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"Westworld" tem mais a ver com "Lost" do que você imagina

Robert Ford (Anthony Hopkins, à dir.) com Dolores (Evan Rachel Wood) e Teddy (James Marsden) em cena da primeira temporada de "Westworld" - Divulgação
Robert Ford (Anthony Hopkins, à dir.) com Dolores (Evan Rachel Wood) e Teddy (James Marsden) em cena da primeira temporada de "Westworld"
Imagem: Divulgação

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

19/06/2018 04h00

ATENÇÃO: O texto abaixo contém pequenos spoilers de "Westworld" e "Lost". prossiga por sua conta e risco

“Westworld”, que encerrará sua segunda temporada neste domingo (24), tem funcionado quase como uma sucessora espiritual de “Lost”. Cheia de mistérios, a superprodução da HBO vai semana a semana construindo uma trama sofisticada entremeada com pistas e revelações que tornam a série surpreendente – e fazem os espectadores saírem em disparada atrás de pistas e teorias na internet.

Com certeza não é mera coincidência: JJ  Abrams, criador de “Lost”, é produtor executivo de “Westworld”, que, em vez de uma ilha, concentra sua ação (e seus questionamentos filosóficos) em um complexo de parques habitados por androides assustadoramente similares a humanos.

A comparação pode causar arrepios naqueles espectadores ainda descontentes com o final de “Lost”, que chegou ao fim em maio de 2010, após seis temporadas e muitas (muitas mesmo) questões não resolvidas. Mas “Westworld”, até o momento, tem uma vantagem: ela vem entregando respostas quase na mesma proporção em que levanta mistérios, de uma forma que sua antecessora nunca fez, e com um texto mais refinado.

Para você ver que não estamos brincando quanto às duas séries, separamos as semelhanças entre elas na lista abaixo. Confira:

James Delos em "Westworld" - Divulgação - Divulgação
James Delos em seu "bunker" em "Westworld"
Imagem: Divulgação

O bunker

O quarto episódio da segunda temporada, “The Riddle of the Sphinx”, trouxe o que talvez seja a mais clara referência a “Lost” já feita em “Westworld”. Ele começa com James Delos em um apartamento de decoração clean e moderna, onde ele executa sua rotina diária: coloca música para tocar, prepara o café da manhã e faz exercícios em uma bicicleta ergométrica.

A sequência é muito parecida com uma das mais icônicas da série dos anos 2000: aquela em que somos apresentados a Desmond, logo no começo de um dos episódios da segunda temporada. O personagem surge também executando uma série de tarefas mundanas no que, mais tarde, se revelaria como um bunker no meio da ilha.

As diferentes linhas do tempo

A essa altura do campeonato, já deve estar claro para qualquer um que acompanha “Westworld” que a série trabalha com diferentes linhas do tempo. O recurso só foi explicitado na reta final da primeira temporada, em 2016 – e uma das diversões da segunda tem sido situar os eventos, como um quebra-cabeça.

Já “Lost” trabalhou desde o início com linhas do tempo claramente distintas, mas passou a embaralhá-las conforme seu final se aproximava, o que deixou muitos espectadores confusos.

Os homens de preto

Os homens de preto em "Westworld" e "Lost" - Reprodução e Montagem/UOL - Reprodução e Montagem/UOL
Os homens de preto em "Westworld" e "Lost"
Imagem: Reprodução e Montagem/UOL

Bem antes de William passar a aterrorizar os anfitriões de “Westworld” após suas desilusões no parque, a TV já contava com um “homem de preto” marcante – e ele era um dos principais vilões de “Lost”. O homem em questão era a versão encarnada do monstro de fumaça (você se lembra dele?) e podia assumir várias formas. Uma delas foi a de John Locke, já perto do fim da produção.

Bichos onde não deveriam estar

A segunda temporada de “Westworld” começou com uma cena que envolvia um tigre morto bem no meio do parque que dá nome à série. Mas o que raios um tigre fazia no meio de um parque que remetia ao velho oeste americano? No terceiro episódio, descobrimos que ele veio de um parque com temática indiana, o Raj.

Já “Lost” nos deixou por muito tempo intrigados com o urso polar encontrado no meio da ilha tropical. Ele era, no fim das contas, uma das cobaias para os experimentos da Iniciativa Dharma. Falando nisso, a Dharma e a Delos também são bem parecidas, não? Duas organizações das quais pouco se sabe, com operações nebulosas e intenções escusas....

*Bônus: a mesma passagem de “Alice no País das Maravilhas”

Ainda na primeira temporada de “Westworld”, Bernard pediu para Dolores ler a seguinte passagem de “Alice no País das Maravilhas”: “Ai, meu Deus! Como tudo está esquisito hoje! E pensar que ontem tudo estava normal. Será que eu mudei durante a noite?”

O mesmo trecho já havia aparecido na quarta temporada de “Lost”, lido por Jack para Aaron, o bebê de Claire. Escolha bem apropriada para duas séries misteriosas, não?

11 Comentários

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HSavio

Eu não consigo ter respeito por uma pessoa que reclama de Lost. Seja do incio, meio ou fim.

Renatonog

Eu queria saber se as pessoas que dizem não terem gostado do final de Lost realmente acreditam que todos estavam mortos desde o início da trama. Acho que é só aqui no Brasil que essas críticas ao final da série usam esse argumento bem frágil. Sim, houveram muitas questões que não foram devidamente explicadas e isso fez mal sim a alguns aspectos da série, porém por outro lado nem tudo necessariamente precisa ser detalhado numa ficção. Para quem ficou com birra da série, reveja a sexta temporada (talvez a quinta também). Quem sabe entenderá melhor o sentido de todas aquelas linhas temporais do final.

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