Josie Totah, estrela teen da série "Campeões", revela ser transexual
Josie Totah, estrela de 17 anos da sitcom "Campeões", exibida no Brasil pela Netflix, revelou ser transgênero em um artigo para a revista "Time". Conhecida profissionalmente como J.J. Totah, ela detalha porque resolveu se assumir agora.
"Atuar sempre foi minha paixão. Eu me sinto muito grata por ter conseguido papéis em séries como 'Campeões', e sei que sou sortuda por poder fazer o que amo. Por outro lado, sinto que me deixei ser colocada em uma caixinha: 'J.J. Totah, garoto gay'", começou ela.
Totah conta a seguir que todos ao seu redor sempre "presumiram" que ela era um garoto gay, e que isso se transferiu para a sua carreira quando começou a atuar. "Inúmeros repórteres já me perguntaram em entrevistas como eu me sentia como um jovem garoto gay. Eu fui apresentada para pessoas dessa forma e recebi um prêmio de uma organização pelos direitos LGBTQ+. Eu entendo que essas pessoas não sabiam o que eu estava sentindo. Eu sentia que devia às pessoas ser um garoto gay, mas essa nunca foi a forma como enxerguei a mim mesma", escreveu.
A jovem atriz ainda conta que o medo de não ser aceita preveniu que ela contasse para as pessoas antes a forma como se sentia. "Eu tinha medo que os fãs que me conheciam de alguma série da Disney fossem ficar confusos. O que percebi nos últimos anos foi que esconder minha verdadeira identidade não é saudável. Eu sei agora, mais do que nunca, que estou pronta para dar esse passo e me tornar eu mesma. Estou pronta para ser livre."
"Meus pronomes são 'ela' e 'dela'. Eu me identifico como uma mulher, especificamente uma mulher transgênero. E meu nome é Josie Totah (...) Isso não é algo que aconteceu de uma hora para outra, nem uma escolha que eu fiz. Quando tinha cinco anos, muito antes de sequer entender a palavra 'gênero', sempre dizia para a minha mãe que queria ser uma garota. Desde que eu aprendi a falar, dizia: 'Me dê um vestido!'. Eu sempre soube, em um nível ou outro, que era uma mulher."
Totah por fim relatou como assistir ao reality show "I Am Jazz", que acompanha a estrela transgênero Jazz Jennings, fez com que ela dissesse para sua mãe que queria passar por terapia de hormônios e começar o processo de transição. A mãe da jovem atriz apoiou Totah, que descreve como a terapia de hormônios preveniu que ela passasse por processos da puberdade masculina, que ela temia.
"Ainda há muitas coisas que me assustam. Documentos de identidade podem ser muito difíceis para pessoas transgênero", comentou. "Eu sinto medo de que, quando alguém olhar para a minha carteira de identidade e para mim, eu não possa entrar onde quero entrar por causa de quem eu sou. Eu sinto medo de que ser transgênero me limite dessa forma. E sinto medo de ser julgada e rejeitada, ou de que as pessoas olhem para mim de forma diferente."
"No entanto, quando minha família e amigos me chamam de Josie, sinto que estou sendo vista e reconhecida. É algo que todo mundo quer em sua vida. Como uma pessoa semi-religiosa que foi para a escola católica, eu acredito que Deus me fez transgênero", escreve. "Eu não sinto que fui posta no corpo errado. Eu não sinto que houve algum erro em mim. Eu acredito que sou transgênero para ajudar as pessoas a entenderem melhor as diferenças. Isso permite que eu ganhe perspectiva, e aceite mais as outras pessoas, porque eu sei como é ser diferente de todo mundo."
Por fim, Totah contou ainda sobre sua experiência na série "Glee", onde interpretou Myron Muskovitz. "Eu assistia Lea Michele, e ela era fabulosa. Eu amava ver as garotas colocando vestidos e se apresentando em números musicais luxuosos. Ao mesmo tempo, isso era difícil, porque eu queria ser elas. É algo que eu senti em quase todos os projetos nos quais atuei."
Para finalizar, a atriz revelou que está prestes a ir para a faculdade, mas que não vai largar a carreira na frente das câmeras. "Eu planejo interpretar papéis que não tive a oportunidade de interpretar até hoje. Eu só posso imaginar o quanto vou me divertir interpretando alguém que divide a minha identidade, ao invés de um garoto. Eu vou atrás desses papéis, sejam mulheres transgênero ou cisgênero. Para mim, é um novo começo —e um novo mundo."
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