Musical "A Pequena Sereia" ganha sotaque baiano e meme brasileiro com aval da Disney
"Escama só de peixe", brinca o caranguejo Sebastião em uma das cenas com Ariel no musical "A Pequena Sereia", que estreia em São Paulo nesta sexta-feira (30), às 21h, no Teatro Santander. A piada com uma das frases do hit do Carnaval ("Envolvimento", de MC Loma) só poderia ser compreendida pelo público brasileiro, mas tem uma explicação. É a primeira vez que a Disney autoriza uma montagem no país sem obrigação de ser uma réplica da americana.
As adaptações deixam clara a brasilidade em vários trechos do espetáculo, mas não tiram a essência dos que viram a animação original nos cinemas há quase 30 anos ou que tiveram contato depois. Vivido por Tiago Abravanel, o Sebastião que na versão em inglês tinha sotaque jamaicano ganhou sotaque nordestino. O caranguejo e fiel escudeiro da sereia samba e fala "oxente". Ele também mostra personalidade ao chamar de "bofe" o humano príncipe Eric que fez a sereia Ariel se apaixonar.
Apesar das adaptações, a história continua a mesma. Baseado no clássico de Hans Christian Andersen, o musical conta a história da sereia Ariel que vive no fundo do mar, mas quer mesmo é viver em terra firme, junto com os seres humanos. Para isso, ela faz um acordo arriscado com sua tia, a bruxa do mar Úrsula, e parte para uma aventura ao lado dos amigos Linguado (um peixe) e Sebastião (um caranguejo) com o objetivo de conquistar o amor de um ser humano para que possa viver da forma que deseja.
"Tentamos trazer para o espetáculo vários elementos brasileiros, tanto no texto, como na linguagem corporal e no sotaque dos personagens", conta a diretora artística e coreógrafa Lynne Kurdziel-Formato, americana que já levou a peça da Broadway para outros países.
Ela cita as vitórias-régias --plantas típicas da região amazônica-- que estão em uma cena que trazia pássaros e sapos na montagem de Nova York, o samba e a batucada em "Nosso Mar" ("Under The Sea"), principal número do musical, e também alguns itens da sereia Ariel que serão típicos. "Acredito que o povo do Brasil e sua diversidade estarão bem representados tanto nos personagens principais como nos secundários", afirma.
Um caranguejo baiano
O Sebastião de Tiago Abravanel é um dos melhores representantes das adaptações para abrasileirar "A Pequena Sereia". A ideia do sotaque baiano partiu de Mariana Elisabetsky e Victor Mühletthaler, responsáveis por traduzir e adaptar textos e canções, e foi abraçado pelo ator e cantor, que deu a ginga ao personagem adaptando os movimentos e até sambando no palco.
"Foi justamente por ter um sotaque forte do Sebastião na versão original vindo da Jamaica. Buscamos um sotaque que desse a brasilidade e que tivesse uma identificação com o mar. O Nordeste com suas praias e o sotaque gostoso, com suas peculiaridades inclusive do humor, só favoreceu para o personagem ser construído", explica o ator de 30 anos, que teve outro personagem Sebastião como marco de sua carreira em "Tim Maia - O Musical".
"Todo trabalho tem sua importância na carreira de cada um. Inevitavelmente, o Tim Maia foi o divisor de águas da minha carreira. Agora estou em outras águas literalmente. Estou muito feliz e emocionado de poder contar uma história da Disney. Poder fazer parte desse universo com a liberdade que tive. Assim como no Tim Maia, tenho certeza que serei muito feliz", diz Tiago, que afirma ser psicopata por Disney desde a infância. "Meu camarim é cheio de bicho", entrega.
Uma princesa rebelde
Aos 33 anos, a protagonista Fabi Bang também destaca sua memória afetiva com a sereia Ariel. "Nunca me senti princesa, mas eu sempre me senti aventureira e rebelde, desde a época que eu assisti o filme, com 5 anos de idade. Eu nem considerava a Ariel uma princesa. O traço mais marcante da personalidade dela, para mim, era rebeldia e a ambição em buscar novos horizontes", diz sobre a atualidade que vê na personagem.
Veterana de musicais (ela ganhou bastante destaque ao atuar em "Wicked", em 2016), a atriz diz que aos poucos está encontrando a brasilidade da sua Ariel. "A Disney exige que a gente não fuja da essência da personagem. Mas eu não seria feliz como atriz se eu não pudesse imprimir a minha assinatura. Ao longo do processo a gente vai encontrando essa brasilidade, e aos pouquinhos vou temperar", promete.
Fabi Bang ainda destaca as lições que podem ser tiradas da história da sereia que queria ser humana. "Consigo fazer uma analogia muito direta, por exemplo, com um jovem ou uma criança trans que luta dentro de casa contra o preconceito, em busca da aceitação dos pais por uma coisa que fala muito mais alto do que ela. Indo contra o que ela nasceu, mas não é. Às vezes famílias muito religiosas que querem que o filho siga o mesmo caminho e o jovem não se identifica e busca uma outra espiritualidade", exemplifica.
A ideia do espetáculo é de mexer não só com a nostalgia do público adulto, mas ir além. "Essa ambição para ir atrás do que vai te fazer feliz é atemporal, vai fazer parte do contexto da vida de muita gente. Todo mundo vai se identificar", acredita a atriz, que frisa que a sereia tinha o desejo de virar humana antes mesmo de se apaixonar pelo Príncipe Eric, papel do ator Rodrigo Negrini no musical.
O objetivo da versão brasileira do espetáculo é resumida pela diretora artística e coreógrafa associada Fernanda Chamma. "Crianças e adultos se encantaram nos testes e isso é de total importância. É Disney feito para todas as idades, mas com um tempero que vai atrair o público de uma maneira interessante."
A temporada de "A Pequena Sereia" em São Paulo vai até o dia 29 de julho, ainda sem previsão para outras cidades. Com 2 horas e meia de duração (15 minutos de intervalo), o espetáculo acontece no Teatro Santander, que fica no complexo do shopping JK, às quintas e sextas-feiras, às 21h, sábados às 16h e 21h, e domingos às 15h e 19h. A capacidade do teatro é de 959 lugares. Os ingressos vão de R$ 75 (frisa balcão inteira) a R$ 280 (plateia vip inteira) e estão à venda no site da Ingresso Rápido e na bilheteria oficial do teatro.
Serviço
Musical "A Pequena Sereia" em São Paulo
Estreia: 30 de março de 2018
Temporada: até 29 de julho de 2018
Local: Teatro Santander (Complexo do Shopping JK - Av. Juscelino Kubitschek, 2041 - Itaim Bibi)
Horários:
Quinta, às 21h
Sexta, às 21h
Sábado, às 16h e 20h
Domingo, às 15h e 19h
Ingressos:
Quintas e Sextas
Frisas balcão: R$ 75,00
Balcão B: R$ 75,00
Balcão A: R$ 140,00
Frisas plateia superior: R$ 200,00
Plateia superior: R$ 200,00
Plateia VIP: R$ 260,00
Sábados e Domingos
Frisas balcão: R$ 75,00
Balcão B: R$ 75,00
Balcão A: R$ 140,00
Frisas plateia superior: R$ 220,00
Plateia superior: R$ 220,00
Plateia VIP: R$ 280,00
Classificação Etária: livre (menores de 12 anos permitida a entrada acompanhados dos
pais ou responsáveis legais)
Crianças: até 1 ano de idade não pagam se ficarem no colo. Acima disto, mesmo ficando no colo, pagam ingressos.
Duração: 2h30 minutos (com intervalo de 15 minutos)
Capacidade: 959 lugares
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