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Melhor formato analógico de música está voltando à tona (e não é o vinil)

A empresa Roland Schneider Precision Engineering que ressuscitar o formato da fita de rolo - Ballfinger
A empresa Roland Schneider Precision Engineering que ressuscitar o formato da fita de rolo Imagem: Ballfinger

Stefan Nicola

De Bloomberg

08/05/2018 17h09

Não é segredo que as vendas de música em vinil estejam no auge das últimas décadas. Até mesmo a humilde fita cassete está reconquistando sua popularidade, já que alguns jovens preferem a música analógica em vez dos downloads digitais e serviços de streaming.

Mas, pela primeira vez em mais de duas décadas, uma empresa alemã está ressuscitando aquele que poderia ser o melhor formato: a fita de rolo.

A Roland Schneider Precision Engineering, com sede em Dusseldorf, lançará nesta semana quatro reprodutores de fita de rolo Ballfinger, trazendo de volta uma tecnologia que dominou a gravação profissional de música durante a maior parte do século 20 e que agora está voltando à tona graças a audiófilos e artistas como Lady Gaga.

Os aparelhos elegantes, alguns deles personalizáveis, custarão a partir de 9.500 euros (cerca de R$ 40,2 mil) a versão básica e cerca de 24 mil euros (R$ 101,6 mil) o modelo mais sofisticado, que conta com três motores de acionamento direto, um sistema de edição e painéis laterais de madeira.

"As mídias digitais são ótimas, mas a experiência com a música é mais do que simplesmente ouvir um arquivo de som é algo sensorial, são bobinas que giram e que podem ser tocadas", diz Roland Schneider, que projetou o aparelho. "Em relação à qualidade do áudio, nenhuma outra coisa do mundo analógico deixa você mais perto da experiência de estar ali no estúdio de gravação do que a fita de rolo."

Fitas de rolo dominaram a gravação profissional de áudio desde o final dos anos 1940 - Ballfinger - Ballfinger
Fitas de rolo dominaram a gravação profissional de áudio desde o final dos anos 1940
Imagem: Ballfinger

Os aparelhos de Schneider causaram sensação quando ele apresentou protótipos em uma feira do setor realizada em Hamburgo no ano passado. Um designer que construiu um toca-discos de alta qualidade, relógios e um abajur de mesa inspirado na Bauhaus, Schneider passou cerca de seis anos desenvolvendo esses aparelhos. Ele diz que recebeu pedidos de distribuição de mais de 80 empresas, incluindo de companhias dos EUA, de Hong Kong e de Dubai.

As fitas de rolo dominaram a gravação profissional de áudio desde o final dos anos 1940, quando Bing Crosby ajudou a introduzir a tecnologia nos EUA, até o começo dos anos 1990, quando as tecnologias digitais chegaram com tudo porque tornavam a edição e a reprodução mais fáceis e baratas.

Hoje em dia, é provável que o número de pessoas que viu Uma Thurman escutando Urge Overkill em um reprodutor de fita de rolo no filme "Pulp Fiction" seja maior do que a quantidade de gente que já viu um desses aparelhos ao vivo.

No entanto, com uma demanda cada vez maior por música que soa diferente das gravações digitais excessivamente polidas que dominaram as paradas nas últimas duas décadas, os estúdios estão tirando a poeira de seus equipamentos analógicos e os músicos estão redescobrindo a maneira antiga de produzir músicas.

Lady Gaga, Ryan Adams e The Black Keys são apenas alguns dos artistas que gravaram músicas em fita nos últimos anos. A imprensa do setor especulou que outras fabricantes, como ReVox, poderiam seguir por este caminho para tentar reviver os dias de glória desse formato.