Crítica: Maior erro de "Rampage" é não abraçar de vez o absurdo
Em um determinado momento de "Rampage: Destruição Total", um lobo gigantesco abre as suas asas e plana sobre o centro de Chicago, para a reação sem surpresas do primatologista Davis Okoye, vivido pelo astro Dwayne "The Rock" Johnson. "Ah, é claro que ele voa", comenta Okoye, revelando que nem ele, nem ninguém, leva o filme a sério.
Esta é a maior virtude do longa dirigido por Brad Peyton, que estreou na última quinta-feira no Brasil. Com um fiapo de enredo (um gorila, um lobo e um jacaré ficam enormes e violentos após uma experiência genética dar errado) e personagens unidimensionais, levar o filme na fanfarronice, apoiado no carisma de The Rock, é o único caminho viável para valer pelo menos a pipoca no cinema.
A diversão seria maior se Peyton abraçasse de vez o absurdo. Cenas como a do lobo voador ou a de um crocodilo engolindo um helicóptero são raras. A trama perde muito tempo ao colocar os humanos para enfrentá-los, com um pano de fundo boboca envolvendo militares e uma corporação inescrupulosa.
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Na década de 30, o King Kong original já nos ensinava em preto e branco que, se você tem um bichão na tela, o ideal é que ele enfrente um adversário ainda maior. A receita foi seguida pelos japoneses nos melhores filmes do Godzilla. "Rampage" despediça essa chance, com os três monstros gigantescos brigando apenas no clímax.
E tem Dwayne Johnson, que passa mais da metade do filme numa correria sem sentido, longe da ação. Os fãs do astro adorariam ver o grandalhão no meio dos monstros. A interação dele com o gorila George rende os melhores momentos do filme (ao lado da hilária presença de Jeffrey Dean Morgan como um agente governamental).
Com mais absurdos, "Rampage: Destruição Total" seria um filme divertido. Sem eles, virou um apenas mais uma adaptação esquecível de videogames.
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