Prisão, drogas e "bromance": as histórias do documentário do Barão Vermelho
Recém-disponibilizado na Netflix, o documentário "Barão Vermelho: Por que a Gente É Assim?” é um golpe de nostalgia para qualquer fã do rock brasileiro dos anos 1980. A gênese do movimento, que viveu seu ápice com a realização do primeiro Rock in Rio, é um dos chamarizes do longa comandado pela diretora Mini Kerti.
Para o deleite dos fãs do grupo, que hoje não tem mais Frejat e conta apenas com dois integrantes da formação original, há deliciosas imagens de arquivo, depoimentos e histórias. Nem tudo é inédito, mas há v[árias histórias escusas ou pouco conhecidas, que tornam o filme obrigatório para quem acompanha a música brasileira. Veja abaixo cinco delas.
Prisão por porte de drogas
O caso é conhecido, mas no documentário ganha detalhes e toques tragicômicos. Aconteceu quando o Barão estreou em São Paulo o show do álbum “Maior Abandonado” (1984). Uma denúncia anônima atraiu a polícia para hotel Hilton, onde os integrantes estavam hospedados. Os oficiais vieram armados, o que fez o baixista Dé Palmeira pensar que tratava-se de um assalto. Dois potes de maconha com 400 gramas foram encontrados. O grupo foi liberado após seus representantes pagarem fiança. Eram tempos de ditadura militar, e em um show realizado após o episódio, o público fez troça: atirou baseados e sacolés de cocaína no palco.
Frejat e Cazuza viveram “bromance”
No início do Barão, Cazuza e Frejat se aproximaram muito. A dupla capitaneava as composições do quinteto. Por causa disso, a dupla sempre se encontrava diariamente, seja na praia, onde fumavam um, ou na casa do cantor, onde se trancavam no quarto para criar músicas. A proximidade era tanta que Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, chegou a perguntar se ele e o amigo estavam namorando. "Nossa, ele só faltou me bater. Falou: 'Mamãe, você não conhece amizade. Só pensa maldade! Ele é meu amigo, meu brother", revela Lucinha no filme.
Primeiro disco, uma frustração
Com integrantes na faixa dos 20 anos (ou menos), a banda não se deu muito bem quando teve que gravar o primeiro disco. Era nítida a inexperiência do grupo, incapaz de repetir o andamento das músicas em estúdio. Cazuza errava os tempos de suas entradas por não estar acostumado a cantar sem uma banda ao vivo, ouvindo apenas a base nos fones de ouvido. Outro agravante: estúdios e produtores da época tinha muito pouca experiência em registrar a distorção das guitarras barulhentas do rock. “Levaram o disco para gente ouvir, com aquele sonzinho ‘perna’ pra caramba. Falei: ‘Tá horrível isso!”, relembra Dé Palmeira. Frejat resume: "A gravadora achava que era um disco mal-feito".
Frejat quebrou porta na cara de Cazuza
Rolou no dia em que o cantor chegou bêbado e 1h30min atrasado em um show. Pouco antes de subir ao palco, Cazuza resolveu se trancar no banheiro para cheirar cocaína. Contrariado com a situação, Frejat começou a bater na porta para que o amigo saísse logo dali para começar logo a apresentação. “Eu me encostei na porta de costas e comecei a bater com o pé”, diz o guitarrista no filme. “Quando arrombei a porta, ele estava abaixando para mexer no trinco. A porta pegou no supercilio e no lábio. Ele fez um escândalo, e ficou um tanto de gente tentando acalmá-lo. E eu fiquei sozinho, arrasado, chorando no camarim.”
Cazuza "roubou" repertório do disco
O documentário mostra que episódios como esse ajudaram a desgastar o relacionamento de Cazuza com os outros integrantes, que haviam começado a se ressentir da popularidade crescente de seu vocalista. “Plateia começou a gritar muito Cauza durante o show. A gente ficava um pouco triste, porque a gente se sentia ‘uno’ ali. O Barão Vermelho era nós cinco", conta o baterista Guto Goffi. Argumentando que queria explorar novas sonoridades, Cazuza saiu da banda no dia em que os músicos apresentaram aos executivos da Som Livre o orçamento para seu quarto disco. “Cazuza pegou o que seria o repertório, com contrato assinado, e ficou com ele. Então a gente ficou sem cantor, sem repertório, sem letrista", diz o músico. A saída repentina de Cazuza causou um racha interno na equipe do Barão. A amizade entre os músicos, no então, foi mantida. "Sempre foi uma pessoa que torceu demais pela gente", rememora Frejat.
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