Cobrado por posicionamento, Gil dá opinião sobre "vil situação" em música
Nesta semana, o Instagram de Gilberto Gil apareceu sem fotos. No lugar, apenas um vídeo com imagens de entrevistas e programas de TV onde ele opina sobre Deus, saúde e política. "Lula é um preso político ou um político preso?", pergunta o cantor, enquanto na tela surgem supostas perguntas de internautas, como "Qual sua opinião sobre os dias de hoje?".
A ação é um aviso aos fãs. Após oito anos sem um disco de inéditas, o compositor baiano está prestes a lançar um novo trabalho em agosto, em que parece dar algumas dessas respostas. Ou, ao melhor estilo do cancioneiro zen do baiano, filosofar sobre as certezas e as imprecisões dessas pautas.
O primeiro single, "Ok Ok Ok", que dá nome ao novo trabalho, chegou às plataformas de streaming na manhã desta sexta-feira (20) e versa justamente sobre a cobrança para que Gil opine sobre a "vil situação", "enquanto os ratos roem o poder e os corações da multidão aos prantos".
Mesmo dizendo que seu "papo reto sai sobre patins a deslizar sobre os alvos e as metas", Gil parece dar um recado: "Dos tantos que me preferem calado / Poucos deles falam em meu favor / A maior parte adere ao coro irado / Dos que me ferem com ódio e terror".
Para quem acha os versos muito cifrados, o UOL apurou que Gil está cotado para ser a principal atração do Festival Lula Livre, evento que vai reunir, no dia 28 de julho no Rio de Janeiro, diversos artistas em um ato contra a prisão do ex-presidente. O evento foi convocado através de manifesto assinado por Chico Buarque e Martinho da Vila, entre outros.
Primeiro repertório inédito gravado por Gil desde "Fé na Festa" (2010), o disco com 12 músicas tem produção do seu filho Bem e reúne a nova safra de composições que se iniciou em 2016, após o músico passar por internações e uma biópsia no coração.
Veja a letra de "Ok Ok Ok":
Ok, ok, ok, ok, ok, ok
Já sei que querem a minha opinião
Um papo reto sobre o que eu pensei
Como interpreto a tal, a vil situação
Penúria, fúria, clamor, desencanto
Substantivos duros de roer
Enquanto os ratos roem o poder
Os corações da multidão aos prantos
Alguns sugerem que eu saia no grito
Outros que eu me quede quieto e mudo
E eis que alguém me pede “encarne o mito”
“Seja nosso herói”, “resolva tudo”
Dos tantos que me preferem calado
Poucos deles falam em meu favor
A maior parte adere ao coro irado
Dos que me ferem com ódio e terror
Já para os que me querem mais ativo
Mais solidário com o sofrer do pobre
Espero que minha alma seja nobre
O suficiente enquanto eu estiver vivo
Ok, ok, ok, ok, ok, ok
Ainda querem a minha opinião
Um papo reto sobre o que eu pensei
Como interpreto a tal, a vil situação
Que o nobre, nobre mesmo, amava os seus
Prezava mais o zelo e a compaixão
Tratava seu vassalo com afeição
A mesma que pelo cão e o cavalo
Então não falo, músico e poeta,
Me calo sobre as certezas e os fins
Meu papo reto sai sobre patins
A deslizar sobre os alvos e as metas
Ok, ok, ok, ok, ok, ok
Sei que não dei nenhuma opinião
É que eu pensei, pensei, pensei, pensei
Palavras dizem sim, os fatos dizem não
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