Anavitória vive amor livre em filme sobre história da dupla: "É como enxergamos"
A história da dupla Anavitória sempre pareceu uma fábula. Duas vozes doces que se uniram pela música e que, em menos de dois anos, deixaram Araguaína, em Tocantins, para espalhar pelo Brasil canções fofas embebidas de amor. Por que, então, não reinventar essa história em forma de filme?
A ideia de "Ana e Vitória" (assim mesmo, desmembrando pela primeira vez essa amálgama) saiu da cabeça do empresário Felipe Simas, antes mesmo de elas lançaram o primeiro disco homônimo em 2016, emplacarem hits em novelas, rádios e playlists, e amarrarem parcerias (de Projota a Matheus & Kauan), além de um show especial ao lado de Nando Reis.
Se por um lado o filme, que estreia nesta quinta-feira (2) nos cinemas, retrata fielmente o encontro das garotas por acaso até serem descobertas pelo empresário (que aparece em sua versão ficcional na pele do ator Bruce Gomlevsky), por outro cria situações com pinceladas na fantasia para chegar próximo da intimidade de cada uma.
Com roteiro e direção de Matheus Souza (cineasta carioca que apareceu na cena há quase dez anos com um filme adulto sobre a adolescência, "Apenas o Fim"), "Ana e Vitória" injeta ainda mais humor na graça já natural de Ana Caetano e Vitória Falcão, ambas com 23 anos.
Elas explicam --e se complementam. "É uma autoficção", conta Vitória, de cabelos e personalidade esvoaçantes. "Desenterramos histórias dos nossos 16 anos de idade e contamos para o Matheus. E rolou esse mundo paralelo. Só os 'eventinhos' que têm uma ou outra coisa diferente".
De olhar mais tímido, mas respostas sempre prontas, Ana brinca com a tentativa de explicar o filme: "É doido, dá uma 'bugada' na cabeça".
Relações libertas
Os "eventinhos", nesse caso, são os encontros e desencontros no amor típicos de uma geração, mas não menos intensos. E sem distinção de sexo. As relações fluidas se repetem, inspiram canções e movem a trama, uma espécie de episódio musical, mais liberto e mais engraçado, de "Malhação".
Hétero, gay ou bi? Mais do que um posicionamento sobre a sexualidade, a dupla afirma que é um pouco como elas se sentem: "É que essas coisas nos acontecem, e é como a gente enxerga as relações", explica Vitória. "[De forma] liberta", completa Ana.
Em uma cena do filme, a personagem de Ana aparece no meio de uma DR com a namorada, vivida pela influencer digital Clarissa Müller. A cantora explica que não pode assumir a relação porque tem uma mãe muito religiosa, uma referência que ela trouxe da vida real. Como foi então mostrar o filme para ela? "Ela ficou doida, menino, se tu soubesse", conta. "Mas agora ela já está se amarrando. Mas deu uma assustada no começo."
A personalidade de cada uma também é mantida fielmente na versão ficcional. "Eu acredito que vou casar e eu vou ficar pra sempre com a pessoa. E a Vitória é mais desapegada", diz Ana. Elas se entreolham e dizem juntas: "Até a página 15".
E já que o papel do filme, antes de tudo, é catalisar o sentimento das gerações mais novas, de tempos líquidos e "dates" marcados por aplicativos, os personagens sofrem com dúvidas e angústias, não apenas nas relações, mas também quanto a própria carreira.
"É [algo] de todo ser humano na verdade. Se eu estivesse fazendo outra coisa, eu também estaria me questionando: 'Caraca! Será?'. O tempo todo a gente está se perguntando se a gente tem que estar nesse lugar", explica Vitória, apontando para a própria cabeça. "Cabecinha de gente".
O filme termina com o encerramento da turnê do primeiro disco, o que aconteceu de verdade há poucos meses. De férias do palco, a dupla comenta que as novas composições para o próximo álbum -- das quais muitas estão no filme -- se baseiam nas próprias experiências e romances.
"Eu preciso disso. Também já escrevi música inventando uma parada, mas me toca mais quando sai tipo assim, visceral, você viveu aquilo, então você sofre junto com a música, ou ama junto com a música, eu prefiro", diz Ana, a compositora da dupla. "Sentir é importante, independente se é sofrendo ou não."
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