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Opinião: Comic-Con prova que "Godzilla" é a melhor franquia da atualidade

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

22/07/2018 04h00

Uma pegada enorme e muito familiar "esmagou" a concorrência durante o painel da Warner Bros. na San Diego Comic-Con 2018, que aconteceu na tarde deste sábado (21). Enquanto os fãs de duas sagas diferentes aguardavam ansiosamente pelos trailers de "Animais Fantásticos", "Shazam!" e "Aquaman", a zebra da corrida acabou levando o prêmio: baixada a poeira do maior evento da Comic-Con deste ano, é absolutamente claro que a melhor novidade da Warner foi "Godzilla  II - Rei dos Monstros".

Quem está por dentro do universo de monstros montado pelo estúdio, no entanto, não deve ter se surpreendido com a qualidade da nova prévia. Apesar do nome, "Godzilla  II" (que estreia em 30 de maio de 2019) é o terceiro filme de sua franquia: vem depois de "Godzilla" (2014), que reapresentou o lagartão japonês para o mundo, e de "Kong: Ilha da Caveira" (2017), que trouxe uma nova versão do gorila gigante King Kong. Esses filmes devem culminar, é claro, na épica batalha entre os dois astros monstruosos - "Godzilla vs. Kong" está devidamente marcado para estreia em 21 de maio de 2020.

Nas bilheterias, "Godzilla" (US$ 529 milhões) e "Kong: Ilha da Caveira" (US$ 566 milhões) foram sucessos modestos para os padrões atuais de Hollywood, mas inspiraram confiança o bastante para que a Warner continuasse com a empreitada. Artisticamente, são triunfos dos talentosos cineastas contratados pelo estúdio - Gareth  Evans ("Rogue One: Uma História Star Wars") fez de "Godzilla" um thriller pé no chão, que, ao colocar o foco nos humanos da história, conseguia comunicar melhor o tamanho assustador da criatura; e J ordan Vogt-Roberts ("Os Reis do Verão") transformou "Kong" em um espetáculo kitsch repleto de homenagens a grandes filmes de guerra e uma sutil subversão de seus clichês mais nocivos.

"Godzilla  II - Rei dos Monstros" traz outro talento único para o grupo. Michael Dougherty ("Contos do Dia das Bruxas") mostrou suas credenciais de nerd para o público da Comic-Con, falando sobre a aparição de outros monstros dos filmes clássicos de "Godzilla" em sua nova produção. É verdade que Rei Ghidora, Mothra e Rodan fazem estreias impressionantes, e Dougherty promete que eles são "só o começo" de sua legião de criaturas, mas o que faz a prévia de "Rei dos Monstros" funcionar é uma lista de outras coisas que ela faz bem - com um visual único, o trailer é bem montado, com uma trilha sonora brilhante que reimagina o tema clássico de "Godzilla", e mostra o bastante para empolgar sem mostrar demais e estragar as surpresas do filme.

"Godzilla  II", como indica a narração da personagem de Vera Farmiga ("Bates Motel") no trailer, continua a nos mostrar o que acontece com o mundo quando os "titãs" que moram embaixo da Terra acordam para impedir que nós destruamos o planeta. A discussão ética ambiental da franquia é sincera e penetrante, mas não atrapalha na diversão de ver monstros gigantescos saindo na mão em telas de cinema, principalmente porque nenhum dos filmes se leva a sério o bastante para deixar que isso aconteça.

Da mesma forma, as referências aos filmes clássicos que criaram esses personagens estão aqui, mas integradas ao universo que a franquia está criando - ao contrário de tantas peças de cultura pop "recicladas" do passado, a série de filmes da Warner não depende nem se apoia na nostalgia. É verdade que o novo filme trará nomes conhecidos como Millie Bobby Brown ("Stranger Things") e Kyle  Chandler ("Bloodline") para o elenco do Monsterverse, "apelido" do estúdio para a franquia.

No entanto, se a tendência dos longas anteriores continuar, "Rei dos Monstros" nunca vai esquecer quem são seus verdadeiros astros: os próprios monstros. O que a Warner parece ter entendido, fundamentalmente, é que às vezes você só quer ir ao cinema para sentir as entranhas tremendo com o rugido de um lagarto radioativo de 100 metros de altura. O Hall H, na Comic-Con, certamente sentiu.