Por que os filmes da Pixar são sempre tão bons? Entenda a "fórmula mágica"
Os números da Pixar impressionam tanto quanto a qualidade de seus filmes. O estúdio de animação americano, que em 2006 foi adquirido pela Disney, ganhou 19 Oscars, oito Globo de Ouro e 11 prêmios Grammy.
Mais do que sinônimo de estatuetas, as produções são exemplos de beleza, criatividade e o mais alto acuro técnico. Mais de 1.200 funcionários são responsáveis por criar o universo mágico por trás de franquias como “Toy Story”, “Procurando Nemo” e “Os Incríveis”, sucessos de crítica e público.
O novo “Os Incríveis 2”, que estreou na última quinta (28) no Brasil e já é sucesso de bilheteria no mundo, comprova que a fórmula da Pixar continua imbatível, mesmo após o escândalo de assédio sexual que culminou com a demissão do chefão John Lasseter.
Veja abaixo seis pontos determinantes para o sucesso do estúdio.
Roteiro
Este tópico resume o principal atributo de todos os longas da Pixar. Fugindo de lugares comuns e soluções fáceis para as histórias, os roteiros do estúdio são excelentes. Há menos segredo do que talento e experiência dos produtores. Eles costumam obedecer regras básicas para cativar público e criar empatia. De acordo com a roteirista Emma Coates, é possível sintetizar o sucesso das histórias pela preocupação com o desfecho na construção narrativa. “Você só vai saber sobre o que a história se trata até chegar ao fim dela”, publicou Emma nas redes sociais, aconselhando roteiristas iniciantes: “Defina um final antes de definir o meio da história. Sério. Finais são difíceis, tenha o seu como prioridade.”
Personagens demasiadamente humanos
Figuras espontâneas, carismáticas e emotivas mesmo quando recorrem à racionalidade. A identificação é a chave para o sucesso da Pixar, e os personagens são as grandes estrelas. Eles são desenvolvidos com extremo cuidado em todas as suas características. E isso acontece mesmo com vilões e antagonistas. “O personagem precisa ser admirado pelo seu esforço, não apenas por suas conquistas”, escreveu Emma Coates, frisando que a psicologia conta e muito na criação do personagem. Outra razão do sucesso: eles são cativantes e extremamente responsivos ao serem desafiados. “Nos dê um motivo para torcer pelo personagem. O que acontece se ele não tiver sucesso? Faça com que as chances disso sejam pequenas.”
Temas universais... e humanos
Amor, morte, memória, paternidade, frustração, solidão, envelhecimento. Esses temas universais, aplicados a universos peculiares, conduzem alguns dos filmes de maior bilheteria da Pixar e da história da animação. É fácil se identificar com os dilemas e situações das histórias, sempre tocantes e pontuadas por imaginação e poesia. A fórmula diverte e emociona crianças e adultos. Se você estiver indo ao cinema ver algo da Pixar, é recomendável levar uma caixa de lenços. Se não usá-la, certamente irá emprestar para alguém.
Histórias que só podem ser contadas em animação
Universos complexos, com piadas visuais e “efeitos de câmera” únicos, que jamais poderiam ser explorados em longas live-action. A Pixar usa e abusa dos recursos do formato, uma regra básica para qualquer animação de qualidades. Se a melhor forma de contar uma história não é pela animação, o estúdio nem sequer cogita o argumento filme. O apelo visual é sempre certeiro, muitas vezes conferindo leveza a histórias que poderiam ser muito mais pesadas e difíceis de assistir. É um mundo mágico e fascinante.
Qualidade técnica
Sinônimo de tecnologia de ponta, a Pixar, ex-subsdiária da Apple, revolucionou a história do cinema ao popularizar as animações 3D, desenvolvendo o software de renderização que virou padrão da indústria. Com o sucesso de “Toy Story” (1995), o estúdio passou a atrair os melhores profissionais das áreas de animação e computação gráfica, levando a qualidade visual a patamares jamais imaginados. O acuro técnico é tanto que os filmes são desenvolvidos por anos até chegar aos cinemas, obedecendo a um calendário rígido, que nem sempre conta com lançamentos anuais.
John Lasseter, o "Disney moderno"
O figurão foi acusado de assédio e conduta inapropriada no ambiente de trabalho e terminou afastado e demitido da Pixar e da Disney. Apesar da merecida punição, é preciso reconhecer o talento do diretor e produtor. Egresso da Disney, ele está por trás de todos os filmes do estúdio. Entre outros feitos, ele fez a primeira animação produzida totalmente por computação gráfica, criou uma nova dramaturgia para a um gênero ainda muito preso a contos clássicos, e ajudou a desenvolver uma linguagem extremamente realista. Seu DNA está tanto nos longas e curtas da Pixar quanto nas mais recente produções da Disney e seu legado deve ser perpetuado pelos novos diretores Pete Docter e Jennifer Lee.
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