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Fome, guerra e ditadura: Como filmes e séries "previram" o ano de 2018

Hitler cavalgando de Tiranossauro rex? Aconteceu em "Iron Sky 2" - Reprodução
Hitler cavalgando de Tiranossauro rex? Aconteceu em "Iron Sky 2" Imagem: Reprodução

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

19/08/2018 04h00

Vislumbrar o futuro, normalmente da forma obscura e apocalíptica, é uma das maiores e mais marcantes obsessões da ficção científica. Há pelo menos dois séculos, o gênero nos mostra que o mundo pode vir a ser um local muito mais difícil e inóspito, caso continuemos vivendo da mesma maneira que vivemos.

O ano de 2018, por exemplo, já foi detalhado diversas vezes em filmes, séries e livros, em cenários. Os cenários distópicos variam de ditaduras corporativas ao fim dos recursos naturais, passando pelo domínio tecnológico e por catástrofes de todos os tipos.

Algumas previsões são menos apocalípticas, embora igualmente interessantes.

Veja abaixo como nosso presente já foi visto um dia e o quanto chegamos perto disso.

Vachel Lindsay, autor de "The Golden Book of Springfield" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Livro "The Golden Book of Springfield", de Vachel Lindsay (1920)

Como ele previu 2018: Na história, os moradores de Springfield, no Estado americano do Illinois, lutam por um mundo melhor combatendo políticos obscuros, o consumismo desenfreado e a cocaína. As pessoas querem criar uma "cidade paraíso", com educação, civilidade, tecnologia e espiritualidade convivendo em plena harmonia. Há também máquinas voadoras, que são alvo de disputa.

Estamos próximos? Não. Inspirado na Bíblia, em Emanuel Swedenborg e em Karl Marx, o enredo é uma espécie de metáfora sobre a paz mundial e a harmonia. A história imagina um mundo de respeito às diferenças e onde o bem comum está acima de qualquer outra. Utopia demais para nossa mera realidade.
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Imagem da série "Doctor Who" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Série de episódios "The Enemy of the World", do seriado "Doctor Who" (1967-1968)

Como eles previram 2018: A Terra é devastada por terremotos e inundações. Há fome generalizada, agravada pela superpopulação. Politicamente, o planeta passa a se dividir em zonas supervisionadas pela chamada World Zone Authority, sucessora nada pacífica da ONU. O inimigo é Salamander, um cientista e político que quer dominar o mundo usando o poder de vulcões.

Estamos próximos? Não. Catástrofes naturais continuam acontecendo, mas nenhum na escala global e apocalíptica mostrada em "Doctor Who". O caos geopolítico com o fim da ONU ainda não aconteceu. Ela continua existindo e com influência, apesar de os Estados Unidos terem deixado este ano o Conselho de Direitos Humanos.

Imagem do filme "Rollerball" (1975) - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Filme "Rollerball" (1975)

Como ele previu 2018: O mundo é dominado por grandes corporações que detêm o monopólio dos serviços e bens de consumo. Os livros foram reescritos e resumidos por empresas em computadores. O principal divertimento é assistir ao rollerball, um esporte ultra-violento disputado por patinadores selvagens. Em casa, as famílias contam com vários monitores para acompanhar as disputas.

Estamos próximos? Relevando todo o verniz distópico da história, não é exagero afirmar que, de certa forma, já vivemos boa parte dessa realidade. Acessamos a internet e os bancos de dados digitais mais do que lemos livros. Multi-tela? Temos. Um novo e popular esporte violento? Há o MMA.

Imagem da série “SeaQuest DSV" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Série "SeaQuest DSV" (1993 - 1996)

Como ela previu 2018: Na era da tecnologia, o homem se vê obrigado a colonizar a última região inexplorada da Terra: o fundo do oceano. Os recursos naturais do planeta estão nas últimas. Debaixo d'água, uma nova configuração geopolítica dita as regras, e os golfinhos podem se comunicar com humanos por meio de um dispositivo de tradução.

Estamos próximos? Não, mas existem cientistas que enxergam com bons olhos a vida humana submarina. Segundo previsões do relatório SmartThings Future Living Report, as pessoas poderão viver em "cidades-bolhas" submarinas em 2116, com tecnologia de construção rápida e aviões não tripulados.

Cena da série “Babylon 5" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Episódio "The Illusion of Truth", da série “Babylon 5" (1997)

Como ele previu 2018: A série de ficção científica, que se passa num futuro distante, indica que a primeira colônia lunar foi inaugurada no ano de 2018, no Mar da Tranquilidade, local do histórico pouso do módulo lunar Eagle, da Apollo 11, no dia 20 de julho de 1969.

Estamos próximos? Sim. Há tecnologia. Estados Unidos, Rússia, China, Japão a União Europeia, inclusive, já manifestaram desejo de colocar novamente o homem na Lua, agora para uma missão mais longa que incluiria a construção de uma base permanente de pesquisa. Os prazos para isso acontecer variam da década de 2020 à de 2030, antes da primeira viagem tripulada a Marte. É esperar para ver.

Cena do filme “Iron Sky” - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Filme "Iron Sky" (2012)

Como eles previu 2018: A comédia segue um grupo de nazistas que, após serem derrotados em 1945, fogem para a Lua, onde constroem uma frota espacial para retornar à Terra em 2018. Eles são a grande ameaça do mundo e especialmente dos Estados Unidos, que têm como presidente ninguém menos que uma paródia de Sarah Palin.

Estamos próximos? Não é necessário responder. A parte de ter uma celebridade no cargo de presidente, no entanto, é muito real.

Cena de "13º Distrito" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Filme "13º Distrito" (2014)

Como eles previu 2018: O remake estrelado por Paul Walker retrata uma Detroit em cacos, com mansões abandonadas que servem de abrigo a perigosos bandidos. Incapazes de combater a criminalidade, as autoridades decidem construir um imenso muro de contenção de 12 metros de altura em torno da área, considerada "zona proibida". O cenário é inspirado na Detroit real que em 2013, atolada em dívidas, decretou falência.

Estamos próximos? Sim e não. Em tempos de Donald Trump e crises migratória, ter muros separando aéreas e/ou seres humanos não é uma ideia absurda. Mas o fato é que, apesar de ainda ter muito imóveis e terrenos abandonados, Detroit já começou a ser reerguer economicamente. A realidade, que jamais chegou a esse ponto, já é outra.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado originalmente, Sarah Palin não é comediante, ela é uma política norte-americana. E o personagem em questão não a representava, ele é uma paródia de Palin. O conteúdo foi corrigido.