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Com jeitão de produção B, série sobre Karatê Kid diverte e mata as saudades

Cena da série "Cobra Kai", derivada do clássico "Karate Kid" - Reprodução
Cena da série "Cobra Kai", derivada do clássico "Karate Kid" Imagem: Reprodução

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

03/05/2018 04h00

O roteiro e a qualidade da série “Cobra Kai” não são lá essas coisas, mas quem sem importa? A eterna rivalidade entre Daniel La Russo e Johnny Lawrence, no filme “Karate Kid”, continua a mesma após 33 anos. E isso é ótimo.

O YouTube Red, serviço de streaming pago do site, estreou nesta quarta-feira (2) a série original que mostra a vida dos dois personagens três décadas depois. Ao todo são 10 episódios de 30 minutos. Os dois primeiros podem ser assistidos gratuitamente, enquanto os seguintes custam R$ 3,90 cada. Todos os episódios têm legendas em português.

Com jeitão de fanfic, “Cobra Kai” traz de volta os atores originais de “Karate Kid” Ralph Macchio e William Zabka (Daniel e Johnny, respectivamente), que continuam vivendo na mesma cidade, porém com destinos bem diferentes.

Daniel San não é mais aquele jovem franzino. Agora, ele é um bem sucedido empresário, dono de várias concessionárias de carros, com um casamento feliz e dois filhos. Por outro lado, o valentão Johnny é alcoólatra, trabalha fazendo bicos como bombeiro hidráulico e não fala com o filho adolescente há anos.

No enredo, os papéis se invertem. Johnny defende um garoto pobre que sofre bullying na escola. O menino pede que ele o ensine caratê e Johnny decide abrir uma escola de artes marciais com o mesmo nome daquela em que ele foi treinado, a Cobra Kai.

La Russo, por sua vez, está preocupado em fazer a sua loja de carros crescer. O conflito surge quando o valentão que bateu no pupilo de Johnny, coincidentemente é também o namorado da filha de Daniel San.

Um dos pontos positivos da série é seu bom humor. A vida nunca é fácil para Johnny como, por exemplo, sua academia. Após abri-la, ele tem que enfrentar a fúria do fiscal da prefeitura, que exige centenas de atestados para autorizar o seu funcionamento.

Além disso, o garoto que ele está treinando é politicamente correto e o critica quando ele esbraveja: “Você tem que ter colhões”. O garoto responde: “Desculpe, sensei, mas o senhor não está sendo sexista?”. “Que porra é essa de sexista?”, Johnny rebate consternado.

Para os saudosistas, a série mostra também vários flashbacks do passado, inclusive do professor Miyagi. Na cronologia, o professor já morreu e Daniel San sempre visita o seu túmulo. A cena do famoso chute de Daniel em Johnny é reprisada várias vezes, inclusive de ângulos que não foram mostrados no filme original. Johnny acha que aquele chute foi o responsável por desgraçar toda a sua vida.

Ironicamente, a geração de YouTubers, formada por jovens nascidos nos anos 2000, dificilmente vai se interessar por “Cobra Kai” que, em última instância, parece uma série adolescente. Por outro lado, os trintões e quarentões que cresceram assistindo "Karate Kid" na "Sessão da Tarde", da Globo, vão achar barato pagar só R$ 3,90 por cada 30 minutos de diversão.

Assista os dois episódios grátis