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Ian McKellen diz que "homens gays não existem pra Hollywood" e que perdeu papel

Os atores Ian McKellen e Derek Jacobi cumprimentam fãs na Parada do Orgulho Gay de NY - Kathy Willens/AP
Os atores Ian McKellen e Derek Jacobi cumprimentam fãs na Parada do Orgulho Gay de NY Imagem: Kathy Willens/AP

Do UOL, em São Paulo

23/05/2018 13h26

Um dos atores mais importantes de Hollywood, Ian McKellen aceitou participar de um documentário que promete ser emocionante e tratar de temas delicados. O ator falou sobre “McKellen: Playing the Part”, dirigido por Joe Stephenson, e abordou não apenas as partes que mais o tocaram no filme, mas temas como ter revelado ser homossexual, em entrevista à “Time Out”.

McKellen foi questionado sobre o fato de o jovem Dumbledore não ser explicitamente gay no filme “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald” e se ele considera que são poucos os papéis com personagens homossexuais.

“Ele não é? É uma pena. Bom, ninguém vê os filmes de Hollywood para comentários sociais, vê? Eles só agoram descobriram que há pessoas negras no mundo. Hollywood mal tratou mulheres de todas as formas possíveis em sua história. Homens gays não existem (para Hollywood). ‘Deuses e Monstros’, eu acho, foi o início de Hollywood admitir que há gays, mesmo que metade de Hollywood seja gay”, criticou Ian McKelley.

O ator revelou que perdeu um papel por não esconder o que é. “Harold Pinter me queria em um filme de 1983, “Betrayal”, e ele me levou para conhecer o produtor, Sam Spiegel. Quando fui ao seu escritório, eu acabei comentando que ia para Nova York. Ele disse: ‘Vai levar a família’. Eu respondi: ‘Não tenho família, sou gay’. Acho que foi a primeira vez que admiti ser gay a alguém. Bem, eu estava fora do escritório em dois minutos”, relatou o ator. “Levou 25 anos para Pinter se desculpar por não se manter firme comigo. Mas jovens atores de Londres agora se revelam há anos. Este é o futuro.”

Hoje, o ator vê um cenário diferente. “Quando vou a escolas para falar sobre direitos dos gays, as crianças não acreditam nisso. Não é um problema para eles.”

Sobre o documentário, ele disse que passou 14 horas sendo entrevistado e que se emocionou algumas vezes. “Fiquei engasgado falando dos meus pais, que morreram há muito tempo. Em muitos momentos, eu não queria ter minha privacidade invadida. Mas Joe (Stephenson, o diretor) é um amigo e foi ideia dele fazer este filme. Em alguns momentos, fiquei comovido, em outros, só queria sair e fazer uma xícara de chá”, concluiu.