Como um figurão de Hollywood se envolveu em morte por mumificação sexual
Skip Chasey é um nome conhecido nos bastidores de Hollywood. Como vice-presidente de negócios da William Morris Endeavor, sempre transitou entre as celebridades do cinema. No entanto, sua vida particular acabou se tornando assunto após uma tragédia cruzar seu caminho. O site The Hollywood Reporter desmebrou a história.
No dia 20 de novembro do ano passado, Skip postou uma mensagem no Facebook. "Eu acabei de passar por uma perda traumática. Preciso me afastar e passar um período de luto. Eu voltarei, prometo. Mas, por enquanto, ficarei recluso", escreveu. Sendo uma pessoa popular, o agente recebeu 130 comentários que ofereciam apoio. Mas nenhuma delas questionava o que teria realmente acontecido.
Aos 62 anos, Chasey tem uma vida paralela à sua carreira no cinema bem ativa. Adepto de várias práticas de sadomasoquismo, ele é popular no segmento. Uma rápida busca no Google o revela em vídeos dando entrevistas e até um perfil no site Leatherpedia, um guia especializado para os praticantes.
Conhecido no meio como "Mestre Skip", ele tem um calabouço no subsolo de sua casa. E foi lá, no dia 20 de novembro de 2017, que ele acabou vendo um de seus parceiros perder a vida.
No relatório feito pela polícia, assinado pelo investigador Jerry McKibben, ele descreve o local: "O porão tem todo o estilo de um calabouço de sadomasoquismo. O quarto é equipado com tatame no chão, uma cruz, uma cadeira de couro, uma maca e uma jaula de metal. As prateleiras nas paredes têm chicotes, bengalas, máscaras e cordas de todos os tipos. Muitos acessórios. No teto há vários ganchos".
A múmia de Doran George
O artigo descreve Doran George, de 47 anos, como uma figura pequena e frágil com 1,67 m de altura e 58kg. Ele conheceu Skip em abril de 2017 e se tornou frequentador de seu calabouço. Barry Shils, namorado de George, acredita que os dois se conheceram pela internet. Em seu relacionamento aberto, ele, que não é ligado no sadomasoquismo, aceitava que o parceiro buscasse o prazer na prática com outras pessoas.
"'Você vai ver o Master Skip? Ele vai te espancar hoje?' Eu era terrivelmente ingênuo sobre isso. Na minha cabeça era uma bobagem tipo '50 Tons de Cinza'", afirmou.
George era britânico e dava aulas na universidade UCLA há 15 anos. Ele era dançarino e um artista que realizava performances ousadas. Em uma de suas obras, vemos o artista preso numa espécie de tumba de tijolos. Em outra, ele é suspenso na parede com fita adesiva enquanto é observado pelo público.
Segundo a polícia, Doran George chegou ao endereço de Skip Chasey por volta das 14h30. Os dois desceram para o calabouço às 16h. A partir daí, os dois iniciaram um complexo ritual sexual.
Skip colocou duas peças em George: uma corrente em torno de seu pescoço e uma espécie de jaula posicionada em volta do pênis e dos testículos da pessoa que a impede de ter ereções. Ambas as peças possuem cadeados. A chave fica com o mestre, que decide ou não se a pessoa poderá ter uma ereção.
Depois disso, George foi enrolado várias camadas de plástico e fita adesiva em um ritual de mumificação sexual.
Às 18h20, Chasey, segundo o inquérito, afirmou que George "não estava reagindo". Ao examinar o parceiro com mais cautela, percebeu que ele não estava respirando.
Ele então ligou para a emergência e cortou todo o plástico e fita que envolviam Chasey, mas era tarde demais.
Os paramédicos chegaram minutos depois e o encontraram no chão, já sem os aparatos de sadomasoquismo. Houve uma tentativa de reanimar o artista, mas ele não respondeu aos estímulos. Sua morte foi pronunciada às 18h35.
"Morte súbita durante mumificação sadomasoquista recreacional"
Esta é a causa da morte determinada no inquérito do instituto médico legal de Los Angeles. Os exames ainda detectaram a presença de GHB no sangue de Chasey. A substância, ácido gama hidroxibutírico, é uma droga depressora, que reduz a velocidade das funções do corpo. Os documentos mostram que a quantidade era pequena, apenas 1/10 do que seria necessário para deixar alguém inconsciente.
O corpo do artista apresentava costelas quebradas - possivelmente causada pelo procedimento de massagem cardíaca - e algumas lacerações na região do pênis causadas pela jaula. Não havia sinal de violência.
Shils, namorado de George, disse que ficou surpreso ao saber da droga em seu sangue. "Nem maconha ele fumava. Se estava com dor de cabeça, ele não tomava nem um analgésico. Só usava homeopatia", afirmou.
John Duran, advogado contratado por Chasey logo após a morte de George, o instruiu a não falar sobre o assunto com ninguém na imprensa e no trabalho. Um comunicado da William Morris Endeavor limitou-se a dizer que a empresa "aguardaria o desenrolar dos fatos para avaliar a situação e tomar as medidas apropriadas".
Os investigadores da polícia de Los Angeles não encontraram elementos suficientes para tratar o episódio como um assunto criminal e encerraram o caso.
"Sinto por sua perda"
O advogado de Chasey afirmou que seu cliente chegou a entrar em contato com o parceiro de George, Shils, por e-mail, para lamentar a perda.
"Ele não tentou fugir ou assumiu nenhuma conduta que o faça se sentir culpado", disse.
Shils, por sua vez, afirmou que segue de luto pela morte súbita de seu parceiro. "Eu estou sofrendo, eu bato em mim mesmo. Nunca nos meus sonhos mais loucos eu imaginaria que ele terminaria morto".
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