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Filosofia pop: Cortella e Mauricio de Sousa atraem multidão na Bienal do Livro

Mauricio de Sousa e Mario Sérgio Cortella na Bienal do Livro - Divulgação
Mauricio de Sousa e Mario Sérgio Cortella na Bienal do Livro Imagem: Divulgação

Renata Nogueira

Do UOL, em São Paulo

11/08/2018 15h00

O que você faria às 11h da manhã em um sábado de sol depois de dias seguidos de frio e de chuva? Em São Paulo, muita gente escolheu vir ao penúltimo dia da Bienal do Livro para ouvir as palavras de Mario Sérgio Cortella e de Mauricio de Sousa, que falaram de educação e filosofia no principal palco do evento que termina neste domingo (12).

O filósofo e o desenhista falaram durante uma hora para uma multidão que lotou a Arena Cultural, o maior espaço de debate dentro do Pavilhão de Exposições do Anhembi. A reunião faz parte do lançamento de "Vamos Pensar + Um Pouco", que saiu no final de 2017.

Voltado ao público infantojuvenil, o livro reúne as ideias do professor Mário Sérgio Cortella com as ilustrações do criador da "Turma da Mônica". Com conceitos acessíveis de filosofia, Cortella mostrou na Bienal que acumula quase tantos fãs e seguidores quanto o pai da Mônica.

Com o debate aberto ao público, ele recebeu algumas declarações de amor públicas e muitos comentários de gente agradecendo por seus vídeos. No YouTube, o canal do Cortella acumula quase 170 mil inscritos e é atualizado duas vezes na semana, sempre com ensinamentos do escritor, filósofo e professor.

Estacionamento de filhos

Mauricio de Sousa aproveitou a oportunidade de falar sobre educação para alfinetar com classe os pais que não acompanham a vida escolar dos filhos. Citando o Japão como exemplo, e recordando da presença dos próprios pais em sua formação, ele criticou aqueles que "veem a escola como estacionamento dos filhos".

Ele ainda conheceu uma fã grávida que vai batizar o filho de Bento (em homenagem ao Chico Bento) e pediu que o desenhista mandasse um recado para a criança ainda não nascida. "Seria interessante que vocês acompanhassem o Bento para a escola. Aí provavelmente ele não vai falar errado como o Chico Bento", aconselhou.

Morte na Turma da Mônica?

Tabu, o tema morte também chegou ao pai da Turma da Mônica na pergunta de uma jovem leitora preocupada se, em algum dia, um personagem de Mauricio de Sousa vai morrer.

"Logicamente eles não vão morrer comigo. Vão permanecer perenemente. Eles estão nas cabeças de vocês todos. Enquanto houver crianças, eles estarão vivos na memória. Personagens bons não morrem", respondeu o cartunista para o alívio geral da multidão de fãs.

Ajudinha extra

Aos 64 e 82 anos, respectivamente, os autores de "Vamos Pensar + Um Pouco" ainda ganharam uma ajudinha extra da tecnologia para divulgar a obra. No estande da Microsoft, empresa que faz sua primeira participação em uma Bienal do Livro, o público podia interagir com um robô que tirava dúvidas sobre o livro.

Ali, o robozinho Assistente Literário Inteligente, da Microsoft, tira dúvidas sobre livro na Bienal - Divulgação - Divulgação
Ali, o robozinho Assistente Literário Inteligente, da Microsoft, tira dúvidas sobre livro na Bienal
Imagem: Divulgação

Ali, o Assistente Literário Inteligente, respondia dúvidas sobre os conceitos do livro de Mário Sérgio Cortella e Mauricio de Sousa, e também sobre os autores.

Baseado em inteligência artificial, Ali conversou horas a fio com crianças e adultos que faziam filas para interagir com o robozinho. Para quem não conhecia bem a obra, um pote com questões impressas em papel sobre a filosofia aplicada ao dia a dia ajudavam na conversa, unindo as velhas e novas ferramentas de educação.

Público gasta mais

Como em toda Bienal do Livro, o segundo e último final de semana costuma ser o mais concorrido. O número oficial de público só será divulgado na próxima segunda-feira, mas visualmente este sábado é o dia mais cheio do evento desde o seu início em 3 de agosto.

O sucesso de pré-venda de ingressos (120 mil em 2018 contra 25 mil em 2016) e a alta nos gastos por pessoa dentro da feira dão uma prévia de um possível público recorde. Segundo a organização, até agora o ticket médio (valor gasto por cada pessoa que visita a Bienal) subiu 33% em relação à última edição.

Em 2016, os visitantes gastaram em média R$ 121,98 ao visitar a Bienal do Livro. Neste ano, o valor gasto por pessoa subiu para R$ 160,40, um número que ainda pode mudar, já que os visitantes têm até o final deste sábado e o domingo (12) para vir ao Anhembi. Neste último final de semana, o evento estará aberto entre 10h e 22h (com entrada até 21h).