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Como a Netflix se prepara para um futuro sem Disney

Will (Noah Schnapp), Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin) em cena do trailer da segunda temporada de "Stranger Things" - Divulgação/Netflix
Will (Noah Schnapp), Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin) em cena do trailer da segunda temporada de "Stranger Things" Imagem: Divulgação/Netflix

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

29/07/2018 04h00

A Netflix vem se preparando desde 2013 para a debandada da Disney de seu catálogo, investindo em projetos originais que aumentam a independência do serviço de streaming, como filmes, séries, documentários, reality shows, talk shows e programas de variedades. Na mesma onda seguiu HBO, CBS, Showtime e Starz, que conseguiram agrupar seus projetos em um formato próprio. 

"A forma como encaramos isso é que nossos competidores querem seus conteúdos nos próprios serviços", disse o chefão da Netflix, Ted Sarandos, em uma recente entrevista para a imprensa internacional. "Essa foi a ideia que tivemos há muito tempo, quando apostamos em programação original".

Nos últimos três anos, a Netflix já gastou quase US$ 20 bilhões em um formato que também privilegia a programação licenciada. "Nós não temos um público-alvo em mente. O objetivo é ter o melhor conteúdo", disse David Wells, responsável pelas finanças da empresa. E pensar que tudo começou com "House of Cards", a primeira produção original do serviço de streaming que conquistou público e crítica, provando que as séries não estariam nem um pouco distantes do cinema. 

Cena do filme "Capitão América 2: O Soldado Invernal" - Reprodução - Reprodução
Cena do filme "Capitão América 2: O Soldado Invernal"
Imagem: Reprodução

Ao mesmo tempo, a trama mostrando o lado negro da política norte-americana encabeçado por Frank Underwood (Kevin Spacey) abriu oportunidade para os estúdios apoiarem ainda mais seus conteúdos próprios, tanto que a Netflix não ficou em choque quando a Disney anunciou o lançamento de uma plataforma de streaming para 2019, retirando grandes projetos como animações e filmes da Marvel da poderosa concorrente.

Apenas para 2018, a Netflix separou um orçamento de US$ 8 bilhões em mais de 700 produções originais, incluindo 80 títulos fora dos Estados Unidos -- como o sucesso alemão "Dark" e o brasileiro "3%". Wells admite que a ideia da empresa é "continuar mandando mais e mais material", já que desta forma está funcionando muito bem. O chefe de economia também analisa que os assinantes encontraram uma espécie de "religião" no serviço: "As pessoas não se importam de onde as histórias surgem".

E isso até que faz sentido. A plataforma encerrou o último ano com 117,6 milhões de assinantes espalhados pelo mundo, porém, a expectativa da empresa é ampliar seu domínio ainda mais, expandindo os gastos com marketing de US$ 1,3 bilhão para US$ 2 bilhões em 2018.

Sem precisar economizar no final do mês, vem por aí boas novidades na Netflix: oito projetos capitaneados por Shonda Rhimes (criadora de "Grey's Anatomy"), filme produzido por Will Ferrell e "The Irishman", a reunião inédita de Robert de Niro, Al Pacino e Martin Scorsese, cujo orçamento é avaliado em US$ 140 milhões. Isso sem contar as grandes séries originais que ainda carregam a fama do streaming, como "Stranger Things", "13 Reasons Why", "Black Mirror" e "Orange is the New Black".

Bianca Comparato em cena da primeira temporada de "3%", da Netflix - Pedro Saad/Netflix/Divulgação - Pedro Saad/Netflix/Divulgação
Bianca Comparato em cena da primeira temporada de "3%", da Netflix
Imagem: Pedro Saad/Netflix/Divulgação