Mariana Nolasco vira cantora fora do YouTube em álbum maduro de estreia
Ela começou a gravar vídeos na internet sem pretensão alguma, com covers de músicas que gostava. Aos poucos passou a acumular seguidores. Esses seguidores viraram fãs, não mais de uma youtuber, mas sim de uma cantora profissional que lançou recentemente o primeiro trabalho autoral. "Eu pensei: 'as pessoas estão me acompanhando pelo YouTube, gostam dos vídeos, mas e de verdade? A galera estaria disposta em ir a um show meu?''', lembra Mariana Nolasco em entrevista por telefone ao UOL.
Com a ajuda do namorado Pedro Pascual, Mariana começou a pensar que poderia deixar de lado por um instante as interpretações para explorar mais sua personalidade. E ela garante que não tem segredo, tudo se resume a praticar. "Comecei a tentar compor, porque era uma coisa muito nova para mim, não sabia o que ia sair. Foi uma questão de prática, de pegar meu violão no meu tempo livre e ficar quebrando a cabeça para sair alguma coisa que tivesse a ver comigo".
"Poemas Que Colori" foi a primeira canção que saiu. A métrica complexa entrosada com apenas voz e violão tinha a cara de tudo o que ela gostava de ouvir, ganhando forma do que seria a característica do seu álbum de estreia. "Me dei conta de que eu gravaria um cover dessa música. E eu fiquei impressionada com isso, porque a galera que me acompanhava no canal gostava de covers dos artistas que eu gostava de ouvir."
Acumulando mais algumas composições, Mariana lançou um financiamento coletivo na internet para gravar o projeto de estreia. "Porque é muito vago lançar um CD sendo que a galera que me acompanha só quer ver os covers. Mas eu percebi que eles queriam ver o que eu tinha para oferecer", salienta a garota de 20 anos. Foram dois anos neste processo, enquanto isso já calcando shows pelos Brasil no projeto "Mini-Turnê".
"A gente foi para 10 estados no Brasil, conseguimos lotar algumas apresentações e foi surpreendente para mim. Até o carinho, porque tinha gente que conhecia há anos e falava: 'você existe, que bom'. Era uma curiosidade das pessoas de me conhecerem e me ouvirem", diz.
Entre o folk, o sertanejo, o funk e o hip hop
Mariana costuma fazer covers dos estilos mais variados, sem preconceito. Ela viralizou com uma versão feminista de "Baile de Favela", do MC João, mas passa por Natiruts, Jorge & Matheus, Anavitória e até o hit do último ano, "Despacito". A cantora revela que foi influenciada desde criança pela mãe, que amava Marisa Monte e Chico Buarque. A nova leva da MPB, marcada por Tiago Iorc e Maria Gadú, também fazem a cabeça dela, assim como a norte-americana indie Grace VanderWaal.
Talvez seja por essa variedade de sons que Mariana construiu algo seguro e maduro em seu disco de estreia. Sob a tutela do produtor Rovilson Pascoal, as 10 músicas do projeto lembram a delicadeza de suas interpretações no YouTube, sem exageros adicionais como batidas eletrônicas ou viradas bruscas. A força da garota é justamente a voz e o violão, recebendo toques específicos aqui e acolá.
Versando sobre a natureza, "Fico Só" ganha ares de bluesgrass norte-americano com o ritmo acelerado, usado também em "Constelação", parceria com o grupo Mar Aberto. Ao mesmo tempo, a cadência de "Certeza" brinca com o paradoxo de ter ambientação grandiosa mesmo sendo tão minimalista. A música mais popular de Mariana no Spotify é "Sons de Amor", gravada ao lado do rapper Rael.
"A coisa diferente do Rael é que é um rap mais cantado, mais melódico. Eu o conheci em um show dele quando estava lançando o último disco, 'Coisas do Meu Imaginário'. Aí o Pedro deu a ideia de mandar uma música para o Rael. Eu pensei que nada a ver, estava super insegura. A gente se encontrou no estúdio e ele fez o rap em meia hora. E foi incrível."
Entre o YouTube e o futuro na música
"Eu acho que é uma questão de espalhar mesmo o som. Obviamente pretendo fazer mais músicas, mas agora mesmo é poder espalhar essas músicas pelo país, fazendo turnês e shows", define Mariana sobre os próximos passos na música. Mesmo consolidando cada vez mais a carreira "profissional", a jovem garante que não deixará de lado o YouTube e ainda vai continuar postando seus covers preferidos.
Com quase 4 milhões de inscritos em seu canal e mais 4 milhões seguindo tudo o que ela posta no Instagram, Mariana tem um séquito on-line que quer vê-la se apresentando ao vivo e entregando materiais autorais, passando da tela do celular para o mundo real.
"Quando eu comecei a gravar vídeo, não existia essa coisa de 'youtuber'. As pessoas me encaixaram nele, porque existia toda essa onda. Mas eu acho que é uma transição que precisa ser feita com calma. Eu nunca vou deixar de ser, por exemplo, a Mariana que fazia cover. Acho que é um processo muito natural, das pessoas compreenderem isso comigo, porque eu também estou entendendo agora como é."
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