Dono de hit de "funknejo", cantor encara desafio de ser aposta aos 40 anos
A mistura de funk e sertanejo invadiu a música brasileira no fim de 2017, com diversas parcerias de sucesso entre esses dois mundos. Já em 2018, uma das músicas a bombar no estilo teve Rob Nunes alcançando quase 50 milhões de visualizações no Youtube por “Como é que Faz”, junto ao funkeiro Jerry Smith. Colhendo os frutos deste hit, Rob é aposta de uma grande gravadora para ser o novo sucesso do sertanejo e encara o desafio de conseguir isso já aos 40 anos.
Depois de mais de 20 anos ralando na estrada e “comendo o pão que o diabo amassou”, o goiano Roberto Nunes mudou até de nome artístico, passando a Rob Nunes, para o projeto mais ambicioso da carreira. A virada para o cantor veio quando ele foi apresentado ao empresário Paulo César Dias Gonçalves, o PC, o mesmo que trabalhou com Gusttavo Lima, e assinou com a Sony Music.
“Ele gostou do meu trabalho, criamos uma amizade e as coisas foram fluindo. Minha vida mudou radicalmente de um ano para cá. Vim para Goiânia, descobrimos as canções do meu DVD e estamos trabalhando forte", conta Rob, que está lançando seu primeiro DVD, com participações de Gusttavo Lima, Naira Azevedo, Wagner Barreto, Tânia Mara e Jerry Smith. O áudio vem sendo disponibilizado nas plataformas de streaming -- quatro músicas por semana.
O fato de ter 40 anos é um desafio, como ele próprio destaca. Rob teve de exercitar um lado mais jovial e prestar atenção na linguagem “da galera” para se adaptar ao mercado que sua música atinge. Ele inclusive se mudou para Goiânia para perseguir seu sonho.
“Minha vida vai um pouco contra os preceitos do mercado da música. Já canto desde cedo, desde os 12 anos. Com 16, comecei a cantar profissionalmente. Tive dupla, agora estou cantando solo, são 20 anos me apresentando e vivendo da música. E há um estereótipo que pra fazer sucesso tem que ser assim ou assado. Eu venho meio que como um contraponto. Você vê o Gusttavo fazendo sucesso com 20, o Luan, com 17. O mercado prioriza jovens, não é muito normal um artista mais maduro conseguir empatia com o público jovem”, explica ele.
“Mas eu venho buscando essa informalidade. O público quer se ver representado no artista, e eu procuro, de certa forma, ser essa referência”, acrescenta ele. É o que se viu no sucesso com Jerry Smith, que estourou no começo do ano e puxou outras músicas de Rob, principalmente “Água e Ração”, que está próxima de 1 milhão de visualizações no Youtube.
O caminho agora é crescer com as músicas dele nas plataformas online e fazer um trabalho forte para o rádio. “Acho que o sucesso vem desse um conjunto. Hoje o digital é crucial, mas o que consolida o nome, na minha opinião é o rádio. O digital você escolhe, com a rádio você entra na casa das pessoas”, opina ele.
Parceria inesperada com Jerry Smith
Apesar do sucesso, o funknejo “Como É que Faz” tem uma história curiosa sobre sua criação. Originalmente, não havia participação de Jerry Smith. Mas, um encontro no estúdio acabou fazendo com que ele pedisse para gravar com Rob.
“Eu escolhi essa música para estar no DVD, no começo de janeiro. E estava gravando no mesmo estúdio onde o Jerry estava gravando umas guias dele. Quando estávamos ensaiando, entrou um fotógrafo e viu a gente cantando. Ele achou demais e queria mostrar a música pro Jerry. Eu nem o conhecia”, relata o cantor.
“Tinha até um outro cantor pra fazer essa parte. Mas concordei, porque era legal para mim, que estou começando e para ele, que queria se destacar no sertanejo. Ele adorou. Gravamos naquele mesmo dia e em dez dias lançada, ela já tinha 3 milhões de views”, adiciona.
Além do funk, ele aposta em outras influências em suas canções, inclusive da música latina, que vem fazendo sucesso nos últimos tempos mundialmente.
Comparado a Eduardo Costa e Zezé Di Camargo, Rob diz que se espelha em astros como Gusttavo Lima, Cristiano Araújo e Wesley Safadão e tem cantado músicas deles. Ele inclusive cantou com Gusttavo Lima a canção “Golpe Baixo”, registrada em um clipe do DVD ao vivo. Apesar das comparações, o cantor tenta traçar um caminho com identidade. “Tento trazer uma vertente mais sofisticada. Eu digo no sentido de cantar de uma forma que tenha identidade e uma linguagem limpa. Tento encaixar isso com toda essa experiência que tenho.”
Dificuldades e incertezas
Filho de um taxista e uma dona de casa, Rob é o caçula de 13 irmãos e diz que cresceu ouvindo alguns dos mais velhos mostrando que já tinham dotes vocais apurados. “Eu ficava com vergonha, via meio escondido, mas depois vi que fazia parecido e falei: ‘posso fazer isso também’”.
Rob cresceu em Uniflor (PR) , cidade paranaense de cerca de 2.500 habitantes, e com 14 anos foi perseguir os sonhos de cantar, deixando os estudos.
“Sempre foi difícil. Foi uma vida toda ralando, com bastante dificuldade. Sempre procurei fazer um bom show. Trabalhei no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e partes de São Paulo. Tem artistas maravilhosos que se não tem investimento certo, na hora certa, não viram. Mas sempre vivi da música”, diz ele.
“Por várias vezes viajei sem saber se ia conseguir receber pelo show, ter cachê, ou aquela insegurança de dormir pouco. Cada momento é um desafio, mas não pode parar, tem de dar um passo a mais”, diz Rob, que se vê próximo de dar subir um grau importante para entrar no rol de grandes do sertanejo.
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