Prefeito do Rio é acusado de censurar peça com Jesus travesti: "Ofende os cristãos"
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), está sendo acusado de censurar uma manifestação artística sobre diversidade sexual na capital fluminense, em especial o espetáculo teatral “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”.
A peça, protagonizada pela transexual Renata Carvalho, traz a representação de Jesus Cristo como travesti e irritou movimentos conservadores pelo Brasil. O espetáculo chegou a ser cancelado pela Justiça em Jundiaí (SP) e Salvador (BA).
“O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” seria encenada no Rio este fim de semana na Arena Fernando Torres, no Parque Madureira, Zona Norte da cidade, que abrigaria a mostra Corpos Visíveis, com atividades para discutir identidade transgênero, feminismo e diversidade sexual na periferia.
Em nota, os organizadores afirmaram se tratar de um “ato de censura” de Crivella e se recusaram a cancelar a programação. Eles se reúnem na manhã desta terça-feira (6) com a prefeitura para definir os rumos do evento.
“Ofensa” x “Censura”
Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Crivella já havia vetado no ano passado a exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, programada para o Museu de Arte do Rio (MAR), após o evento ser atacado em Porto Alegre por, segundo os movimentos, incentivar zoofilia e pedofilia.
Nas redes sociais, o prefeito negou a proibição da mostra “Corpos Visíveis”, e defendeu que o evento foi cancelado devido ao fechamento prévio da arena, por conta de uma ordem judicial. No entanto, Crivella deixa claro ser contrário à realização da peça.
“O espetáculo ofende a consciência dos cristãos. Essa arena está fechada. E na minha administração, nenhum espetáculo, nenhuma exposição vai ofender a religião das pessoas. Eu não vou permitir. Enquanto eu for prefeito, vamos respeitar a consciência e a religião das pessoas”, disse, em vídeo publicado no Facebook.
Em nota, a atriz do espetáculo questiona: “Mas afinal, o que este espetáculo têm de ofensivo? É que ele equipara/ compara/ apresenta/ materializa/ assemelha Jesus de Nazaré em um corpo travesti. Jesus é a imagem e semelhança de todes (sic), menos de nós pessoas trans – é inapropriado (...)”, diz. “Chega de censura ao corpo travesti. Chega de censura na arte”.
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