"Pacto de Sangue": Série sobre apresentador que encomenda mortes estreia hoje
Paulo Pacheco
Do UOL, em São Paulo
27/08/2018 04h00
Um surto de violência apavora o Pará, e apenas um programa policial, comandado por Silas Campello (Guilherme Fontes), informa os crimes hediondos com exclusividade. Em "Pacto de Sangue", série que estreia no canal pago Space nesta segunda-feira (27), o apresentador busca audiência com notícias sensacionalistas, mas esconde seu envolvimento nas mortes.
Com a ajuda de seu irmão, Edinho (Adriano Garib), Campello mantém conexões e alianças perigosas para conquistar fama e poder e, consequentemente, tornar-se uma das figuras públicas mais influentes da região.
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"Silas é um dos papéis mais ricos que tive o prazer de receber nos últimos tempos. É um personagem inescrupuloso, que não mede esforços por audiência, não tem problema de sujar as mãos para conseguir o melhor produto, a melhor reportagem", descreve Guilherme Fontes ao UOL.
O protagonista da série admite que já viu muitos programas policiais, como "Aqui Agora", do SBT --"Quem não assistiu a programas que respiram sangue?"--, mas evita comparar o jornalista a outros do gênero, como José Luiz Datena: "Ele pega mais embaixo, pega bem mais pesado. É um personagem com muito menos medo de chafurdar na lama".
Em oito episódios, a série abordará do tráfico de drogas ao turismo sexual. A onda de criminalidade faz a polícia montar uma força-tarefa liderada por Lucas Soares (André Ramiro) e Roberto Moreira (Ravel Cabral).
"Ele é um investigador paulistano enviado até Belém para se envolver com um caso de homicídio. Ali, ele descobre que a rede é muito maior", conta Ravel. Os policiais serão levados para o coração da Amazônia e se depararão com rituais espirituais e uma rede de narcotráfico organizados por Trucco (Jonathan Haagensen) e Gringa (Mel Lisboa).
A atriz admite ter sentido desconforto por se aproximar de temas sensíveis à sociedade, principalmente às mulheres: "Gringa lida com coisas muito pesadas. Ela é líder de uma seita que envolve drogas e sacrifício humano e tem uma relação com o traficante Trucco. Também há a questão do tráfico de mulheres e tudo que acontece na fronteira da região amazônica, que não ficamos sabendo nem 10% do que acontece".
Diretor nega inspiração em caso real
"Pacto de Sangue" começou a ser gravada em 2016, ainda com o título provisório de "A Lei", e a partir da criação do diretor uruguaio Lucas Vivo. Ele nega qualquer inspiração em casos reais como o do ex-deputado amazonense Wallace Souza, morto em 2010, acusado pela Polícia Civil de mandar matar traficantes de drogas para aumentar a audiência de seu programa de TV.
"É baseada no drama grego, porque é uma história que tem sua origem na jornada do herói. Esta figura que desenvolve situações de poder é comum tanto no Brasil quanto na Argentina, no Uruguai, na Venezuela, na Bolívia. Aposto que a série, além de ser muito interessante para o mercado brasileiro, fala de um momento cultural e social que atravessa toda a América Latina", explica Lucas Vivo.
O elenco conta também com Fulvio Stefanini, Gracindo Jr., Cristina Lago e Paulo Miklos. Com direção do brasileiro Tomás Portella e do uruguaio Adrián Caetano, roteiro do argentino Patrício Vega e colaboração de Ricardo Grynszpan, "Pacto de Sangue" é uma coprodução do Space com a Intro Pictures.