Melhores obras de arte do mundo podem ter sido destruídas, defende historiador
Museus são cansativos. Passe algumas horas no Louvre, no Prado, no Museu Britânico, no Met ou no Uffizi, e suas pernas ficarão pesadas à medida que sua atenção diminuir. Tem tanta coisa para ver —tantas obras-primas de tantos milênios— que é impossível absorver tudo, por mais que você tente.
Mas Noah Charney, autor do novo livro "The Museum of Lost Art" (lançamento dia 4 de maio; US$ 35), está menos interessado em todas as obras de arte que temos e mais preocupado com as obras que se perderam.
O que foi destruído, escreve ele na introdução do livro, inclui "mais obras-primas do que todos os museus do mundo juntos".
A premissa de Charney não é muito polêmica: ele argumenta que nossa compreensão da história da arte é distorcida pelo que sobreviveu e que, para entender as obras de arte que ainda temos, é fundamental colocá-las no contexto do que foi perdido. "Muitas obras perdidas foram mais importantes e celebradas do que aquelas que sobreviveram", escreve ele.
O livro "tenta corrigir esse preconceito a favor das obras sobreviventes", continua ele, "e ressuscitar e preservar a memória das que se perderam". Não é uma tarefa pequena. Antes mesmo do fim da introdução, o leitor fica imaginando como Charney conseguirá abarcar a totalidade da produção criativa da civilização em 280 páginas.
Spoiler: ele não consegue. Mas o livro não deixa de ser interessante. Consegue combinar o extenso conhecimento de Charney sobre crimes da arte com uma visão geral leve, e às vezes frívola, da história da arte. É uma espécie de guia SparkNotes sobre a destruição cultural. Em vez de tentar avaliar todas as obras perdidas, Charney escolhe alguns dos principais artefatos culturais perdidos e conta histórias vívidas sobre o destino cruel que eles enfrentaram.
Muitas formas de destruição
O livro de Charney se divide em seções como roubo, guerra, acidente, iconoclastia e vandalismo, atos de Deus, destruição pelo proprietário, enterrado e exumado. Duas seções soam mais tênues: obras temporárias (que, por definição, não estão perdidas, porque deveriam desaparecer) e uma que se chama "Perdido, ou inexistente?". Esta última inclui discussões sobre mistérios que beiram a fantasia, como a corte do Rei Arthur e Atlântida. No que diz respeito ao conteúdo, parece encheção de linguiça.
O livro é mais sólido quando discute o que acontece com obras depois de acontecimentos desastrosos, como guerras e roubos. Como tal, é instrutivo para qualquer um que esteja pensando em roubar uma obra de arte. É que o crime (relativo à arte) não compensa.
Uma advertância
Os paralelos entre a destruição de artefatos nos tempos antigos e a destruição atualmente infligida amonumentos históricos pelo Estado Islâmico e pelo Talibã são dolorosamente evidentes. Charney aborda a obliteração empreendida pelo Estado Islâmico no Iraque de Nimrud, uma cidade assíria de 3.500 anos, e menciona as monumentais estátuas de Buda de 1.700 anos que o Talibã dinamitou em Bamiyan, no Afeganistão, em 2001. Se alguém tiver tendências masoquistas, o vídeo da destruição das estátuas divulgado pela OTAN é verdadeiramente angustiante.
E isso nos leva à lição do livro de Charney. Não é, como ele nos leva a crer, que estamos perdendo o que alguma vez existiu. A verdadeira questão é que, se não tomarmos cuidado, o que sobrou —as abundantes riquezas que atualmente nos deixam exaustos no Louvre, no Uffizi, no Prado e no Met— também pode se perder.
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