Hungria Hip Hop celebra parceria com Mano Brown e explica seu rap "da paz"
O “Beijo com Trap” de Hungria Hip Hop virou hit no YouTube, com 51 milhões de visualizações. De um lado a batida pesada do som da moda, o trap, e de outro a mensagem sensual que marca o trabalho do rapper. Crítico do rap com o que chama de “protestos violentos”, ele se uniu recentemente a um de seus representantes, Mano Brown. A parceria já foi vista no clipe de “Beijo com Trap”, e agora eles preparam uma música juntos, para manter o brasiliense no posto dos mais ouvidos do momento.
Em entrevista ao UOL, Hungria relembrou como foi conhecer o ídolo Mano Brown, com direito a visita ao Capão Redondo, em São Paulo. Ele conta que um produtor mostrou ao líder do Racionais MC’s uma de suas músicas – “acho que foi ‘Lembranças’, ou ‘Dubai’” -, e que Mano quis conhecê-lo.
“Os empresários conversaram e a gente combinou. Eles estavam lá no Capão, fui na casa do Ice Blue e a gente se conheceu. A gente é irmão, estamos junto quando podemos”, diz Hungria, de 27 anos.
É uma amizade que se tornou sincera
Hungria sobre parceria com Mano Brown
Em “Beijo com Trap”, Mano participa apenas do clipe e aparece ostentando em carrões com Hungria, mostrando a “brodagem” dos dois. Resta aguardar para saber como será a conexão musical entre eles, já que o veterano rapper tem soado mais leve com seu projeto solo "Boogie Naipe".
“O Mano é um cara que fez história no rap. Agora estamos na fase da escrita de uma música juntos. Estamos em estúdio para fazer essa música, que vai sair como ‘Hungria, com participação de Mano Brown’”, explicou o rapper, que sabe do desafio de falar para o exigente público de Mano. A faixa ainda está em fase inicial de composição e produção, e ainda não tem nome e nem previsão de lançamento.
Em um cenário musical em que uma mão lava a outra, uma outra parceria ajudou Hungria a se manter nas cabeças, quando ele participou de “Eu Vou Te Buscar”, com Gusttavo Lima. “Foi muito importante pra minha carreira, por levar o rap pra outro estilo. Engrandeceu muito o nosso nome e nosso trabalho. A força do sertanejo é muito grande e ele ter abraçado a ideia foi muito legal para nosso som ser visto por outro público, para mostrar que o rap tem uma musicalidade diferente.”
Menos guerra, mais paz no rap
Hungria vem bombando desde 2016 e seu estilo chegou a ser chamado de “rap universitário”, por suas letras cheias de paz e amor – além de muita ostentação, carrões e mulheres. Críticas à parte, a aposta se mostrou um sucesso. A ponto de ele criticar o outro lado.
“O rap não tocava em rádio pela mensagem que passava. Hoje está em TV, rádio, casa de família. O protesto violento não existe mais, esse protesto que barrava nossa entrada. O rap não era vinculado a dinheiro, era: ‘Rap é da quebrada, rap é por amor’. Quem canta tem que ganhar sim, é um trabalho honesto. Hoje a gente consegue ver isso, pessoas do rap vivendo bem, de carro bom”, opina ele.
“Cada um tem seu protesto, mas acho que antes protestavam de um jeito errado, era contra guerra, mas falando em guerra. Exaltavam o crime. Na quebrada tem isso, mas não precisa exaltar o que tem errado, a quebrada tem coisas boas também. Se você não quer uma coisa, tem que falar o inverso dela”, completa.
Apesar das divergências, quando se fala em Racionais Hungria é só elogios. “Racionais o mundo todo escutou, não tem como gostar de rap e não gostar do som deles. Tem que respeitar a história de quem fez história, e eles fizeram nessa cena que temos hoje”.
Hungria se vê no papel de ajudar a popularizar o estilo, que vive grande frase. “Acho que é mais um degrauzinho que estamos pisando. O Hungria é um moleque que canta, mas não tá dentro da mídia. E [com o sucesso] a gente vê o poder da rua, das pessoas que veem nossos clipes e vê onde isso pode nos levar. Quero levar o rap pra casa das pessoas e mostrar como ele pode ajudar”.
Essa visão é o que se vê em seu novo projeto, A Reunião, que terá sua primeira edição dia 22 de setembro, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. “É uma reunião de pessoas do bem, quero fazer para todo mundo cantar junto, sorrir junto, se abraçar”. As atrações confirmadas até aqui, além dele, são os Pacificadores e a dupla sertaneja Diego & Victor Hugo.
Hungria comemora ver os sonhos se tornando realidade, mesmo com algumas críticas e quer mais. 51 milhões de views para “Beijo com Trap”? Ele gostaria de ver o número chegar a 500 milhões só neste vídeo.
“Eu, de moleque, sempre fui cheio de sonhos e temente a Deus. São 14 anos que eu luto. Sofri muito, até pelas pessoas de dentro de rap, de falarem que era rap de playboy, que virou modinha. Mas acreditei e a gente conseguiu fazer virar real”, conclui Hungria Hip Hop, que só no YouTube já tem mais de 1 bilhão de visualizações.
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