Valéria Barros, de As Mineirinhas, lança novo disco e agradece ao feminejo
Quem não conhece os bastidores da carreira da cantora sertaneja Valéria Barros, que nos anos 80 e 90 vendeu milhares de discos com a sua prima Sandra, na dupla As Mineirinhas, pode achar que ela abandonou a carreira musical, assim como ocorreu com tantas outras cantoras sertanejas que tentaram a sorte naquela época.
Mas a poderosa voz grave de Valéria Barros, a Diva dos Modões, nunca se calou, embora a dupla tenha acabado no início dos anos 2000. Neste mês, aos 48 anos, ela lança “Amigos e Modão (Ao Vivo)”, já disponível em todas as plataformas de streaming. O disco marca seu retorno aos palcos como artista principal, após ficar dez anos como backing vocal da dupla Guilherme & Santiago.
“Comecei a carreira aos 11 anos, em 1980, e fiquei traumatizada em fazer programas de TV”, revela. “Era muito complicado. Tinha um apresentador de TV, que não vou contar quem é, que sempre perguntava se poderia acontecer ‘algo a mais’ entre a gente. Foi difícil superar. Mas nunca aconteceu nada além disso”, afirma. “Cantora sertaneja não tinha ‘boa fama’”, completa.
Mas o assédio que Valéria Barros sofreu não era algo isolado. “Todas as cantoras sertanejas daquela época passaram por isso. Havia muito preconceito. A música sertaneja era muito machista. Não tínhamos espaço nas rádios, na TV, em lugar nenhum. Daquela época, uma das poucas que estão na ativa até hoje é a Roberta Miranda”, conta.
Para a cantora, a pior fase da sua carreira foi entre 2002 e 2005. Em 2002, seu irmão e empresário Emerson, o Tigrão, morreu. “Todas as portas começaram a fechar para mim e eu quase desisti. Em 2005, meu marido, Claudio Marcelo, trabalhava com a dupla Guilherme & Santiago e eu fui trabalhar com eles como backing vocal”, lembra.
“Eu sempre amei cantar e a chance de excursionar com a dupla me permitiu fazer o que eu amo”, diz. Foi neste período que Valéria Barros também conseguiu dinheiro para pagar a universidade do filho, hoje com 30 anos, que é cirurgião plástico. “Ele é médico mas também é um excelente músico e sanfoneiro”, diz orgulhosa.
Feminejo
De lá para cá muita coisa mudou no mercado sertanejo e o retorno de Valéria reflete também uma mudança de comportamento na sociedade. “Nós abrimos caminho para as novas cantoras sertanejas e o sucesso delas me incentivou a voltar. Elas também são guerreiras. Quebraram os tabus. Tenho muito orgulho do sucesso do feminejo”, diz.
O novo álbum, lançado pela Talismã Music, do cantor Leonardo, tem o jeitão pop desses trabalhos lançados pelas novas cantoras sertanejas, porém sem se afastar das suas raízes caipiras. Com 21 faixas, sendo três inéditas (“Copo Esvaziando”, “Alcolizando o Sentimento” e “Eu Bebo no Balcão”), o disco conta com a participação de vários convidados especiais, como Leonardo, Eleuza, Trio Parada Dura, Santigo, Bruno & Marrone, Eduardo Costa, Gusttavo Lima e Bruna Viola.
“Sou uma cantora caipirona e prezo sempre pela boa música”, afirma. Das novas cantoras sertanejas, a que ela mais admira é Marília Mendonça, com quem gostaria de fazer um dueto no futuro. “Ela tem uma voz de lamento que lembra muitas cantoras da minha época”.
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