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Atriz conta como produção da série "Chewing Gum" reagiu após abuso

Michaela Coel em "Black Mirror" e em "Chewing Gun" - Reprodução e Montagem UOL
Michaela Coel em "Black Mirror" e em "Chewing Gun" Imagem: Reprodução e Montagem UOL

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

22/08/2018 15h36

Michaela Coel, criadora e estrela da série "Chewing Gum", lançada no Brasil pela Netflix, revelou durante palestra no Festival de Televisão de Edimburgo que sofreu abuso sexual na época em que filmava a comédia. A informação é do site "Deadline".

Coel ainda refletiu sobre a atitude da companhia de produção da série, Retort, embora tenha frisado que o abuso não ocorreu "dentro dos escritórios da empresa ou por algum funcionário da empresa".

"Eu estava virando a noite no trabalho, tinha que entregar um episódio as 9 da manhã do dia seguinte", comentou. "Eu resolvi fazer um intervalo e encontrar uma amiga que estava por perto para tomar um drinque. A próxima coisa que eu me lembro é estar na frente do computador, no dia seguinte, digitando".

Coel contou que, pouco depois, teve um "flashback" em que se lembrou de ser abusada sexualmente por "um grupo de homens desconhecidos". "Logo depois de ligar para a polícia, liguei para os meus chefes. E então o dilema começou: Como operamos, nesse ramo, quando há uma emergência desse tipo?", questionou.

"De uma hora para a outra, todo mundo ficou muito ansioso, funcionários e chefes", continuou. "Nos próximos dias, todo mundo ao meu redor no trabalho ficou tentando descobrir onde a linha da empatia estava, e como me tratar, e o quanto exigir de mim. Quando há a polícia envolvida, e imagens de câmeras de segurança de homens desconhecidos carregando sua roteirista, adormecida, para lugares perigosos, como uma empresa deve agir?".

Coel terminou seu relato revelando que a Retort a enviou para uma clínica de recuperação psicológica e bancou a sua terapia até o fim das filmagens de "Chewing Gum". Ainda segundo ela, essa não foi sua única experiência com assédio sexual em ambientes profissionais.

"Uma vez, eu tinha vencido um prêmio por roteiro. Em uma festa depois da cerimônia, um produtor famoso da TV britânica se aproximou de mim, se apresentando. Eu disse: 'Ah, claro, prazer em conhecê-lo!'. Ele imediatamente me respondeu: 'Você faz ideia do quanto eu quero transar com você agora?'. Eu dei meia volta e fui embora. Deixei o meu acompanhante sozinho na festa. Ele me ligou mais tarde, irritado, dizendo que alguém tinha usado ofensas racistas se dirigindo a ele. Era o mesmo produtor", relatou a atriz.

Além de "Chewing Gum", Coel pode ser vista em outra produção da Netflix: a antologia "Black Mirror". A atriz surge no papel de Shania no episódio "USS Callister".