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Último filme de Orson Welles, lançado após 48 anos, pode concorrer ao Oscar

O diretor Orson Welles - Reprodução
O diretor Orson Welles Imagem: Reprodução

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

31/08/2018 13h26

48 anos se passaram desde que Orson Welles gravou as primeiras cenas de "O Outro Lado do Vento", um projeto que o lendário cineasta, que morreu em 1985, deixou incompleto. Graças à Netflix e a uma equipe dedicada de restauradores, o filme finalmente viu a luz do dia nesta quinta-feira (30) no Festival de Veneza, com a estreia no serviço de streaming marcada para 12 de novembro.

Uma questão interessante levantada pelo lançamento, no entanto, é esta: "O Outro Lado do Vento" pode concorrer ao Oscar? A resposta, como revela a "Variety" em nova matéria, é tecnicamente sim. O que ainda não foi revelado é como a crítica e os membros da Academia vão responder ao longa, descrito como "uma viagem de ácido injetada com humor febril".

"O Outro Lado do Vento" mistura uma história épica de lealdade e traição com uma mais banal, mostrando vários diretores megalomaníacos de Hollywood brigando pelo lançamento de um novo filme. O protagonista, Jake Hannaford (interpretado por outro lendário cineasta, John Huston), é definido como "uma paródia dos titãs do cinema clássico".

A "Variety" especula que, embora as categorias principais estejam provavelmente fechadas para um filme como "O Outro Lado do Vento", um prêmio especial pode ser recebido pela equipe que restaurou as cenas filmadas por Welles e realizou sua visão. A revista destaca o trabalho do editor Bob Murawski, já vencedor do Oscar por "Guerra ao Terror", ao coordenar as partes deixadas pelo cineasta e completar o filme com outras cenas.

A fotografia de Gary Graver, que mistura diversos formatos cinematográficos (16mm, 35mm, preto e branco) também merece consideração, segundo a "Variety". O diretor de fotografia, pouco conhecido fora de sua colaboração com Welles, se tornou muito próximo do cineasta, inclusive mantendo as cinzas do diretor em seu carro por um ano e meio após sua morte. Foi nos pertences dele que as cenas completadas de "O Outro Lado do Vento" foram encontradas, décadas depois.

O roteiro assinado por Welles e sua então amante, Oja Kodar (que também atua no filme), é outro aspecto do filme que pode aparecer na corrida do Oscar, assim como a trilha sonora de Michel Legrand, inspirada em ritmos do jazz. No entanto, a "Variety" sugere que, se a Academia mantiver suas tendências conservadoras, o filme pode passar em branco.

Uma indicação ou vitória para Welles, como diretor ou roteirista, marcaria o seu terceiro Oscar. Em vida, ganhou estatuetas pelo roteiro de "Cidadão Kane", sua obra-prima, e pelo conjunto da obra, em 1971.