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Em novo processo, atriz alemã diz que Harvey Weinstein a estuprou em Cannes

Harvey Weinstein chega à corte dos EUA para se declarar inocente da acusação de estupro - Eduardo Munoz Alvarez/AFP
Harvey Weinstein chega à corte dos EUA para se declarar inocente da acusação de estupro Imagem: Eduardo Munoz Alvarez/AFP

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

21/08/2018 15h17

Harvey Weinstein está enfrentando mais um processo por estupro. Emma Loman, uma atriz e modelo alemã, acusa o produtor de estuprá-la em um quarto de hotel durante o Festival de Cannes de 2006.

Os advogados de Emma deram entrada no processo nesta segunda-feira (20), na Corte Distrital do Oeste da Califórnia, acusando o produtor também de violação de leis de tráfico humano, agressão e aprisionamento, e pedindo compensação financeira de pelo menos US$ 75 mil.

O documento judicial obtido pelo site "Deadline" ressalta que Weinstein "usou o seu status, que surgiu de suas muitas conexões com Los Angeles e com a indústria cinematográfica, que domina todo o mundo, para atrair a senhora Loman para o seu quarto de hotel no 59º Festival de Cannes, onde ele a estuprou".

Os advogados ainda descrevem como sua cliente conheceu Weinstein em 2004, no Festival de Veneza, onde os dois trocaram informações de contato para uma possível colaboração profissional. Depois de dois anos de silêncio da parte de Weinstein depois, Emma foi convidada por ele para comparecer a Cannes "como sua convidada", sob a promessa de aparece em um dos filmes do produtor.

O documento escreve que a atrilz inicialmente resistiu ao convite, mas que Weinstein foi persistente. "A assistente do Sr. Weinstein ligava para a Sra. Loman até 30 vezes por dia, dizendo que seria importante para ele e para a The Weinstein Company que ela comparecesse ao festival, para que eles pudessem discutir sua carreira como atriz", descrevem os advogados.

Emma Loman cedeu e foi se encontrar com Weinstein em Cannes, onde ele a chamou para o seu "escritório", um quarto de hotel. "Quando os dois entraram no quarto, o Sr. Weinstein imediatamente parou de agir de forma profissional, imobilizou a senhora Loman, e a estuprou. O Sr. Weinstein ainda se gabou de ter feito um teste de HIV e ter recebido um resultado negativo, de forma que retirou a camisinha que estava usando e continuou com o ato."

O relato continua com uma segunda ocasião em que a atriz, acreditando que seria capaz de escapar de Weinstein caso ele tentasse algo semelhante, compareceu a outra reunião com o produtor e uma segunda mulher. "O Sr. Weinstein disse que queria fazer sexo com as duas ao mesmo tempo, de forma que a senhora Loman tentou deixar o quarto. O senhor Weinstein ameaçou a senhora Loman, bloqueando sua saída e dizendo que chamaria seus seguranças caso ela tentasse fugir".

Segundo os advogados, o produtor então "mudou de tática", começando a chorar e implorar para que a atriz não contasse a ninguém o acontecido. A atriz deixou o quarto e não ouviu falar de Weinstein até anos mais tarde, quando tentava conseguir financiamento para um filme que iria estrelar. Segundo o relato, Weinstein comprou os direitos do filme e remove Emma do projeto como vingança pelo ocorrido em Cannes.

O documento do processo ainda aponta que um dos assistentes de Weinstein "demonstrou saber sobre a sua conduta e não se importar, levando a senhora Loman para o quarto de hotel" onde ocorreu o estupro. Emma Loman e seus advogados também acusam a mesa de diretores da The Weinstein Company de proteger a conduta de seu fundador, colocando seis seguranças na porta do quarto para assegurar que a atriz não fugiria.

Os advogados de Weinstein não responderam à nova acusação até o momento da publicação deste texto. O produtor atualmente aguarda julgamento em Nova York por outros casos de assédio sexual e estupro.