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Fundadora do #MeToo: Acusação contra Asia Argento não pode destruir movimento

A ativista Tarana Burke - Getty Images
A ativista Tarana Burke Imagem: Getty Images

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

20/08/2018 12h57

Fundadora do #MeToo, a ativista Tarana Burke defendeu o movimento após o jornal "The New York Times" revelar que a atriz Asia Argento foi acusada de abusar sexualmente de um ator menor de idade. No ano passado, Argento foi uma das mulheres que denunciaram o produtor Harvey Wenstein por assédio sexual.

Para Burke, adversários do #MeToo "tentarão usar essa história para tirar o crédito do movimento". Ela avisa, no entanto, que isso não pode acontecer: "Nós não somos espectadores desse movimento, ele é gerado pelas pessoas. As pessoas têm o direito de falar: 'Isso aqui não representa o movimento'!".

"Eu já disse repetidamente que o movimento #MeToo é para todos nós, incluindo esses jovens e corajosos homens que estão começando a falar sobre suas denúncias", disse ainda. "Continuará sendo espantoso quando os nomes de algumas das nossas pessoas favoritas forem conectados à violência sexual, a não ser que tiremos o foco dos indivíduos e comecemos a falar sobre poder".

"Violência sexual é sobre poder e privilégio. Isso não muda quando a criminosa em questão é sua atriz, ativista ou professora favorita", continuou. "Não importa o gênero. Nós não mudaremos a cultura [em torno de assédio sexual] a não ser que mudemos o foco dessa narrativa. Minha esperança é que, quanto mais pessoas falarem sobre suas experiências, especialmente homens, nós possamos nos preparar para conversas realmente difíceis sobre poder, humanidade, privilégio e dor".

"O objetivo desse movimento não é tanto sobre estabelecer uma punição [aos acusados], mas sim sobre diminuir a dor [das vítimas]", concluiu. "Uma mudança pode acontecer. Esse movimento está abrindo espaço para isso. Mas isso só pode se concretizar quando realmente começarmos a nos acostumar com o fato de que não existe uma forma única de cometer violência sexual, nem uma sobrevivente modelo".