Cantor de forró baleado por PM passa por cirurgia e diz: "Nasci de novo"
Após ser baleado por um policial militar, em uma padaria em Teresina (PI), o cantor de forró Saulo Dugado passou por um procedimento cirúrgico e deve ficar por pelo menos 40 dias afastado dos palcos.
A confusão envolvendo Dugado e o militar (conhecido pelo nome de guerra W. Silva) ocorreu na manhã desta quinta-feira (17). O cantor se desentendeu com uma atendente e o gerente do estabelecimento, e o PM, por sua vez, tentou conter a situação. Houve discussão, troca de socos e dois tiros foram disparados pelo militar.
Segundo testemunhas, o cantor estava agressivo e já chegou destratando os funcionários do estabelecimento. Toda a discussão foi registrada em vídeo. (Assista ao vídeo acima)
Em entrevista ao UOL, por telefone, Dugado admitiu que "não estava em um bom dia", mas achou a reação do policial precipitada.
"Eu estava com o ânimo alterado e ele também. Mas acho que o PM deveria ter me chamado no canto, ter usado o bom senso e dizer 'cidadão, você está alterado, volta para o seu lugar, se acalma ou se retira'. Mas não tentar conter uma discussão do modo como ele reagiu, com socos e dando dois tiros", disse Dugado.
Após os tiros, Dugado foi levado para o hospital, onde passou por um procedimento cirúrgico --foi feita uma raspagem, mas os médicos optaram por não retirar a bala que permanece alojada na coxa.
"Eu nasci de novo, porque se [a bala] pega em um vaso [sanguíneo] eu não chegaria nem no hospital. Tenho que levantar e agradecer ao nosso Pai", afirma.
Segundo o músico, a expectativa é que ele fique em recuperação por até 40 dias (perderá entre 26 e 27 show no período, o que equivale, segundo ele, a um prejuízo de R$ 300 mil).
PM: "Não me arrependo de nada"
Chamado na corporação apenas pelo nome de guerra, W Silva se defendeu das acusações feitas pelo cantor e negou que estaria fazendo "bico" como segurança da padaria.
Ao UOL o PM alegou que só reagiu depois que o cantor ofendeu a mulheres que estavam no local e tentou agredi-lo usando uma cadeira.
"O cantor --que, aliás, eu nem sabia que era cantor-- estava agredindo mulheres, tanto fisicamente como verbalmente. Ele estava alterado, não sei se é por drogas ou uso de alguma substância, mas estava agredindo. Eu me identifiquei como policial e avisei que iria chamar a viatura", relatou o PM, que tem oito anos de trabalhos na corporação
"Ele pegou uma cadeira e tentou acertar na minha cabeça. Foi quando eu atirei no chão. E assim aconteceu. Eu simplesmente defendi as mulheres, defendi a sociedade", afirmou.
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