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"Requiem", da Netflix, vem ocupar o lugar deixado por "Dark" em seu coração

Lydia Wilson em cena da série "Requiem", da Netflix - Reprodução
Lydia Wilson em cena da série "Requiem", da Netflix Imagem: Reprodução

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

07/04/2018 04h00

Sem spoilers e sem espelhos, por favor!

Uma cidade pequena afastada da capital; um desaparecimento misterioso há décadas; uma caverna estranha de onde sons ainda mais misteriosos afastam quem passa perto; um quarto servindo de prisão; dezenas de personagens e uma trama que deixa todos juntos e misturados; uma policial intrépida investigando o caso. Só um minuto, por que estamos falando de "Dark" novamente?

"Requiem" é uma série produzida pela BBC e que chegou à Netflix assim como "Dark", bem quietinha e com desconfiança. Não apenas isto, a trama reserva alguns detalhes certeiros da produção alemã, que misturou "Stranger Things", "It: A Coisa" e física avançada para jogar o expectador do presente para o passado e de volta para o futuro. 

Cena da abertura de "Requiem", série da Netflix - Reprodução - Reprodução
Cena da abertura de "Requiem"
Imagem: Reprodução

Logo na cena inicial, a série apresenta um casarão magnífico na bucólica Inglaterra. Um senhor anda pela residência e vê sombras estranhas se esgueirando nos espelhos da casa, enquanto sussurros demoníacos o perseguem. Corte rápido de câmera. O idoso se encontra no alto do telhado e mergulha para a morte. Ao fundo, um jovem sai gritando do carro tentando socorrê-lo.

Matilda Gray (Lydia Wilson) é uma promessa na música clássica, sempre ao lado do parceiro criativo Hal Fine (Joel Fry). Ela está prestes a iniciar uma temporada de concertos em Nova York, quando sua mãe, Jannice (Joanna Scanlan), corta a própria garganta na frente da filha. Perturbada, a jovem vai investigar o caso e descobre algumas fotos que a levam à mansão da cena anterior.

Largando sua carreira e com a ajuda de Hal, Matilda sente um comichão na consciência e começa a ser influenciada por tudo que a cerca, lembrando sempre de um sonho antigo em que ela se via presa em um local escuro. Após o trauma com a mãe, ela sente que alguém está a perseguindo, seja deste mundo ou da terra dos mortos.

Mais sobrenatural e menos científico

"Requiem" aposta no tema sobrenatural e refuta a ideia de "Dark" sobre as explicações científicas para desenrolar a trama, mas resgata o debate sobre religião que vimos no projeto alemão que estreou em 1º de dezembro na Netflix.

Vamos relembrar um pouco. Noah, o padre de "Dark", tem uma gigantesca tatuagem que ocupa suas costas inteiras. Trata-se de uma representação da Tábua de Esmeralda, item associado à filosofia oculta do Hermetismo. Tal estudo era reverenciado pelos alquimistas, aqueles que pregavam que todas as ações, tanto no macro quanto no micro, estão conectadas em uma esfera maior.

Cena da série "Requiem" - Reprodução - Reprodução
Rose (Claire Rushbrook) ainda não superou o desaparecimento da filha pequena
Imagem: Reprodução

A série britânica gosta de brincar com algumas dessas referências. Para não dar spoiler sobre os seis episódios da primeira (e única?) temporada, vamos apenas dizer que o oculto tem um papel fundamente tanto no desaparecimento quanto em um esqueleto de criança encontrado nas matas por um morador da região.

Outro fator importante: não há pontas soltas. Caso você tenha se incomodado com tantas ideias ainda no ar sobre "Dark" -- que já terá uma segunda temporada confirmada pela Netflix --, "Requiem" é sem enrolação. Seis episódios de uma hora cada te colocam no centro da tortura psicológica de Matilda, fazendo com que ora você a ame e ore a odeie.

Além da garota, os outros personagem que cercam o enredo também acabam prendendo a atenção de quem assiste, justamente puxando por mais um aspecto de "Dark": não há mocinhos ou bandidos. Todos estão conectados e, mesmo o senhor amável que cuida do hotel da região pode ser suspeito de algo.

"Requiem" é para aqueles que não desgrudaram do sofá em "Dark", mas também para os fãs de um bom suspense sobrenatural. Preste atenção em cada personagem e em certos detalhes da trama, que podem confundir em alguns momentos.

A dica final é correr para o "Google" quando assistir tudo para entender melhor a entidade que guarda o segredo para o misterioso desaparecimento. E não olhe para os espelhos!