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Com novo disco, Janelle Monáe diz sentir liberdade ao ser uma "mulher queer"

A cantora Janelle Monae - Getty Images
A cantora Janelle Monae Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

26/04/2018 19h10

Em seu novo disco, “Dirty Computer”, que chega ao mundo nesta sexta-feira (27), a cantora e atriz Janelle Monáe finalmente diz se sentir livre. Literalmente. Em entrevista à edição americana da revista “Rolling Stone”, Monáe confirmou os rumores sobre sua sexualidade, dizendo que já teve “relacionamentos com homens e mulheres”.

“Ser uma mulher queer [definição de pessoas que não seguem o modelo de heterossexualidade ou do binarismo de gênero] nos EUA nesse momento me faz me sentir uma filha da p*ta livre”, brincou ela, que no início se identificava como bissexual, até se deparar com outra nomenclatura. “Depois eu li sobre pansexualidade e fiquei pensando, 'Oh, essas são coisas com as quais eu me identifico'". Estou aberto para aprender mais sobre quem eu sou ".

A cantora que sempre se esquivou de perguntas sobre sua sexualidade conta que sempre incorporou a questão em músicas de seus discos anteriores. "Se você ouvir meus álbuns, está ali", diz. Ela cita "Mushrooms & Roses" e "Q.U.E.E.N.", duas canções que fazem referência a um personagem chamado Mary como objeto de afeto.

Janelle Monáe se projetou no pop em 2008 com o disco “Metropolis” e uma narrativa sobre uma personagem andróide, uma cybergirl que ela usada como persona chamada Cindi Mayweather.

À publicação, ela disse que vestia a personagem como se fosse uma armadura. “Tinha a ver com o medo de ser julgada", diz ela. "Tudo o que eu vi foi que eu deveria parecer de certa forma ao entrar nessa indústria, e eu senti que não parecia o estereótipo de artista negra", refletiu sobre a estética de seus álbuns anteriores.

Cheio de confissões mais intimista, ela diz que o novo disco é para “todo mundo que sente no ostracismo ou sofre bullying por ser diferente”. “Eu quero que jovens garotas, jovens garotos, não-binários, gays, heteros, pessoas queer que ainda estão descobrindo sua sexualidade, saibam que eu consigo vê-los”.

Prince e cinema

Um rumor, no entanto, ela fez questão de negar. Desde que “Make me Feel” foi lançado como primeiro single do projeto, muitos apontaram que a canção havia sido escrita ou tocada por Prince, amigo próximo de Monáe.

Segundo ela, o cantor, encontrado morto há dois anos, apenas acompanhou de perto o projeto no início. "Enquanto estávamos escrevendo as músicas, eu pensava: 'O que o Prince pensaria?' E eu não podia ligar para ele. É uma coisa difícil perder o seu mentor no meio de uma jornada da qual ele fazia parte. "

Nos últimos anos, Monáe se dedicou bastante ao cinema em filmes como o vencedor do Oscar “Moonlight” e “Estrelas Além do Tempo”. Em ambos as produções, ela se dedicou a personagens negras que até pouco tempo não tinha espaço na tela grande.

"Nossas histórias estão sendo apagadas, basicamente", disse ela, que lança um filme de 45 minutos para acompanhar as músicas do novo álbum. “Isso me inspirou a querer contar minha história também.”