"Requiem", da Netflix, vem ocupar o lugar deixado por "Dark" em seu coração

Sem spoilers e sem espelhos, por favor!
Uma cidade pequena afastada da capital; um desaparecimento misterioso há décadas; uma caverna estranha de onde sons ainda mais misteriosos afastam quem passa perto; um quarto servindo de prisão; dezenas de personagens e uma trama que deixa todos juntos e misturados; uma policial intrépida investigando o caso. Só um minuto, por que estamos falando de "Dark" novamente?
"Requiem" é uma série produzida pela BBC e que chegou à Netflix assim como "Dark", bem quietinha e com desconfiança. Não apenas isto, a trama reserva alguns detalhes certeiros da produção alemã, que misturou "Stranger Things", "It: A Coisa" e física avançada para jogar o expectador do presente para o passado e de volta para o futuro.
Logo na cena inicial, a série apresenta um casarão magnífico na bucólica Inglaterra. Um senhor anda pela residência e vê sombras estranhas se esgueirando nos espelhos da casa, enquanto sussurros demoníacos o perseguem. Corte rápido de câmera. O idoso se encontra no alto do telhado e mergulha para a morte. Ao fundo, um jovem sai gritando do carro tentando socorrê-lo.
Matilda Gray (Lydia Wilson) é uma promessa na música clássica, sempre ao lado do parceiro criativo Hal Fine (Joel Fry). Ela está prestes a iniciar uma temporada de concertos em Nova York, quando sua mãe, Jannice (Joanna Scanlan), corta a própria garganta na frente da filha. Perturbada, a jovem vai investigar o caso e descobre algumas fotos que a levam à mansão da cena anterior.
Largando sua carreira e com a ajuda de Hal, Matilda sente um comichão na consciência e começa a ser influenciada por tudo que a cerca, lembrando sempre de um sonho antigo em que ela se via presa em um local escuro. Após o trauma com a mãe, ela sente que alguém está a perseguindo, seja deste mundo ou da terra dos mortos.
Mais sobrenatural e menos científico
"Requiem" aposta no tema sobrenatural e refuta a ideia de "Dark" sobre as explicações científicas para desenrolar a trama, mas resgata o debate sobre religião que vimos no projeto alemão que estreou em 1º de dezembro na Netflix.
Vamos relembrar um pouco. Noah, o padre de "Dark", tem uma gigantesca tatuagem que ocupa suas costas inteiras. Trata-se de uma representação da Tábua de Esmeralda, item associado à filosofia oculta do Hermetismo. Tal estudo era reverenciado pelos alquimistas, aqueles que pregavam que todas as ações, tanto no macro quanto no micro, estão conectadas em uma esfera maior.
A série britânica gosta de brincar com algumas dessas referências. Para não dar spoiler sobre os seis episódios da primeira (e única?) temporada, vamos apenas dizer que o oculto tem um papel fundamente tanto no desaparecimento quanto em um esqueleto de criança encontrado nas matas por um morador da região.
Outro fator importante: não há pontas soltas. Caso você tenha se incomodado com tantas ideias ainda no ar sobre "Dark" -- que já terá uma segunda temporada confirmada pela Netflix --, "Requiem" é sem enrolação. Seis episódios de uma hora cada te colocam no centro da tortura psicológica de Matilda, fazendo com que ora você a ame e ore a odeie.
Além da garota, os outros personagem que cercam o enredo também acabam prendendo a atenção de quem assiste, justamente puxando por mais um aspecto de "Dark": não há mocinhos ou bandidos. Todos estão conectados e, mesmo o senhor amável que cuida do hotel da região pode ser suspeito de algo.
"Requiem" é para aqueles que não desgrudaram do sofá em "Dark", mas também para os fãs de um bom suspense sobrenatural. Preste atenção em cada personagem e em certos detalhes da trama, que podem confundir em alguns momentos.
A dica final é correr para o "Google" quando assistir tudo para entender melhor a entidade que guarda o segredo para o misterioso desaparecimento. E não olhe para os espelhos!
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