Nu de Modigliani de R$ 520 milhões deve ser maior venda de 2018
O bilionário irlandês John Magnier, um criador de cavalos puro-sangue, venderá um nu artístico de Amedeo Modigliani estimado em US$ 150 milhões -- o equivalente a R$ 520 milhões --, maior avaliação entre as obras de arte colocadas em leilão nesta temporada, segundo pessoas a par do assunto.
O quadro "Nu Couché (sur le côté gauche)", ou "Nu deitado (sobre o lado esquerdo)", de 1917, retrata uma mulher nua, de costas e reclinada, com uma perna dobrada, olhando calmamente por cima do ombro para o espectador -- pose quase idêntica à de "A Grande Odalisca", pintada por Ingres um século antes. A obra, que antes pertencia ao magnata dono de cassinos Steve Wynn, será a estrela da venda de arte moderna e impressionista da Sotheby's em 14 de maio, em Nova York.
A temporada de leilões de maio deverá ser a maior já registrada graças à oferta de um valioso conjunto de obras-primas da herança de David Rockefeller pela Christie's. A parte superior do mercado de arte vive grande fase, e as vendas globais de obras de arte atingiram US$ 63,7 bilhões em 2017, aumento de 12 por cento em relação ao ano anterior. O quadro "Salvator Mundi", de Leonardo da Vinci, foi arrematado por US$ 450,3 milhões em novembro e se tornou a obra mais cara já vendida.
"Essa é uma das maiores pinturas modernas em mãos privadas", disse Simon Shaw, codiretor de arte impressionista e moderna da Sotheby's, sobre o Modigliani. "A escala, o poder, a sutileza, o ótimo nível de acabamento -- ele realmente se dedicou. Ele pintou para que o quadro fosse uma obra-prima."
Tate Modern
O quadro parece familiar porque imagens dele estiveram espalhadas por Londres durante meses. Ele foi capa da exposição do Tate Modern com 12 nus do artista realizada de 23 de novembro a 2 de abril.
Magnier, de 70 anos, comprou o nu por US$ 26,9 milhões na Christie's em 2003, quando foi vendido por Wynn, disseram pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para não serem identificadas porque a informação é privada.
A Sotheby's e Magnier preferiram não comentar sobre a identidade do vendedor.
Magnier é dono da Coolmore Stud, maior criadora de cavalos de corrida puro-sangue do mundo, e sua esposa, Susan, é coproprietária de um potro de três anos chamado Amedeo Modigliani. Com haras na Irlanda, na Austrália e nos EUA, a Coolmore e sua instalação de treinamento, a Ballydoyle, produziram centenas de vencedores de todas as principais corridas do mundo. Além disso, a operação é dona de cerca de 48 garanhões cujas tarifas de acasalamento variam de US$ 7.500 a US$ 125.000. As tarifas para o American Pharoah, vencedor da Tríplice Coroa, não foram divulgadas. Coolmore adquiriu os direitos de reprodução por US$ 13,8 milhões, noticiou o New York Times em 2015.
Oferta irrevogável
A Sotheby's informou que ofereceu uma garantia ao vendedor e que encontrou um cliente para respaldar a empresa com uma oferta irrevogável que garante a venda.
Assim como muitas consignações importantes para maio, a obra está sendo apresentada em Hong Kong, informou a Sotheby's. A Christie's apresentou os destaques da coleção de Rockefeller em Hong Kong, em novembro.
Outro nu de Modigliani foi vendido ao preço recorde de US$ 170,4 milhões em 2015 na Christie's. O comprador foi o Long Museum, da China, fundado pelo bilionário Liu Yiqian.
*Com a colaboração de Neil Callanan
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