme em que pudesse fazer mais de uma voz. Iria amar", contou Jefferson, que consegue ter mais planos em mente do que vozes no Instagram.
O principal é se consolidar como ator de cinema. Em cartaz com "Crô em Família", ele, que já esteve em comédias como "Minha Mãe é uma Peça" e "Vestido Pra Casar", ainda estrelará "Pérola", segundo filme dirigido por Murilo Benício, ainda sem previsão de lançamento.
"Minha cabeça fica produzindo coisas o dia inteiro. Minha vontade é escrever um novo monólogo. Também quero adaptar uma peça que escrevi para o cinema. Tenho vontade de dirigir teatro, de dar aulas, de dar palestras para atores."
Os planos não param. "Também pretendo lançar um livro de crônicas. Tenho umas 90 páginas prontas. Quero ver se faço uma parceria ou lanço por contra própria, com mais material. Vamos ver o que sai", concluiu Jefferson Schroeder, nome e sobrenome que você provavelmente começará a ver por aí.
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