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Vinny vira filósofo, abandona carreira de cantor e recusa até Faustão

O cantor Vinny agora se dedica a um programa de TV - Divulgação
O cantor Vinny agora se dedica a um programa de TV Imagem: Divulgação

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

29/06/2018 14h12

O sucesso de “Heloísa, Mexe a Cadeira” mudou a vida de Vinny e o colocou como um dos nomes de maior sucesso da música brasileira na década de 1990. Mas a vida como cantor e compositor, ficou para trás. Não que ele renegue o que viveu, ou que não fale de música atualmente, muito pelo contrário. Mas há cinco anos surgiu um outro Vinny. Agora, o enfoque está em sua formação acadêmica, ainda que ele a use principalmente em um programa de TV que mistura música com seu novo assunto preferido: filosofia.

Vinny, hoje com 51 anos, diz que as pessoas ainda veem com espanto sua aposentadoria da música. Mas ela não é nova. “Já estou aposentado há cinco anos, completamente afastado. Faz mais ou menos uns cinco anos desde o meu último disco, e desde então me dediquei à vida acadêmica”, explicou ele.

O agora “ex-cantor” se formou filósofo pelo Instituto COC, em Ribeirão Preto. Em seguida, fez mestrado em ciências sociais pela Universidad Nacional de La Matanza, da Argentina. Hoje está estudando psicologia.

vinny - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Vinny se formou em filosofia e fez mestrado em ciências sociais
Imagem: Arquivo Pessoal

Vinny explica que sua decisão não tem a ver com desilusões com a música. “Muito pelo contrário, a música me deu tudo que sempre quis. Conquistei tudo o que almejei, só tenho agradecimentos. No momento mais áureo da carreira, eu nem voltava pra casa, emendava uma turnê na outra, mas já tinha ideia de que ia acontecer. Nem todos os artistas vão fazer isso a vida toda”, explica ele.

“O meu motivo para me aposentar é que realmente eu consegui extrair tudo o que eu precisava e queria. Meus sonhos foram realizados. Eu não tenho esse desejo de ficar velhinho, tocando. É uma coisa minha”, adicionou Vinny.

A distância do mundo musical, como artista que faz performances, fez Vinny inclusive dizer não a programas de TV. Um deles foi o "Domingão do Faustão". De acordo com o cantor, ele foi convidado a participar do quadro “Ding Dong”, mas preferiu manter seu afastamento da cena.

“Já tem algum tempo, veio esse convite da produção. Logo que eles iam lançar o quadro, pensaram em mim. Agradeci muitíssimo, tenho amigos muito queridos lá, mas já não estou interessado em cantar e fazer publicidade do que foi feito. Mas não é algo importante, acho o quadro bem legal, as pessoas gostam de rever coisas que fizeram muito sucesso. As pessoas gostam, eu gosto, mas não para eu ir”, explicou.

A fama com seu "mexe a cadeira" ainda é motivo de orgulho para Vinny: “Foi um fenômeno. Então, se as pessoas me conhecem por causa disso, a família agradece, é ótimo, é maravilhoso. Mas tenho mais coisas pra fazer, quero me realizar com outras coisas também.”

Falando de música

Apesar de não tocar, Vinny fala muito de música em seu programa na TV Music Box Brazil. No “Estúdio Cabeça”, ele convida músicos e artistas para entrevistas e tenta abordar temas complexos, polêmicos ou paradoxais, usando o que aprendeu na filosofia para incrementar o conteúdo dos debates. A segunda temporada, já gravada, estreia em setembro.

“Ali entrevisto meus amigos e artistas, sempre levando um tema que tenha relação com música, como racismo e liberação da maconha. É legal, porque posso entrevistar artistas de quem sou fã. Falamos com gente, como a Isabella Taviani e a Angela Ro Ro. Falamos sobre homofobia, com a Angela, que talvez seja a cantora que mais sofreu com isso”, contou Vinny, empolgado.

Vinny diz que pensou em ser professor, após cursar filosofia, mas, como o mercado paga pouco e a matéria perdeu espaço no ensino, acabou preferindo dar sua contribuição no programa que apresenta.

Sobre os palcos, ele só abre uma exceção para voltar a ser cantor e músico com o Vinny Rockabilly Trio. De forma despretensiosa, eles mandam um rock das antigas na casa de Vinny ou em outros espaços menores, com o autor de “Heloísa, Mexe a Cadeira” cuidando dos vocais e do contrabaixo acústico.