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Estrela dos anos 80, Kathleen Turner vê salários de Hollywood como "imorais"

Neilson Barnard/Getty Images/AFP
Imagem: Neilson Barnard/Getty Images/AFP

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

03/09/2018 10h46

Kathleen Turner  já foi uma das maiores estrelas de Hollywood, conseguindo uma indicação ao Oscar por "Peggy Sue, Seu Passado a Espera" (1986) e aparecendo ao lado de Michael Douglas em aventuras românticas como "Tudo Por Uma Esmeralda" (1984). Em uma nova entrevista ao "Observer", no entanto, Turner critica o sistema milionário da indústria cinematográfica americana.

"As centenas de milhões de dólares que os estúdios gastam em filmes hoje em dia... Eu acho isso imoral", comenta. "Quanto dinheiro uma pessoa realmente precisa? Você só pode morar em uma casa por vez. Talvez fosse melhor designar que os estúdios doem uma parte do orçamento para organizações ou instituições educacionais".

Turner defende que homens e mulheres recebam o mesmo salário "caso carreguem o filme juntos, ou tenham condição de coprotagonistas", mas acha que os salários astronômicos de astros e estrelas como Robert Downey Jr. e Jennifer Lawrence precisam ser reduzidos.

A atriz ainda sugere que o dinheiro seja "redirecionado" para outros setores da produção, como o controle de qualidade dos roteiros que são produzidos. Turner também defende que atores deveriam ter mais tempo para ensaiar as cenas antes de ir para as filmagens.

A atriz está prestes a lançar o livro "Kathleen Turner on Acting", em que conversa com o historiador de cinema Dustin Morrow sobre sua arte. Nele, Turner argumenta que mais tempo de ensaio iria fazer estúdios economizarem dinheiro: "No ensaio, não é preciso pagar pela locação, ou pelas dezenas de pessoas da equipe técnica. Se nós, atores, pudermos decidir nossas escolhas antes de filmar, em um ensaio, tudo correria mais rápido na hora da 'ação'", escreve.

Turner revela que seus filmes com Francis Ford Coppola ("Peggy Sue") e Lawrance Kasdan ("Corpos Ardentes" e "O Turista Acidental") foram os únicos em que teve um tempo "adequado" de ensaio. A atriz ainda critica Hollywood por prender atrizes e atores em determinados gêneros, hesitando em escalá-los em papéis diferentes.

"Isso ocorre ainda mais com as mulheres do que com os homens", opina. "Há uma cultura na sociedade norte-americana, e na produção de filmes de Hollywood, que acha que as mulheres são fáceis de substituir, são meros objetos de cena".

Errata: este conteúdo foi atualizado
O diretor de "Corpos Ardentes" e "O Turista Acidental" se chama Lawrence Kasdan, e não Larry Kasdan como estava na primeira versão do texto. O erro foi corrigido.