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78% de personagens do Oriente Médio em séries são terroristas, aponta estudo

Rami Malek é Elliot Alderson na série "Mr. Robot" - Reprodução
Rami Malek é Elliot Alderson na série "Mr. Robot" Imagem: Reprodução

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

10/09/2018 11h15

Um estudo da MENA Arts Advocacy Coalition (MAAC) aponta que 78% dos personagens do Oriente Médio e do Norte da África que apareceram em séries americanas entre 2015 e 2016 foram retratados como terroristas, espiões, soldados ou ditadores.

O estudo divulgado pelo "Deadline" nesta segunda-feira (10) estudou mais de 242 séries exibidas em canais abertos, fechados e serviços de streaming entre os dois anos apontados.

A MAAC aponta que apenas 1% dos personagens regulares em séries de TV norte-americanas são de descendência árabe ou norte-africana, enquanto esse grupo étnico representa 3,2% da população dos EUA.

Cerca de 92% das séries analisadas não tem nenhum personagem com esta descendência no seu elenco regular. Enquanto isso, 67% dos personagens árabes ou norte-africanos falam com um sotaque, o que reforça a noção de que eles "não são realmente americanos", segundo o estudo.

A MAAC aponta, no entanto, alguns exemplos de boa representação na TV: Em "Mr. Robot", o protagonista Elliot Anderson é interpretado por Rami Malek, que é de descendência egípcia; e Necar Zadegan, uma atriz de descendência iraniana, aparece como uma advogada em "Girlfriend's Guide to Divorce".

Ennis Esmer (o tenista Nash em "Red Oaks"), Yara Shahidi (a Zoey de "Black-ish"), Jaime Camill (o Rogelio de "Jane the Virgin"), Tony Shalhoub (o Abe de "The Marvelous Mrs. Maisel") e Michael Malarkey (o Enzo de "The Vampire Diaries") também são atores de origem árabe ou norte-africana que brilham em séries de TV.

"Hollywood precisa superar o estereótipo de terroristas e ditadores ao retratar essas pessoas", comenta Nancy Wang Yuen, uma das autoras do estudo. "Esse tipo de retrato pode ter efeitos negativos de verdade. Criar personagens diferentes e mais complexos para pessoas de origem árabe ou norte-africana pode combater preconceitos e aumentar a rejeição a políticas públicas prejudiciais".